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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Testes de Tite mostram que é difícil ganhar sem um atacante 'puro'

Vinicius Junior, durante amistoso entre Brasil e Japão - Masashi Hara/Getty Images
Vinicius Junior, durante amistoso entre Brasil e Japão Imagem: Masashi Hara/Getty Images

06/06/2022 09h13

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Pep Guardiola, após mais um ano sem título europeu, já sabe: na hora H, é difícil ganhar partidas grandes sem um centroavante - ou pelo menos um atacante de referência, mesmo que móvel. O Real Madrid é campeão da Champions com Benzema, o "The Best" das últimas temporadas foi Lewandowski, o PSG fracassa sem um cara à frente, o resultado da temporada do Manchester City foi buscar Haaland e Julian Álvarez.

Tite fez alguns testes interessantes no amistoso da seleção brasileira contra o Japão. O time começou com Vinícius Jr e Raphinha pelos lados, Paquetá e Neymar pelo meio, sem um atacante de referência. Criou sua grande chance em um lance logo no comecinho, quando Paquetá apareceu como centroavante. Depois disso, o time passou a centralizar muito as jogadas, não abriu o campo para aproveitar os pontas, não foi legal.

Importante ressaltar que o Japão se defende com mais gente e recompõe com mais qualidade do que a Coreia do Sul, vítima da semana passada e que deixou mais espaços. Com espaços e para jogar em velocidade, não é necessário ter um atacante "fixo". Mas, para jogos mais duros, como este de hoje, fica claro que sim, o time precisa de um 9.

Eu disse em minha última coluna sobre a seleção que Tite teria de "dar um jeito" de achar espaço para Vini Jr, o melhor jogador brasileiro na temporada. Foi o que o técnico tentou, mas a substituição de Richarlison pelo craque do Real Madrid mostrou-se uma opção discutível.

Foi quando entrou Richarlison, no segundo tempo, que o Brasil chegou ao gol da vitória - o "pombo" levou o pênalti, bem batido por Neymar. Richarlison pode não ser o melhor tecnicamente, o mais bem dotado fisicamente, mas é daqueles jogadores que encaixam com a seleção. É difícil explicar, tem jogador que só dá certo em clube, tem jogador que só dá certo com determinado treinador, e tem jogador que brilha demais quando veste a amarelinha. É o caso de Richarlison.

Não há mais tempo para Tite fazer testes, mas seria muito interessante pensar no time com Vini Jr e sem Raphinha na partida de setembro contra a Argentina. Afinal, Vini Jr é melhor do que Raphinha. E, como venho dizendo faz tempo, seria muito interessante ver a seleção com três zagueiros. Foi assim que o time jogou nos 20 minutos finais em Tóquio e foi com essa formação que saiu o gol - ainda que o pênalti não tenha sido exatamente consequência da nova formação.

Com três zagueiros, Arana espetou mais pela esquerda, mas Martinelli não esteve em uma boa noite. Paquetá ficou mais livre pelo meio de campo, mas faltou companhia a Gabriel Jesus pela direita. Creio que foi perdida uma grande chance de praticar com a formação de linha de três atrás durante as eliminatórias, agora está um pouco tarde (mas ainda dá).