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Olhar Olímpico

Joanna Maranhão descarta candidatura a vereadora por mestrado na Bélgica

Joanna Maranhão, Luciano Correa e Caetano - Reprodução
Joanna Maranhão, Luciano Correa e Caetano Imagem: Reprodução

26/08/2020 12h02

Joanna Maranhão está fazendo as malas para, no domingo (30), depois de passar por teste de Covid-19, deixar o Brasil com o marido Luciano Correa e o pequeno Caetano, que recentemente fez seu primeiro aniversário. A ex-nadadora, formada em Educação Física, vai cursar mestrado na Bélgica e ficará na Europa por pelo menos dois anos.

Ela foi aceita em um dos cursos de especialização mais desejados do esporte mundial, o mestrado em Ética e Integridade no Esporte, conhecido pela sigla MAiSI. O curso tem seu primeiro semestre em Leuven (Bélgica), o segundo em Praga (República Checa), o terceiro em Mainz (França) ou Barcelona (Espanha) e o quarto em qualquer uma das faculdades que fazem parte do programa - há também escolas da Grécia, da Suécia e do País de Gales.

"Essa proposta veio no ano passado. Estava no site do IOB (Instituto Olímpico Brasileiro, ligado ao COB) e achei esse mestrado que a bolsa era para atletas olímpicos. Estava grávida e sempre tive vontade de estudar fora. Quando tinha 17 anos fui estudar na Universidade da Flórida e não consegui, fiquei oito meses e voltei, e sempre fiquei com vontade. Na minha cabeça não ia passar porque estava grávida e não foi o que aconteceu. Passei, fiz o exame de proficiência, passei, mas aí o Caetano fez um pré-natal e tinha suspeita de Lúpus, depois descartada. Mas fiquei muito agoniada e entendi como sinal que não era para ir", conta Joanna.

Naquela época, ela já estava trabalhando na Secretaria Municipal de Esportes de Recife (PE) e, Luciano era técnico da base do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte (MG), e os dois tentavam encontrar um denominador comum. Quando a quarentena juntou a família, eles perceberam que não havia condições de continuarem distantes. E como não havia emprego para Luciano em Recife, nem para Joanna em BH, a Europa voltou a ser opção.

"Nesse meio tempo o professor mandou e-mail perguntando se eu tinha de novo interesse em aplicar para a vaga. A gente conversou, eles falaram que a carta de motivação tinha animado muito eles, e eu decidi aplicar de novo. Fiquei pensando: como que uma oportunidade dessa bate duas vezes? Daí a gente começou a sonhar com isso", ela lembra. Nesse meio-tempo, Luciano tomou a dura decisão de se desligar do Minas, depois de 20 anos no clube, onde já havia sido promovido a treinador da equipe principal.

"A gente estava muito bem nos nossos trabalhos, mas em cidades diferentes. A gente que é atleta de rendimento entra o mercado de trabalho muito tarde. Eu sou olímpica, mas não tenho tanta experiência quanto outras pessoas têm. E eu não tive oportunidade de investir no meu currículo porque estava treinando para ir para quatro Olimpíadas. Então a gente vai se jogar nisso, mesmo sabendo que é muito arriscado", conta.

Nessa de "se jogar", Joanna temeu ter que viajar sozinha. É que ela já tinha o visto para permanecer na Europa e comprou passagem para embarcar no próximo domingo. Mas Luciano e Caetano não tinham a autorização (visto de reunião familiar), que só saiu depois de uma verdadeira corrida contra o tempo esta semana. O desmame que Joanna temia ser forçado pela distância do filho por uns dias, até que saísse a documentação, não será necessário. "Isso era uma questão que ia bater: como Caetano ia sentir que eu ia sumir da vida dele?", questiona.

Para a viagem dar certo no domingo, antes a família vai precisar testar negativo para Covid. Depois, já na Bélgica, eles terão que ficar 14 dias dentro de casa, em quarentena. Luciano já contatou equipes belgas para se juntar a treinamentos.

Política por enquanto não

Quem acompanha o Diário Oficial do Recife viu que Joanna Maranhão foi exonerada do seu cargo na Secretaria de Esporte há duas semanas, no limite de desincompatibilização para concorrer a uma cadeira de vereadora na capital pernambucana pelo PSB. Naquele momento, com Luciano e Caetano sem visto de permanência na Europa, ela ainda cogitava a candidatura.

"Cogitei, obviamente. As duas coisas chegaram ao mesmo tempo. Eu pedi tanta oportunidade para o universo e chegaram duas. Mas não me sinto preparada no momento para legislar e fiscalizar. Eu acho que preciso de mais carcaça e esse mestrado pode ser isso. Posso disponibilizar vir para deputada estadual em 2022. Não descarto essa possibilidade", diz ela.

"Gostei muito de trabalhar na gestão pública. Trabalhar nessa gestão me deu esperança, por ir na contramão de tudo que o Brasil está fazendo ou não está fazendo", elogia. Como Joanna decidiu não se candidatar, a exoneração dela foi declarada sem efeito e ela continua empregada na prefeitura de Recife.

Ficará no cargo até o meio do mês que vem, trabalhando de forma remota por duas semanas, ajudando na transição para quem for escolhido para ocupar seu lugar e finalizando o processo de reabertura do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães, o Geraldão.