Justiça acata pedido do skate e suspende eleição de atletas no COB

A 7ª Vara Cível do Rio de Janeiro acatou um pedido da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), concedeu liminar e suspendeu a eleição da Comissão de Atletas do COB (CACOB), que deveria transcorrer na semana que vem, de segunda (24) a sexta (28). Sessenta e quatro atletas concorrem a 25 vagas.

O Olhar Olímpico havia revelado mais cedo o pedido judicial da CBKs, presidida por Eduardo Musa, ex-empresário da família Neymar e opositor do presidente do COB, Paulo Wanderley. Ainda na tarde de hoje (20) saiu a liminar, suspendendo o pleito, que, no entender da confederação de skate, deveria ocorrer somente no ano que vem.

"Nosso pleito continua sendo o mesmo divulgado em carta aberta e publicada em 29 de julho. Entendemos que o Brasil deve seguir o caminho adotado pelos Comitês Olímpico e Paralímpico internacionais, que estenderam o mandato de suas Comissões de Atletas e realizarão as eleições após os Jogos de Tóquio no ano que vem", comentou a entidade, em nota.

A decisão de realizar a eleição agora foi tomada pelos atuais membros da CACOB, dos quais a maioria concorre à reeleição. O estatuto do COB prevê que a eleição ocorra sempre durante os Jogos Olímpicos de Verão (logo, durante a Olimpíada de Tóquio) ao mesmo tempo em que define que ela deve ocorrer a cada quatro anos. A última foi em 2016, no Rio.

A CACOB resolveu a contradição marcando a eleição para agora, o que significa excluir do processo eleitoral todos os atletas que participariam pela primeira vez dos Jogos no ano que vem. Por estatuto, têm direito a voto e a ser votados os atletas que foram às duas edições anteriores (Londres e Rio, neste caso) e os atletas da atual edição. Se o pleito acontecer durante os Jogos de Tóquio, essa geração de atletas poderá votar. Se acontecer agora, não poderá, beneficiando atletas mais velhos.

O assunto é especialmente caro ao skate porque a modalidade estreia nos Jogos Olímpicos em Tóquio. Assim, com a eleição agora, nenhum skatista poderá votar ou ser votado. O juiz Daniel Schiavoni Miller se sensibilizou e concedeu a liminar.

"Conquanto haja previsão de que a eleição da CACOB deva ocorrer a cada quatro anos, também está consagrada nas normas a época de realização, coincidente com o ciclo olímpico, o que tem em vista princípios de alta envergadura, cuja efetividade seria negada, resultando em que a participação de todos os atletas, nos termos regulamentares, seria postergada por tempo superior à eventual e excepcional distensão dos mandatos em curso", apontou.

A eleição da CACOB não influencia na escolha dos atletas que votarão na eleição do COB, em novembro. O atual mandato vai até o ano que vem e, com base no Estado de Emergência decretado pela pandemia, esses mandatos poderiam ser prorrogados por mais três meses, até agosto de 2021, quando vai acontecer a Olimpíada.