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OPINIÃO

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A licença poética no país do futebol é crime

Vítor Pereira começa a ser perseguido por ter sido... honesto e frontal - Marcello Zambrana/AGIF
Vítor Pereira começa a ser perseguido por ter sido... honesto e frontal Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

23/05/2022 08h22

De virgens ofendidos(as) e egocentrismo o futebol brasileiro está repleto. É um transbordamento frequente de falsa modéstia. A honestidade e a frontalidade de forma pública custam caro.

Vítor Pereira é o mais novo alvo do mal que muitas vezes nos domina: a falta de interpretação ou de ter o que fazer. Ao criticar, e bem, o comprometimento de Róger Guedes, o português disse que "também queria treinar o Liverpool e, se pudesse, ia correndo".

De 1910 a 2022, de Osvaldo Brandão a Tite, o Corinthians já teve mais de 100 treinadores. Todos hoje se pudessem escolher estariam no lugar do alemão Jurgen Klopp na equipe inglesa.

Podemos - e devemos - discutir o impacto das palavras de Vítor Pereira, mas falar em falta de respeito ou organizar um linchamento em praça pública é descontextualizar a realidade. Não faz sentido cobrar e punir sinceridade com a mesma intensidade, especialmente quando a maldade está apenas nos olhos de quem julga.

Também português, frontal e honesto, o rival Abel Ferreira falou recentemente e sem qualquer desprezo no Palmeiras que "Rony é nota 7 com bola, se fosse 9 ou 10 estava no Barcelona". Alguém discorda?

O universo da bola não gira em torno do Brasil ou do clube que amamos. Infelizmente, a licença poética no país do futebol é crime.