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Olhar Olímpico

Suplicy, deputada e atletas se unem para barrar concessão do Ibirapuera

11/12/2020 04h00

O vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT) e a deputada Mônica Seixas da Bancada Ativista (PSOL) vão protocolar hoje (11) uma representação no Ministério Público de São Paulo pedindo a nulidade da lei que autoriza a concessão do Complexo Esportivo do Ibirapuera e a suspensão do todo processo de concessão. Diversos atletas e dirigentes esportivos também vão assinar a representação, que será anunciada em entrevista coletiva pela manhã com a presença virtual dos medalhistas olímpicos Maurren Maggi, Joaquim Cruz e André Domingos.

A concessão foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas o terreno é municipal, cedido ao Estado em 1943 com a condição que este mantivesse ali uma estrutura exclusivamente esportiva. "É de rigor concluir que a Lei Estadual nº. 17.099/19 autoriza a ser concedida área que não pertence ao Estado de São Paulo, sim à Prefeitura de São Paulo, portanto, deve ser declarada nula", exigem o vereador e a bancada de deputados.

"Como se pode deduzir por qualquer ângulo que se analise a presente questão, há sérios indícios que tornam o Estado de São Paulo ilegítimo para capitanear qualquer concessão da área, simplesmente porque não é proprietário da mesma", continua a representação. Entre outros pontos levantados, está a "mudança do uso e da finalidade principais do terreno". No entender dos atletas e dos parlamentares, o complexo "deixará de ser um local público de promoção da prática esportiva para ser transformado em um espaço privado para fins comerciais".

Eles lembram que, apesar de o complexo ser esportivo, nenhuma entidade esportiva foi consultada sobre a concessão. "Nos relatórios apresentados, consta consulta direta ao chamado 'show business', que determinou a necessidade da construção da arena multiuso com capacidade para 20 mil pessoas e do centro comercial e gastronômico", lembra a assessoria de Suplicy.

As federações só foram chamadas quando o Condephaat estava para avaliar a abertura de um estudo de tombamento, há duas semanas. Em uma reunião virtual, o secretário de Esporte, Aildo Rodrigues (Republicanos), apresentou uma carta já pronta que elas poderiam assinar para defender que o complexo não fosse tombado. Depois, a carta passou a ser usada pelo governo como um aval à concessão.

Pelo modelo referencial, o complexo ficaria apenas com quatro quadras poliesportivas recreativas, uma de tênis, também recreativa, e uma pista de skate. O Conjunto Aquático com piscina olímpica e tanque de saltos, o principal estádio de atletismo do país, dois ginásios, duas quadras cobertas, o Palácio do Judô e diversas quadras de tênis seriam destruídos para a construção de uma arena multiuso, que só teria esporte 18 dias por anos, e diversos prédios comerciais, entre shopping, hotel, escritórios, estacionamento e até um clube com quadras, academia e piscina privadas.