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Olhar Olímpico

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Rodrigo Pessoa não reconhe presidente da CBH e vê 'esculacho' no hipismo

Divulgação/CBH
Imagem: Divulgação/CBH

03/02/2021 09h00

Principal ídolo do hipismo brasileiro, Rodrigo Pessoa está inconformado com os últimos acontecimentos na modalidade. Na semana passada, duas assembleias paralelas, uma dentro de um salão e outra no corredor ao lado, elegeram dois presidentes diferentes para comandar a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). O presidente Ronaldo Bittencourt deu posse ao seu aliado, Kiko Mari, que não é reconhecido pelas principais federações estaduais e por diversos cavaleiros, como o próprio campeão olímpico.

"Eu não considero ele presidente. Acho que está completamente aberto até a lei decidir quem cumpriu ou quem não cumpriu as regras para ser eleito ou não ser eleito. A gente tem que esperar o juiz decidir o que está certo, o que está errado. É prematuro reconhecer um vencedor, ninguém foi eleito. Seria bom resolver essa fanfarra rapidamente para a gente saber com quem vai trabalhar", diz Rodrigo.

Direto dos Estados Unidos, onde atualmente mora, ele está pedindo ajuda de órgãos superiores para resolver a questão. Ontem (1), ligou para o belga Ingmar De Vos, presidente da Federação Internacional de Hipismo (FEI), que lhe disse que não vai reconhecer nenhum presidente da CBH até uma decisão judicial definitiva. Ainda esta semana, vai escrever uma carta ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), também pedindo providências.

Eu como Rodrigo Pessoa, pessoa física, como campeão olímpico, vou escrever uma carta para o COB. Isso daqui está uma bagunça. A gente tem uma Olimpíada daqui a 200 dias e a gente tem que se preparar. A confederação tem que inscrever os cavaleiros, fazer seleção. Quem é o técnico? Quem vai decidir quem é o técnico? Eles estão brigando pelo poder, mas a gente está brigando por Olimpíada."

Sobre a complexa briga política da CBH, Rodrigo se irrita principalmente com a proibição que a presidente da federação do Rio (Feerj) votasse, sob a alegação de que Alejandra Fernandez nasceu em Portugal e tem cidadania espanhola. "Dizer que uma presidente de federação não é apta a votar quando 15 dias antes você viaja para esse estado e tenta pegar os votos dela? Peraí, ela mora no Brasil há 40 anos, tem dois filhos brasileiros, está em processo de naturalização. É por esse caminho que você quer ganhar? Essa jogada não está certa. Até 15 dias atrás ela era brasileira, quando foram pedir voto dela."

Alejandra foi impedida de votar quando começou a assembleia da CBH, em um hotel do Rio, na sexta-feira, depois de um pedido apresentado pela chapa de situação — ela declaradamente apoiava a oposição — com base em um artigo do estatuto da CBH que proíbe que pessoas nascidas no exterior componham os poderes da confederação. Há o entendimento, porém, que quem compõe a assembleia é a Feerj, não a pessoa legalmente eleita para presidir a federação. Além disso, uma diretoria da CBH é argentina.

Além do Rio de Janeiro, também foram impedidas de votar as federações do Espírito Santo e de Alagoas, aliadas da oposição. A CBH chegou a a avisar que proibiria São Paulo de votar, porque a federação paulista fechou o ano de 2020 sem pagar um boleto de R$ 2,7 mil, mas a Justiça garantiu à FPH o direito de votar. O grupo de situação também tentou impedir o voto de uma representante dos atletas que mora na Europa e participaria virtualmente, o que foi barrado pela comissão eleitoral.

"É um puta de um esculacho. É pegar por palhaço e brincar com a democracia. Isso no fim das contas não está certo. Por isso eu não reconheço a presidência. Não é correto com os cavaleiros, proprietários, com os criadores, com os apaixonados pelo esporte. Não sei por que chegou nesse ponto. Não sei por que eles estão apelando desse jeito. Imagino que tem coisa que vai sair. Ninguém briga tanto pelo comando de uma confederação", avalia Rodrigo. A CBH soltou nota no fim de semana justificando os fatos relativos à eleição.