Topo

Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Galo sempre foi gigante, títulos ajudam a corrigir distorção histórica

Hulk comemora segundo gol do Atlético-MG contra o Athletico-PR, pelo segundo jogo da final da Copa do Brasil - Robson Mafra/AGIF
Hulk comemora segundo gol do Atlético-MG contra o Athletico-PR, pelo segundo jogo da final da Copa do Brasil Imagem: Robson Mafra/AGIF

16/12/2021 16h48

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Há quem escolha apenas um critério para determinar a "grandeza" de um clube de futebol: títulos. Uma lógica um tanto quanto capitalista selvagem. Você é o que você tem. Quem tem mais, é mais. Normal que torcedores façam isso, não é normal quem analisa contextos fazer o mesmo. É uma lógica que ignora o intangível. Grandeza, em futebol, é algo abstrato e não mensurável.

Para estas cabeças, o Cruzeiro é muito maior que o Atlético. Afinal, o Cruzeiro já tinha duas Libertadores quando o Galo ganhou sua única. O Cruzeiro goleava em Brasileiros (foi 1 a 1 até 2003, aí vieram unificação, dobradinha e virou 4 a 1). E o Cruzeiro goleava em Copas do Brasil (6 a 1).

Ledo engano. O Cruzeiro nunca foi maior que o Galo. Assim como o Atlético nunca foi maior que o Cruzeiro. E o mesmo vale para Grêmio e Inter e tantos outros casos de cidades com dois clubes importantes.

A lista de títulos não vale para nada? É claro que vale. Importa, sim. Mas é apenas um dos fatores de grandeza. Até porque títulos também precisam ser contextualizados. No século passado, Estaduais valiam tanto ou mais que qualquer título nacional ou internacional. Hoje, os pesos mudaram. Antes, convocações para a seleção eram um importante sinal da força de um clube. Hoje, não.

Vamos pegar um outro critério? Média de público. O Galo já foi líder de média de público em 10 ocasiões, empatado com o Corinthians, atrás só do Flamengo nesta lista. Era o líder até o início do Brasileiro dos pontos corridos - a explicação disso passa, lógico, pelo fato de ser uma torcida apaixonada e que comparece, mas também pelo fato de o Atlético ter sido o clube que mais vezes chegou a semifinais de Campeonato Brasileiro, na época em que as variadas fórmulas acabavam com finais.

O fato é que o Galo tem títulos nacionais de menos. E isso aconteceu por um monte de fatores: derrotas inesperadas, arbitragens, é o futebol.

Os dois de 2021, somados a anos de ouro que vêm desde 2013, vão colocando algumas coisas mais em ordem. O Galo agora tem dois Brasileiros e duas Copas do Brasil. E, pelo andar da carruagem, com o time, a grana e um estádio para ser explorado, vem mais por aí.

Mesmo nos anos de tantos títulos do Cruzeiro, o Atlético nunca esteve tão abaixo do maior rival - na disputa particular entre eles, o Campeonato Mineiro, o Galo lidera por 46 a 38. A maior distância já vista entre os clubes é, sem sombra de dúvida, a atual: um é dono da tríplice coroa, o outro caminha para o terceiro ano seguido na segunda divisão.

O que tampouco faz do Atlético maior do que o Cruzeiro. O que o Galo é, no momento, é o melhor time do país. Claramente uma das três forças nacionais olhando para os próximos cinco anos. E que, pouco a pouco, deve escalar rankings de títulos em que ele já deveria estar mais acima faz tempo.

Há quem diga que o Brasil tem 12 clubes grandes. Há quem conteste esta lista. Vai depender do critério. Qualquer que seja o ângulo que se olhe, no entanto, é importante ficar claro que o Galo é gigante. E sempre foi.