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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gomes: Estrelismo de Messi e passada de pano geral dão o tom a Pochettino

Lionel Messi olha para o técnico Mauricio Pochettino após ser substituído em jogo do PSG - FRANCK FIFE / AFP
Lionel Messi olha para o técnico Mauricio Pochettino após ser substituído em jogo do PSG Imagem: FRANCK FIFE / AFP

21/09/2021 09h06

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Imaginem só se fosse Neymar o substituído no último domingo, no clássico entre PSG e Lyon. E que ele fizesse cara feia e mal cumprimentasse o técnico. E que a substituição tivesse dado certo, com o time vencendo no finalzinho. Imaginem o que estaria sendo falado de Neymar...

Pois é. Mas foi Messi o substituído. E foi Messi quem fez cara feia. E as críticas foram todas para o... técnico!

Porque Messi nunca teve ataques de estrelismo, não é mesmo? Se bem que é verdade também que Messi nunca foi substituído na vida em um clássico, em casa, com o time dele empatando. Então talvez nunca tenha havido ocasião para o argentino fazer o que fez e agora estamos descobrindo a estrelinha que mora dentro de cada estrelona da bola.

O fato é que a passada de pano para a lamentável atitude de Messi foi geral. No Brasil, na França, na Argentina, na China, em todos os lugares. Quem apanhou foi Pochettino, e não Messi.

Podemos debater sobre a substituição, se foi correta ou não. Mas não há muito debate sobre a atitude de Messi. Se eu critico o Joãozinho, o Pedrinho e o Neymarzinho, por que vou poupar Messi? Só pelos serviços prestados ao futebol? Me desculpem, mas não está certo o que ele fez. Os dois mandaram muito mal no domingo.

Fatos são fatos, e agora caberá a Pochettino lidar com eles. Até agora, o trio do PSG não funcionou em nenhum dos dois jogos - contra o Brugge e contra o Lyon. Contra os belgas, o melhor deles foi Messi e o único momento do jogo em que o Paris foi melhor foi já depois da substituição de Mbappé (esta por lesão, não por opção). Contra o Lyon, o destaque foi Neymar, e a vitória só veio quando o trio tinha sido desfeito novamente.

A química entre eles pode vir com o tempo, mas não é boa notícia que já não tenha vindo de cara - craques que são, poderiam ter se encontrado mais e feito mais, independente de táticas e orientações. No futebol de hoje em dia, de pressão total sobre o adversário quando não se tem a bola, é complicado mesmo ter em campo três vedetes. Para que os caras façam chover, é preciso ter a bola. Mas como se tem a bola se quase um terço dos jogadores de linha não se esforçam para recuperá-la?

Além do mais, é nítida a separação física entre Mbappé e Messi e o desconforto do francês com essa situação toda. Ele queria já estar em Madrid.

É plausível imaginar que, em alguns jogos mais encardidos, em algumas situações específicas, Pochettino conclua que é melhor ficar com dois deles em campo, e não os três. Aliás, que time do mundo tem dois caras assim ao mesmo tempo? Nenhum. O PSG tem três. Pode escolher qualquer combinação de dois deles.

Pode?

Pois é. Não sei se pode. E Pochettino vai descobrir isso na prática. Técnicos de elencos estrelados podem adotar uma postura de "amigão da galera", tipo Renato Gaúcho, de ascendência sobre a galera pelo que fez no passado, tipo Zidane, ou podem adotar uma postura de mostrar quem manda - e aí, claro, torcer para estar apostando certo neste "quem manda".

Se Pochettino quis, domingo, preservar Messi, faltou combinar com seu patrício. Se Pochettino quis mostrar "quem manda", já está dado o tom para ele. Se for para mexer com alguém, melhor mexer com o brasileiro que já tem o filme queimado. Messi já chegou chegando.