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Luís Rosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palpiteiro, serei colocado à prova na final da Liga dos Campeões

10/06/2023 04h00

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O sorteio das quartas de finais da Liga dos Campeões definiu que um dos finalistas sairia entre Bayern de Munique, Chelsea, Manchester City ou Real Madrid. Como tenho a tribuna do UOL com lugar de fala e total liberdade, apontei que desses quatro clubes sairia o campeão desta edição do torneio.

É óbvio que, principalmente, depois que sobraram como semifinalistas o time inglês e o clube espanhol, o maior campeão da competição, que levantou o troféu 14 vezes, disse nos programas da casa que se tratava de uma final antecipada.

Cauteloso, não quis arriscar logo de cara qual clube seria o vencedor desse confronto. Deu empate na ida em Madri. Na volta, apostei, convicto, em vitória do time de Pep Guardiola sobre Carlo Ancelotti.

Ao longo dos jogos, sempre que eu citava que desse caminho sairia o campeão, a maioria dos leitores que deixaram os seus comentários contrários à minha opinião foram cordiais, mas sempre há, infelizmente, aqueles que sobem o tom, com ataques desproporcionais, por não sabem lidar com o debate de ideias e que, convenhamos, não vai mudar em nada no mundo do futebol se eu acertar, o que é mais provável, ou errar.

Então, caros leitores, o grande dia chegou. Neste sábado, direto de Istambul, na Turquia, o Manchester City, o que sobrou dos quatro citados acima, nas minhas previsões, deve conquistar a Liga dos Campeões pela primeira vez na sua história.

Só que no futebol, não se conta nada como resolvido de véspera, o que se torna muito perigoso para as previsões de nós colunistas, e por isso usei o "deve". Pode ser um prato cheio, afinal, algumas vezes, viramos motivos de chacota e gozação, com direito a memes, quando o que falamos com ar de sabichões não se concretiza dentro das quatro linhas.

É óbvio que existe a possibilidade de uma zebra, aliás uma tremenda zebra. Porém, desde as quartas de finais, analisar também o que Benfica, Inter de Milão, Milan e Napoli poderiam produzir e apresentaram ficou nítido que a superioridade de quatro dos três, o Chelsea não conta, daria pouca margem para que ocorra alguma surpresa.

Desses quatro, a Inter de Milão foi a mais competente e entra nesta final como zebra. Porém, é um clube de respeito, ao menos pela tradição na Liga dos Campeões, por ter conquistado três vezes o torneio

Com transmissão até pela TV aberta fica aqui o convite aos amigos internautas para assistir a uma partida que vai se tornar inesquecível, aliás como sempre digo em ocasiões como essa, é imperdoável, mesmo quem gosta pouco de ver futebol, perder essa partida.

Pitada histórica

Se você nunca parou para pesquisar, mas não sabe de onde surgiu o termo "zebra" no futebol a história é a seguinte:

Em uma partida entre Portuguesa contra o Vasco da Gama, válida pelo Campeonato Carioca, no dia 23 de julho de 1964, o técnico do time luso, Gentil Cardoso, figura folclórica e que era um frasista de mão cheia, disse a um repórter de campo que o resultado do jogo seria uma "zebra".

A origem do nome vem do jogo do bicho, apostas consideradas ilegais, mas com fácil acesso para quem quiser arriscar o seu dinheiro, que não tinha a zebra entre os vinte e cinco animais a serem sorteados. Ou seja, era impossível sortear a zebra. No fim, a Portuguesa venceu o Vasco por 2 a 1.

Segundo a revista Placar, outra origem para o termo "vai dar zebra" é também atribuída a Gentil. Dessa vez, em 22 de novembro de 1964, também pelo Campeonato Carioca, a Portuguesa empatou com o líder e favorito Fluminense. Naquela semana, o treinador repetiu diversas vezes que a Portuguesa não perderia o jogo. "Vai dar zebra", disse ele. Com o resultado, a equipe escapou do rebaixamento.

Inspirado em Gentil, a "zebra" se popularizou graças ao surgimento da loteria esportiva, nos anos 1970. No programa dominical Fantástico, da TV Globo, os resultados dos 13 jogos eram anunciados. Quando ocorria algo muito improvável, o desenho animado de uma zebra, criada pelo cartunista Borjalo, surgia na tela com a dublagem: "olha aí, deu zebra".

Do futebol, "o deu zebra" se espalhou para todos os esportes e é usada para em outras disputas em que os menos cotados vencem os favoritos, como as eleições.