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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Teste com quinteto é compreensível, mas não seria bom esconder as cartas?

23/09/2022 04h00

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Tite manda a campo hoje, contra Gana, um time com Paquetá de segundo volante, Neymar e Richarlison à frente, Vini Jr e Raphinha abertos nas pontas. É a tentativa de ver como o time se comporta com um quinteto ofensivo, uma possibilidade quando estiver, por exemplo, correndo atrás de resultado.

Eu gosto do teste. Mas tem uma coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha. A tão pouco tempo da Copa do Mundo, fazer um jogo assim não é entregar informação demais para os adversários?

Sim, eu sei bem que treino é treino, jogo é jogo. Mas uma formação como essa não pode ser testada a portas fechadas, contra o time reserva? (Que, cá entre nós, não só é melhor do que a seleção de Gana como pode se comportar de uma maneira X, simulada com a comissão técnica). Aliás, Gana tem técnico novo e jogadores novos. Como disse Rafael Oliveira no Podcast Futebol Sem Fronteiras desta semana, seria melhor fazer um teste desses contra a Tunísia, adversária de terça, uma seleção mais organizada defensivamente.

Alguém dirá que, hoje em dia, todo mundo conhece todo mundo no futebol. Sem dúvida, as ferramentas estão aí. Mas é muito diferente conhecer os jogadores e vê-los, de fato, em ação.

Podem ter certeza que um Luis Enrique da vida, se tivermos Espanha x Brasil nas quartas de final, terá visto, estudado o comportamento do Brasil jogando com um quinteto ofensivo e treinado o time para tal situação de jogo. Assim como, espero, a comissão técnica do Brasil esteja virando de ponta cabeça especialmente quatro seleções: Portugal, Uruguai, Espanha e Alemanha.

Porque, cá entre nós, não é para jogar a primeira fase que o Brasil tem que treinar. É um erro gastar meses analisando Suíça, Sérvia e Camarões e apenas dias estudando o rival do mata-mata. São enormes as chances de pegar Portugal ou Uruguai nas oitavas, Espanha ou Alemanha nas quartas. São estas as seleções que exigem maior estudo por parte da comissão técnica daqui até novembro.

Enfim. Eu estou ansioso para ver o teste de Tite, mas acho que não é prudente mostrar todas as cartas. É preciso guardar algumas na manga. Pedro, por exemplo. Na boa, ninguém conhece Pedro fora daqui. Precisamos mesmo que ele "prove" alguma coisa em ação nestes amistosos? Ou não seria melhor usá-lo na hora H, no mata-mata da Copa, e pegar algum adversário de surpresa?

São dúvidas que ficam. E que serão respondidas por Tite quando o plano dele ficar claro para os dois amistosos.