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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Modric, o subestimado, volta a mostrar o craque que é

Modric comemora gol da Croácia contra a Escócia na Eurocopa - Pool via REUTERS
Modric comemora gol da Croácia contra a Escócia na Eurocopa Imagem: Pool via REUTERS

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Se fosse um gol qualquer, já seria importantíssimo. Mas não foi um gol qualquer. Foi um gol espetacular, de três dedos, colocando a bola no canto, fazendo uma curva por fora do gol. Luka Modric, um dos jogadores mais subestimados dos últimos anos, voltou a mostrar o craque que é, garantindo a Croácia nas oitavas de final da Eurocopa.

Mesmo jogando em Glasgow, na cada do adversário, a Croácia venceu a Escócia por 3 a 1, chegou a quatro pontos e classificou-se no grupo D com o segundo lugar. O grupo foi vencido pela Inglaterra, que chegou a sete pontos após bater a Chéquia por 1 a 0.

Os croatas entraram na segunda posição porque fizeram um gol a mais que os checos, que também somaram quatro pontos e saldo de +1. Nas oitavas, a Croácia vai enfrentar o segundo lugar do grupo E, que pode até ser a Espanha, em Copenhague (Dinamarca). A Chéquia (o nome mudou, não se assustem) entra como uma das melhores terceiras colocadas e provavelmente enfrentará a Holanda, mas pode também jogar contra o primeiro do grupo da morte (França, Alemanha ou Portugal).

A Escócia se despede da Eurocopa com apenas um ponto, conquistado contra a Inglaterra. Mas sai de cabeça alta. Nas duas derrotas, contra checos (na estreia) e croatas (hoje), a Escócia teve ocasiões de gol e pagou o preço da própria limitação técnica. Mas não faltaram vontade e intensidade para os escoceses - nunca falta.

A última participação da Escócia em um torneio grande havia sido a Copa do Mundo de 98. Portanto, só o fato de estar na Euro já foi um feito e tanto.

Nesta terça, a Croácia começou forte a partida e abriu o placar com Vlasic, aos 17min. A Escócia começou a correr atrás, teve chances e chegou ao justo empate com McGregor, no final do primeiro tempo. A etapa final estava aberta. Quem vencesse, se classificaria, enquanto o empate mataria as duas seleções no torneio. Então era óbvio que o jogo ganharia tons dramáticos em algum momento. A Escócia teve uma chance clara e era o time que parecia querer mais. Mas querer não é poder.

Foi a hora M. A hora da magia. A hora de Modric. Aos 17min do segundo, ele recebeu um passe de Kovacic perto da área e acertou um três dedos de primeira. Um golaço. Perisic faria o terceiro, após escanteio cobrado pelo camisa 10.

Como tudo que Modric faz, o segundo gol, o decisivo, teve uma beleza extraordinária escondida na simplicidade, na melhor decisão a ser tomada. Ele controla o meio de campo, sabe a hora de dar ou tirar velocidade, encontra passes, quebra linhas. É um baita jogador de futebol.

Cometeu o "pecado" de ser eleito melhor do mundo em 2018, o que fez muitos torcerem o nariz e começarem a diminuir a qualidade enorme do croata. Modric é o típico jogador subestimado. Não faz gols sempre, não é midiático, não é uma super estrela. Mas é extremamente influente para seus times quando está em campo.

Não é à toa que a Croácia chegou a uma final de Copa do Mundo ancorada nele. E agora está nas oitavas de final da Eurocopa, vencendo quando tinha que vencer e crescendo antes do mata-mata.

Errata: este conteúdo foi atualizado
O título do post foi inicialmente publicado com o termo "superestimado", em vez de "subestimado", que era a ideia original da publicação.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL