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Olhar Olímpico

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Barrado na Europa, atletismo brasileiro busca atalho para levar 50 a Tóquio

Mariana Marcelino obteve boa marca no martelo no Troféu Brasil e ainda busca vaga olímpica - WAGNER CARMO/CBAt
Mariana Marcelino obteve boa marca no martelo no Troféu Brasil e ainda busca vaga olímpica Imagem: WAGNER CARMO/CBAt

12/06/2021 04h00

O atletismo brasileiro pode ter uma delegação de 50 atletas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, daqui a seis semanas. Mas, para isso, é preciso colocar os atletas para competir, o que tem sido difícil no cenário de pandemia. Faltam eventos na América do Sul e a Europa, de forma geral, está com as portas fechadas para os brasileiros, a não ser que os atletas concordem em ficar duas semanas em quarentena. A solução deverá ser realizar duas competições em Bragança Paulista (SP) ainda em junho.

Para Tóquio, a World Athletics (antiga IAAF), federação internacional de atletismo, criou um novo critério de classificação. Vão à Olimpíada aqueles que atingirem o índice mínimo, mais forte que o usual, e as vagas restantes serão atribuídas a partir de um ranking diferente, que leva em consideração a média de cinco resultados de cada atleta. Esses resultados são bonificados a partir da importância do evento e da classificação final do competidor.

Hoje, 23 atletas brasileiros têm índice, sendo 19 homens e apenas quatro mulheres. Mas, considerando as vagas garantidas dos revezamentos 4x100m masculino e 4x400m misto, além dos atletas que estão bem classificados pelo ranking, a delegação chegaria a 51 nomes. Tamanho recorde para uma Olimpíada no exterior.

Para aumentar a chance de classificações pelo ranking, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) está planejando realizar dois meetings, eventos de um dia só, em Bragança Paulista (SP), nos próximos dias 20 (domingo) e 23 (terça-feira). Por falta de dinheiro para premiação, esses eventos devem ser classificados como de nível D, valendo 40 pontos para o campeão —contra 100 do Troféu Brasil, campeonato nacional, disputado esse fim de semana.

Não é muito, mas é mais do que o Campeonato Paulista, por exemplo, que está na contagem de vários brasileiros por falta de outros eventos. Os meetings teriam apenas provas em que atletas nacionais têm chance real de se classificarem para Tóquio pelo ranking.

Meninas só torcem

Para o revezamento 4x100m feminino, porém, não há mais o que fazer. A equipe correu bem tanto no Mundial de 2019 quanto no Mundial de Revezamentos deste ano, mas foi eliminada de ambas as competições por ter pisado na linha que separa as raias na pista. Comemorou duas vezes a vaga olímpica, e perdeu ambas.

Existem 14 equipes classificadas por esses Mundiais e duas vagas abertas pelo ranking, que nesse caso considera apenas o melhor resultado. O Brasil aparece em primeiro nessa repescagem, mas não há mais expectativa de competir, porque as brasileiras não conseguem entrar na Europa sem se submeterem a uma quarentena prejudicial à preparação. E uma prova para ser válida para o ranking nos revezamentos precisa ter equipes de três países. Assim, só resta torcer contra as rivais.

Nigéria e Canadá são os dois países que podem tomar uma vaga do Brasil. As duas equipes competiram nos Estados Unidos há duas semanas, com as nigerianas ficando a 0s02 do melhor tempo das brasileiras, feito no Pan de Lima, e as canadenses 20 centésimos atrás. Até o fim do período de obtenção de índices, em 29 de junho, só uma dessas duas equipes pode correr abaixo de 43s04.

Troféu Brasil sem índices

Dos 23 atletas com índice para a Olimpíada pelo Brasil, só 13 se inscreveram no Troféu Brasil, campeonato nacional. Quem está treinando e competindo na Europa (como Núbia Soares) ou nos Estados Unidos (como Rosângela Santos) permaneceu onde estava.

A competição começou quinta-feira à tarde e vai até domingo, com sete etapas. Após as três primeiras, nenhum índice obtido, apenas resultados relevantes para buscar vaga pelo ranking, como é o caso de Mariana Marcelino, no martelo, e de Ketiley Batista, nos 100m com barreiras. Nos 100m rasos masculinos, Paulo André Camilo venceu com 10s09, apesar de forte vento contra.