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Vôlei: Repleta de Chiquititas, seleção renovada enfrenta 1ª prova de fogo

Seleção brasileira feminina de vôlei comemora ponto contra a China na Liga das Nações - FIVB/Divulgação
Seleção brasileira feminina de vôlei comemora ponto contra a China na Liga das Nações Imagem: FIVB/Divulgação

13/07/2022 04h00

Pela primeira vez desde que Fabiana, Sheilla, Paula Pequeno e companhia levaram a seleção feminina de vôlei ao primeiro dos seus dois ouros olímpicos, José Roberto Guimarães verá hoje (13), às 9h (de Brasília), sua seleção alinhada para um duelo decisivo de Liga das Nações (antiga Liga Mundial) sem nenhuma campeã olímpica no grupo. Até então realizada a conta-gotas, a renovação do time veio de forma radical nos últimos 12 meses e enfrentará sua primeira prova de fogo no duelo contra o Japão, às 9h, pelas quartas de final do torneio.

Na comparação com o time que disputava a mesma fase no ano passado, não estão mais na equipe as campeãs olímpicas Tandara, Natalia, Sheilla, Dani Lins, Adenizia e Fê Garay e as medalhistas Bia, Carol Gattaz e Camila Brait. Sem nove de suas principais jogadoras, o treinador confiou às cinco que restaram a responsabilidade de liderar um elenco formado especialmente por ex e atuais "Chiquititas", como vêm sendo chamadas as jovens que defendem o Barueri.

Das 20 atletas escaladas na Liga das Nações, 11 ganharam visibilidade no projeto de Zé Roberto Guimarães. Como o clube não está entre os mais ricos do país, quase todas saíram para equipes que ofereceram melhores condições salariais, reencontrando o treinador na seleção.

Em Ancara, na Turquia, essa nova geração terá sua primeira prova de fogo. Depois de passar em segundo lugar pela fase de classificação, com apenas duas derrotas —para EUA e Itália—, o Brasil estreia o novo formato da Liga das Nações, que agora tem quartas de final. A seleção precisa vencer para defender uma sequência de 13 edições seguidas chegando até a semifinal, no mínimo. Foram seis títulos, cinco vice-campeonatos e um bronze neste período.

"A fase de classificação foi muito positiva para o time. Tivemos uma evolução boa. Assimilamos bem as derrotas e focamos na busca por evolução. Conseguimos crescer individualmente e como equipe a cada jogo. Temos um grupo jovem, que está em formação e criando a cara de uma equipe. O Zé teve a oportunidade de testar todo o grupo e isso mostrou que estamos no caminho certo. Agora, será muito importante para nós enfrentar uma fase eliminatória", avalia a central Carol, uma das poucas veteranas do time.

Se há um ano o elenco tinha média de idade de 30 anos, agora só quatro são trintonas: as levantadoras Macris (33) e Roberta (32), a própria Carol (31) e Pri Daroit (33), ponteira que não jogava pela seleção desde 2013, incomodou Zé Roberto com pedidos de dispensa, mas reconquistou a confiança dele para voltar à seleção neste momento de renovação. Além delas, só podem ser consideradas experientes as medalhistas olímpicas Gabi e Rosamaria, ambas de 28 anos.

De resto, o grupo é formado por jovens buscando espaço. É o caso, por exemplo, das líberos Nyeme (23) e Natinha (25). "Eu e a Nyeme estamos no mesmo nível. Com uma ou outra em quadra, o time se mantém no mesmo padrão. Estamos brigando por posição e isso é positivo para o crescimento das duas e do time. Quem o Zé escolher para começar o jogo vai fazer um bom papel", aposta a mais velha, recentemente anunciada como reforço do Osasco.

Para esta fase final, Zé Roberto surpreendeu ao relacionar Lorenne como uma das duas opostas. Jogadora de 26 anos, destaque da primeira geração de Chiquititas, ela ganhou a disputa com Lorrayna, mas a tendência é que Kisy seja a titular. Na ponta, além do trio Gabi, Daroit e Rosamaria, o treinador apostou em Ana Cristina, 18 anos, caçula do time, e em Julia Bergmann, destaque do vôlei universitário dos EUA e que, depois da Liga das Nações, vai voltar à faculdade, rejeitando jogar o Mundial.

Para ter duas líberos, Zé Roberto abriu mão da possibilidade de contar com quatro centrais. Levou só três para Ancara: Carol, Lorena, outra Chiquitita, e a novata Julia Kudiess, de apenas 19 anos, jogadora do Minas, que ganhou espaço na última semana da fase de classificação e se destacou tanto no ataque quanto no bloqueio.

Se vencer o Japão —time que fazia ótima campanha até ir muito mal na última semana—, o Brasil enfrenta quem vencer de EUA x Sérvia, que jogam às 12h30. As americanas lideraram a fase de classificação, frente da seleção brasileira, mas os dois times ficaram na mesma chave semifinal para beneficiar a Turquia, dona da sétima campanha, mas que está organizando o torneio. As turcas fecham as quartas de final, amanhã, contra a Tailândia. Antes, Itália e China se enfrentam.