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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Seleção funciona de novo, mas Tite tem o desafio de encaixar Vini Jr

Raphinha, Richarlison, Daniel Alves e Fred comemoram gol da seleção brasileira contra a Coreia do Sul - Chung Sung-Jun/Getty Images
Raphinha, Richarlison, Daniel Alves e Fred comemoram gol da seleção brasileira contra a Coreia do Sul Imagem: Chung Sung-Jun/Getty Images

02/06/2022 09h58

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O pessoal vai seguir desdenhando, mas eu não estou neste time. A seleção brasileira jogou com muita vontade um jogo de alta intensidade e goleou a Coreia do Sul por 5 a 1, em Seul. Dirão que a seleção coreana "não representa um desafio técnico". É a história de sempre. Quando a seleção vence e goleia, o adversário nunca serve. Quando empata ou ganha de pouco, é uma tragédia. É a relação tóxica que parte da imprensa e do público têm com "a única coisa boa que nosso país tem".

A seleção de Tite é ultracompetitiva. Não é invencível, ainda que às vezes pareça. Pode ganhar de qualquer um, pode, claro, ter problemas contra qualquer um. Alguém vê alguma seleção europeia tão imbatível assim? Antes que respondam, convido a assistirem aos jogos da França no ciclo entre as duas Copas.

Se as seleções sul-americanas sofrem com o advento da Nations League e a ausência de confrontos contra europeus, imaginem só as seleções africanas ou asiáticas. Desde que venceu a Alemanha na Copa do Mundo de 2018, a Coreia só jogou uma partida contra uma seleção "europeia": a fortíssima Geórgia, em um amistoso em setembro de 2019. Ainda assim, com um time cheio de jogadores de Premier League, a Coreia fez um primeiro tempo de muita velocidade e intensidade, acabou sendo uma partida competitiva para o Brasil.

Defensivamente, houve a falha de Thiago Silva no gol da Coreia, que naquele momento representava o empate. E é realmente inconcebível que Daniel Alves seja titular na Copa do Mundo. Alex Sandro, um lateral que fez temporada meia boca na Juventus, atuou bem na fase ofensiva - dois pênaltis foram sobre ele.

Mas o que o pessoal quer saber mesmo é quem vai jogar no ataque. A formação inicial tinha, da direita para a esquerda, Raphinha, Richarlison, Neymar e Paquetá. Ouso dizer que, se a Copa do Mundo começasse agora, esta seria a formação titular.

Tite vai ter que se virar, porque simplesmente não dá para Vinícius Jr não ser titular da seleção brasileira. Um ano atrás, era uma história. Agora é outra. Vini foi, de longe, bem longe mesmo, o grande jogador brasileiro da temporada. É o melhor brasileiro na Europa. Não é possível montar um time que não comece por ele, o técnico precisa se adaptar quando jogadores explodem ou quando jogadores deixam de responder.

Meus parabéns pelos encaixes encontrados com Raphinha e Paquetá, mas Vinícius Jr é outra história. Se não quiser jogar com três zagueiros, que é o que eu faria se fosse técnico da seleção (já que os laterais não acompanham o nível de outras posições), Tite vai ter de tirar alguém do ataque. Na cabeça dele, a opção seria tirar Richarlison e jogar com Neymar e Paquetá se alternando pelo meio e pelo ataque. Não sei se é a melhor opção.

Tite que se vire, Vinícius precisa estar.