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Entenda protesto que une Rayssa, Barros e outros skatistas e pressiona COB

A maior parte dos principais skatistas de alto rendimento do Brasil, incluindo os medalhistas olímpicos Rayssa Leal e Pedro Barros, lançou hoje (12) uma campanha, articulada pela Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk), contra a fusão desta com a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP).

"Nós skatistas entendemos que a CBSk é a entidade que nos representa desde sempre. E não faz sentido para a gente ter outra federação para cuidar da nossa modalidade. É apenas a CBSk que nos representa", disse, em vídeo, Rayssa Leal, que está no Japão para disputar o Mundial de Skate Street, que começa hoje.

A discussão, que existe desde que o skate se tornou olímpico, está mais quente do que nunca. A World Skate, federação internacional que rege tanto o skate (que agora adota também no Brasil o termo 'skateboarding') quanto as modalidades sobre patins, deu até 31 de dezembro para que, nos países onde existem duas confederações ou mais, elas se transformem em uma única.

O Brasil está na lista dos que precisam resolver a situação, já que tanto a CBHP quanto a CBSk são filiadas à World Skate, que defende uma espécie de federação partidária, recentemente permitida no Brasil. CBSk e CBHP teriam gestões independentes, caixas independentes, diretorias independentes, mas debaixo de uma nova entidade que existiria só para representar o Brasil perante a World Skate. É o mesmo que acontece nos esportes aquáticos dos EUA, por exemplo.

A CBHP topa, e aceita que só dirigentes do skate tenham acesso aos recursos da Lei Agnelo/Piva, das Loterias. Mas, no skate, a ideia tem ampla rejeição. Entre os skatistas, a defesa é que cada entidade siga seu caminho.

O tema já foi levado duas vezes à assembleia da CBSk, a última delas no mês passado, quando as federações estaduais e os representantes dos atletas rejeitaram de forma unânime a fusão. O "não" à ideia é conhecido, no meio do skate, como "no merge" ("sem fusão").

A exigência da World Skate não é nova (ela foi tema da newsletter do Olhar Olímpico em 16 de janeiro, há quase um ano), mas veio à tona agora porque federação internacional detalha que, nos países onde não houver acordo até 31 de dezembro, ela mesma vai escolher uma entidade para seguir filiada. E, no processo de decisão, vai ouvir "a autoridade esportiva do país".

Subentende-se que, no caso do Brasil, essa entidade seja o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que realiza assembleia na próxima sexta-feira (15). Daí o momento dessa nova movimentação da CBSk e, por tabela, dos skatistas: pressionar o COB a dizer o que responderá à World Skate quando for perguntado. Em março, os skatistas já haviam questionado o comitê, que, segundo Duda Musa, presidente da CBSk, nunca respondeu.

"Estranhamos o silêncio do COB sobre este assunto, uma vez que seria fundamental o posicionamento firme desta entidade, não somente para prestigiar o skate, mas para assegurar a autonomia e a independência de ambas as confederações, conforme, aliás, assegura a lei brasileira. Não há dúvida de que o cenário que se desenha, caso essa obrigatoriedade de fusão seja mantida, é de extrema e indesejada insegurança jurídica, e poderá inclusive afetar outras entidades no futuro", escreveu Musa em carta endereçada a outros presidentes de confederação.

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Musa, pessoalmente, se indispôs tanto com o comando do COB, se colocando como a voz mais ativa da oposição ao grupo do presidente Paulo Wanderley, quanto com a World Skate, que é administrada por dirigentes oriundos da patinação. O cartola brasileiro chegou a ser suspenso pela World Skate depois de reclamar publicamente da retirada de um Campeonato Mundial do Rio de Janeiro. No caminho contrário, Moacyr Junior, presidente da CBHP, tem ótima relação tanto com o COB quanto com a World Skate.

É nesse contexto que se deu as postagens dos atletas hoje. Se, de um lado, o patins leva vantagem no aspecto político, o skate tenta compensar mostrando, a partir da opinião de skatistas importantes, que não quer ter de se submeter aos cartolas da patinação.

"Deixar que o patins comece tomar conta do skate por desentendimentos com um membro dessa família, como a CBSk, chega a ser infantil! Não gostam do trabalho que eles estão fazendo, reivindiquem, se expressem, tomem ações, agora, por favor, não vamos deixar o patins tomar conta do skate! Skate competitivo olímpico, político que seja, mas é skate, e assim como eu tem muitos skatistas fazendo o corre desse lado através das competições, Olimpíadas para trazer uma melhoria pro todo da nossa família! O agora tá aqui, e ele pode ser o começo de um futuro com mais harmonia", escreveu Pedro Barros.

As postagens usam as hashtags "Somos todos CBSk" e "Somos todos skateboarding" e marcam o perfil do Time Brasil. Dos grandes skatistas do Brasil, só Kelvin Hoefler, prata olímpico, não se posicionou no Instagram. Ele não quis fazer parte da seleção brasileira e tem competido internacionalmente por conta própria, representando o Brasil.

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