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Olhar Olímpico

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Erro da CBAt faz brasileiro chegar à Espanha após campeonato começar

Fernando Balotelli, do decatlo, prova do atletismo - Divulgação
Fernando Balotelli, do decatlo, prova do atletismo Imagem: Divulgação

20/05/2022 17h45

A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) está sendo duramente criticada por atletas nas redes sociais depois de não conseguir levar a tempo dois decatletas para o Campeonato Ibero-American. Fernando Ferreira, conhecido como Baloteli, chegou à pista em Alicante, na Espanha, quando a competição já havia começado. Felipe dos Santos nem chegou a viajar. No total, cinco atletas foram prejudicados.

O Ibero-Americano está marcado para Alicante há meses, para acontecer neste fim de semana, e a lista de convocados é conhecida desde 1º de maio, quando fechou o período de classificação estipulado pela CBAt. Mesmo assim a confederação não comprou passagens aéreas para os atletas que competem com vara. Ou seja: Balotelli e Felipe, do decatlo (o salto com vara é uma das 10 provas), Juliana Campos, Isabel Demarco de Quadros e Abel Curtinove.

A entidade alega que prorrogou o período de classificação até 1º de maio, duas semanas além do previsto, para atender pedidos de atletas e treinadores. Apesar do tempo curto, a convocação só saiu em 4 de maio, com os atletas tendo até 6 de maio para confirmar a convocação. Segundo a confederação, a compra de passagens começou em 9 de maio.

E aí, teve dificuldades de encontrar passagens para a Espanha. "Em função da pouca disponibilidade da malha aérea e do posicionamento das companhias aéreas em relação ao transporte das varas teve dificuldades para o embarque dos implementos de cinco atletas", disse a entidade, em nota.

A situação é comum no salto com vara. O usual é a confederação comprar passagens em aviões grandes e os atletas tentarem embarcar com a vara negociando com a companhia aérea no aeroporto. Se tudo dá errado, compete-se com uma vara emprestada.

Mas a confederação desta vez não comprou passagens. A delegação brasileira embarcou na quarta-feira para a Espanha, mas os cinco atletas que fazem salto com vara ficaram para trás, o que foi noticiado pelo portal Olimpíada Todo Dia e gerou forte burburinho entre atletas e treinadores. Só depois disso é que a confederação dialogou com os cinco prejudicados e combinou de levar Juliana e Isabel para a Espanha para elas competirem lá com varas emprestadas, nesta sexta — Juliana foi prata com 4,30m, 11 centímetros a menos do que fez no Troféu Brasil doa ano passado.

Balotelli também quis viajar e entrou em um avião ontem (19). Mas o voo atrasou e, entre ele chegar em Madri e pegar um trem até Alicante, a competição começou. Quando chegou no local de prova, já não dava mais tempo de ele participar. Felipe optou por participar de outra competição na Espanha em junho, com despesas pagas pela CBAt. Abel Curtinove preferiu nem viajar.

O Ibero-Americano é caminho importante para o Mundial. O atletismo distribuiu vagas por um ranking mundial que combina o resultado de um atleta em determinada prova, sua classificação nela, e o grau de importância do torneio. Assim, resultados feitos nele valem mais, para quem busca uma vaga no Mundial pelo ranking, do que os feitos em eventos nacionais. Além disso, no decatlo, um atleta compete poucas vezes no ano, por causa do esforço físico. Para competir em Tenerife, Felipe possivelmente não poderá disputar o Troféu Brasil de Atletismo, que também será em junho.

A CBAt, porém, minimizou o ocorrido. "A delegação que foi ao Ibero-Americano é ampla e o problema foi pontual, com o embarque das varas, equipamento usado no salto com vara, envolvendo a viagem de cinco atletas", comentou, pontuando que "lamenta demais o ocorrido".

"Essas foram as condições oferecidas para mim e não poderia deixar de tentar. As medidas cabíveis já estão sendo tomadas" escreveu Balotelli no Instagram. A reportagem não conseguiu contato com ele.