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Olhar Olímpico

REPORTAGEM

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Marrocos busca feito raro na história da África em esportes coletivos

15/12/2022 04h00

A disputa pelo terceiro lugar de uma Copa do Mundo pode significar pouco para quem sonhava com o título, mas vale muito para a seleção de Marrocos. Se vencer a Croácia, no sábado, a equipe pode alcançar o melhor resultado de qualquer time africano em Campeonatos Mundiais adultos de esportes coletivos olímpicos. Até hoje, as campanhas mais marcantes terminaram com um quarto lugar, uma vez no hóquei sobre a grama, e duas no handebol.

Africanos brigando por medalhas em modalidades coletivas é algo raríssimo. A exceção é o rúgbi, em que a África do Sul, especialmente, tem bastante tradição. Os sul-africanos são tricampeões mundiais, sendo inclusive os atuai campeões, e ainda têm duas medalhas de bronze.

O Mundial de Rúgbi (ou Copa do Mundo, como também é chamada) é disputado por equipes na versão XV, com 15 jogadores em cada time, enquanto o rúgbi olímpico é na versão sevens, de sete atletas por time, bem mais ágil. Ainda que o nome seja o mesmo, as modalidades são tão diferentes quanto futebol e futsal, por exemplo.

Entre as modalidades que hoje são olímpicas, a melhor campanha de um time africano foi exatamente da África do Sul no rúgbi sevens, mas em 1997, quase duas décadas antes da estreia como esporte olímpico. Em 2009, o Quênia foi bronze.

De resto, o recorde é dividido entre três equipes que foram quartas colocadas em Campeonatos Mundiais. Duas dessas ocasiões foram no handebol masculino. O Egito vinha de três campanhas entre os oito primeiros quando foi quarto colocado no Mundial de 2001, na França. Como o Marrocos na Copa, perdeu da França na semi. Depois, em 2005, na Tunísia, o próprio time da casa foi quarto. Desta vez, com derrota para os franceses na decisão do bronze

Além deles, o recorde também é dividido pelo Quênia, que foi quarto colocado na primeira edição do Mundial masculino de hóquei sobre a grama, em 1971, em um torneio com 10 equipes. Na pior das hipóteses, se perder da Croácia no sábado, o Marrocos iguala essas três equipes.

De resto, os africanos passam longe do pódio nos Campeonatos Mundiais de modalidades olímpicas coletivas. No basquete, o Egito foi quinto no primeiro Mundial masculino, em 1950, que só contou com 10 equipes, e tanto a Nigéria quanto Angola ficaram em nono na edição de 2006, caindo nas oitavas de final. No feminino, a Nigéria foi até as quartas em 2018, perdendo dos EUA.

No vôlei masculino, Camarões foi 13º no Mundial de 2010. No feminino, as melhores campanhas, numericamente, foram 16º lugares, em competições com 16 times. Em 2022, o Quênia foi 19º. No handebol feminino, Angola chegou até as quartas de final no Mundial de 2011, disputado no Brasil. No polo aquático, a África do Sul já foi 12ª colocada no masculino e 13ª no feminino.

Nos Jogos Olímpicos, com um número menor de equipes nas disputas, o que aumenta a chance de uma zebra, os bons resultados são menos raros. No futebol, que tem competição sub-23 nas Olimpíadas, a África já ganhou cinco medalhas, sendo duas de ouro, com Nigéria (1996) e Camarões (2000). A Nigéria tem mais uma prata (2016) e um bronze (2008), e Gana tem um bronze (1992).

É africana uma das maiores zebras da história das Olimpíadas, o ouro no hóquei sobre a grama feminino em Moscou-1980, em edição marcada pelo boicote ocidental. E, no Rio, em 2016, a África do Sul foi bronze no torneio masculino de rúgbi sevens.

De resto, todas as medalhas olímpicas africanas são em esportes individuais, ainda que em provas coletivas, como as de revezamento no atletismo e na natação.