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Olhar Olímpico

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Sem Rafaela, judô brasileiro terá de improvisar para brigar por medalha

11. 11.ago.2016 - O relacionamento de Rafaela Silva e Thamara já é antigo, mas veio a público quando a judoca faturou medalha de ouro nos Jogos do Rio 2016 - Reprodução/Geraldo Bubniak/AGB
11. 11.ago.2016 - O relacionamento de Rafaela Silva e Thamara já é antigo, mas veio a público quando a judoca faturou medalha de ouro nos Jogos do Rio 2016 Imagem: Reprodução/Geraldo Bubniak/AGB

17/06/2021 04h00

Desde que a prova mista por equipes foi incorporada ao programa dos Jogos Olímpicos, quatro Mundiais foram disputados. E o Brasil ganhou medalha em três deles, sendo uma de prata e duas de bronze. Em tese, a competição é uma ótima chance para o time brasileiro ir ao pódio nos Jogos de Tóquio, mas uma ausência, em especial, atrapalha bastante os planos.

A prova mista do judô é disputada nas categorias leve, médio e pesado. Depois de dois ciclos olímpicos classificando 14 atletas para os Jogos, desta vez, o Brasil só conseguiu 13 vagas e a ausência é exatamente no peso leve feminino, até 57kg, a categoria de Rafaela Silva.

Campeã olímpica no Rio, Rafaela foi flagrada em exame antidoping no Pan de 2019 e, antes de ser suspensa, ajudou o Brasil a ganhar o bronze por equipes no Mundial realizado logo depois. Suspensa por dois anos, ela está fora dos Jogos de Tóquio, ainda que tenha terminado o ranking na zona de classificação.

Sem poder contar com Rafaela, a comissão técnica da seleção passou a correr contra o tempo para colocar outra judoca na zona de classificação. Ketelyn Nascimento fez mais de 1.900 pontos de meados de 2019 para cá, mas ela carregava só 3 pontos da primeira metade da janela válida para a corrida olímpica. Não entrou na zona de classificação e até poderia ter pegado a vaga continental, mas o Brasil também não classificou ninguém em uma categoria masculina e a cota foi usada lá.

"A gente buscou o processo de maturação da Ketelyn Nascimento, mas não foi o suficiente para alcançar os pontos e isso, com certeza, enfraquece nossa equipe", admite Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ. Todo esse cenário deixa o Brasil sem uma atleta de 57kg para escalar na competição por equipes, pois só quem conseguiu vaga individual pode participar do torneio por equipes.

Sem Ketelyn, vencedora na luta que deu o bronze ao Brasil no Mundial em Budapeste, domingo (13), será necessário improvisar. O caminho mais lógico é que Larissa Pimenta, da categoria até 52kg, enfrente atletas cinco quilos mais pesadas. "A Larissa tem todas as condições de lutar na categoria peso leve, fazer uma boa competição e defender a equipe brasileira", assegura Ney Wilson.

Outra possibilidade, bem mais difícil, é que Ketleyn Quadros, bronze em Pequim 2008 e quinta colocada no Mundial, baixe de categoria para competir por equipes, uma vez que ela luta entre atletas de até 63kg. Nessa hipótese, ela teria que perder seis quilos, no mínimo, em cinco dias. "A gente tem que arguir ainda a federação internacional se pode descer. Não tem explícito no regulamento que o atleta não possa. Se não houver problema de preparação para a prova individual, se a atleta estiver disposta e se for possível fazer isso sem comprometer a saúde dela, é uma possibilidade a se discutir", afirmou o dirigente.

Em Tóquio, devem lutar a prova por equipes pelo Brasil também Eduardo Barbosa (73kg), Rafael Macedo (90kg), Rafael Silva (+100kg), Maria Portela (70kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg). Se quiser, o Brasil pode escalar atletas mais leves, como Daniel Cargnin (66kg), que vem em melhor fase do que Barbosa.