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Olhar Olímpico

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Natação: Só um revezamento atinge critério e time do Mundial vira problema

Bia Dizzoti antes de largada para prova de natação - Satiro Sodré/CBDA
Bia Dizzoti antes de largada para prova de natação Imagem: Satiro Sodré/CBDA

02/06/2023 19h53

Só um dos sete revezamentos 'olímpicos' do Brasil, o 4x200m feminino, alcançou os critérios estabelecidos pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para participar do Mundial de Natação de Fukuoka (Japão), em julho. Como a competição é classificatória para os Jogos Olímpicos de Paris, a entidade sofre pressão para flexibilizar as exigências.

Levando em consideração que a confederação tem restrições financeiras e a viagem ao Japão é bastante cara, o conselho técnico da CBDA definiu que só seriam convocados revezamentos que pudessem brigar por medalha no Mundial. O critério é: a soma dos tempos dos quatro convocáveis no Troféu Brasil deveria ser inferior à marca do revezamento quinto colocado no Mundial passado.

Apenas as mulheres dos 200m metros livre alcançaram isso, formando um time com Maria Fernanda Costa (1min57s76), Stephanie Balduccini (1min59s05), Nathalia Almeida (1min59s84) e Gabi Roncatto (2min00s33). Mafê e Gabi já estavam classificadas em outras provas, então só Stephanie e Nathalia vão ao Mundial pelo revezamento, e elas podem nadar outras provas, porque fizeram índice em outros eventos.

O grande problema é que o 4x200m livre masculino não se classificou. Fernando Scheffer nadou muito bem (1min46s28) o Troféu Brasil, abaixo do índice para os 200m livre, com Murilo Sartori (1min47s07) ficando a um centésimo do necessário. Luiz Altamir (1min47s59) foi o terceiro e Guilherme Costa (1min48s18) o quarto. Com essas marcas, o Brasil seria sexto no Mundial do ano passado — naquela competição, ficou em quarto.

Mais do que deixar de brigar por uma medalha no Mundial, não levar o 4x200m para o Japão seria perder uma chance de botar mão na vaga olímpica. Além dos medalhistas de Fukuoka, vão a Paris os 13 melhores tempos nos Mundiais de 2023 e de 2024. Se não for agora ao Japão, a equipe terá que ir pressionada ao torneio de fevereiro do ano que vem, que foi encaixado de forma estranha no calendário.

Ainda que seja bem mais caro ir a Fukuoka do que a Doha, faz muito mais sentido levar os revezamentos ao Japão e deixar encaminhada a vaga olímpica onde for possível. Com isso, os nadadores que quiserem simplesmente não participarem do Mundial de 2024, focando na seletiva olímpica, poderiam fazê-lo sem prejudicar a equipe.

Claro que não vale para todas as provas. Faria sentido levar tanto o 4x100m livre masculino (que fez marca para repetir o sétimo lugar do Mundial passado) e quanto 4x100m livre feminino (que seria oitavo). Entre os homens, Guilherme Caribé e Marcelo Chierighini já estão garantidos na equipe e a delegação só ganharia, de extras, Victor Alcará e Felipe Ribeiro. Para o feminino, seria necessário chamar Ana Vieira, Celine Bispo e Gigi Diamante.

Faltando um dia para o Troféu Brasil acabar, o Brasil já tem 12 atletas classificados em provas individuais, limite estabelecido pela CBDA. Amanhã (3) serão disputadas as provas de 50m livre, 200m costas, 1.500m livre feminino, e 800m masculino. Se alguém fizer índice, quem perde vaga no Mundial é Kayke Mota.

O critério para definir quem será convocado é a sobreposição do tempo feito no Troféu Brasil sobre o ranking mundial de 2022. Kayke fez só a 25ª marca nos 100m borboleta. Depois, a fila do corte tem Gabrielle Assis (200m medley) e Bruna Leme (200m peito), as duas grandes surpresas da seletiva. Os três seriam estreantes no Mundial.

Nesta sexta, além de Scheffer e Mafê, Stephan Steverink, do Flamengo, fez índice nos 400m medley. Brandonn Almeida mais uma vez não se classificou. Nas provas de 50m estilo, o critério era fazer o tempo do quinto colocado do Mundial. Ninguém havia alcançado essa marca nos 50m peito e, nesta sexta, isso se repetiu nos 50m costas e 50m borboleta.

Índices e ranking após o quarto dia:

Gabi Roncatto (400m livre) - 12ª - também classificada nos 800m livre e 4x200m livre
Maria Fernanda Costa (400m livre) - 14ª - também classificada nos 200m livre e 4x200m livre
Leo de Deus (200m borboleta) - 16º
Viviane Jungblut (800m livre) - 16º
Guilherme Costa (400m livre) - 17º
Fernando Scheffer (200m livre) - 17º
Guilherme Caribé (100m livre) - 19º
Marcelo Chierighini (100m livre) - 20º
Stephan Steverink (400m medley) - 20º
Gabrielle Assis (200m peito) - 21º
Bruna Leme (200m medley) - 21º
Kayke Mota (100m borboleta) - 25º

Stephanie Balduccini (4x200m livre)
Nathalia Almeida (4x200m livre)