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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Libertadores e Sul-Americana: Qual brasileiro é mais favorito nas oitavas?

Rony e Luiz Adriano comemoram gol do Palmeiras - Ettore Chiereguini/AGIF
Rony e Luiz Adriano comemoram gol do Palmeiras Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

01/06/2021 17h02

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A Conmebol sorteou nesta terça os duelos de oitavas de final das Copas Libertadores e Sul-Americana. Como também foram definidos os caminhos rumo às finais, é natural que se olhe para os sorteios como um todo, já imaginando futuros confrontos nas quartas e semifinais.

O que faço aqui neste post é olhar exclusivamente para as oitavas de final. Independente de quem pega quem depois. Colocando a lupa somente no próximo duelo, que será disputado em julho, logo depois da Copa América, quem se deu bem? Quem se deu mal?

SE DEU BEM! SE NÃO PASSAR, É ZEBRA

Três confrontos chamam a atenção: os de Internacional e Palmeiras, na Libertadores, e do Athlético-PR, na Sul-Americana. Os três decidem em casa e enfrentam equipes das mais fracas que havia para serem enfrentadas. Na fase seguinte, os três devem pegar pedreiras pela frente. Mas insisto, estamos falando somente das oitavas de final.

O Inter, ainda muito instável e tentando entender o jogo que o técnico Miguel Ángel Ramírez quer, ganhou três jogos na fase de grupos da Libertadores. Dois deles foram sobre o Olimpia - justamente o rival das oitavas, em um reencontro.

Ganhou no Beira-Rio por 6 a 1, passando o carro, no confronto que foi o melhor do time desde a chegada de Ramírez. Depois, em uma partida em que não poderia perder de maneira alguma, foi ao Paraguai e venceu por 1 a 0, praticamente garantindo a classificação. O Inter dominou as duas partidas e o Olimpia, que já é frágil, possivelmente será ainda mais em julho - deve anunciar uma limpa no elenco pelos problemas financeiros que enfrenta.

O Palmeiras, atual campeão, pega a Universidad Católica. É verdade que é a campeã chilena e passou de um grupo encardido, que tinha também Nacional, do Uruguai, e Atlético Nacional, da Colômbia. Mas não mete medo e era, junto com os paraguaios, o melhor adversário possível.

Dou 75% de chances de classificação para o Inter, o mais favorito entre todos os brasileiros, e 70% de chances para o Palmeiras.

O Athlético-PR, na Sul-Americana, enfrenta um fraquíssimo América de Cali, um time que está longe de seus melhor momentos. Defendendo o título, fez um mau Campeonato Colombiano em 2021. Classificou-se na bacia das almas e logo caiu nas quartas de final. Na Libertadores, nunca passou perto de se classificar e só caiu na Sul-Americana porque venceu uma contra o La Guaira, da Venezuela - a única vitória nas últimas oito partidas que fez.

O Furacão, com um time sólido e bem treinado, não deve ter problemas para passar de fase. É um 70-30 também.

CONFRONTOS NEUTROS

Podia ser melhor, podia ser pior. Foi o que o sorteio apresentou para Flamengo, Fluminense e São Paulo, na Libertadores, e para Grêmio e Red Bull Bragantino, na Sul-Americana. Os cinco são favoritos, em maior ou menor escala. Podem passar, mas não é absurdo algum se forem eliminados. Portanto, é preciso ficar de olho aberto.

O Flamengo é favorito contra o Defensa y Justicia, mas esse time argentino não é nada bobo. É o time de Sebastián Beccacece, que, no ano passado, eliminou Rogério Ceni nesta mesma fase - quando treinava o Racing. Foi campeão da Sul-Americana (com Crespo) e bateu o Palmeiras na Recopa Sul-Americana. É um time intenso, que vai tentar não deixar o Flamengo se sentir confortável.

O Fluminense tem um duelo mais tranquilo, contra o Cerro Porteño, mas tem uma pegadinha aqui. Para o estilo de jogo do Fluminense de Roger, enfrentar situações adversas, em que a responsabilidade da vitória está com o outro, é melhor. O Flu é favorito contra o Cerro. No único jogo em que podia ser chamado de favorito na Libertadores, o time de Roger perdeu - em casa para o Junior Barranquilla. O Cerro vai dar a bola para o Fluminense, não é um confronto tão fácil quanto parece.

Já o São Paulo é muito forte, tem mais jogadores bons que o Racing, mas os fatos são os fatos. Na fase de grupos, empataram sem gols na Argentina e o Racing venceu no Morumbi por 1 a 0 - o primeiro time argentino a fazer isso na história da competição. É verdade que a partida do Morumbi foi disputada por reservas. O Racing está também na final da Copa da Liga Argentina, depois de eliminar Vélez e Boca, e não sofre um gol sequer há sete partidas.

Eu daria um 65-35 para o Flamengo, 60-40 para o Fluminense e 55-45 para São Paulo.

Na Sul-Americana, o Grêmio fez a melhor campanha, mas terá de enfrentar um adversário que, no meu ponto de vista, era o pior possível vindo da Libertadores: a LDU. É um bom time de futebol, que foi eliminado em um grupo que tinha Flamengo e Vélez. E que tem a altitude de Quito a seu lado.

Já o Bragantino também viajará ao Equador, mas o Independiente del Valle é pior do que no ano passado. Dou 60 a 40 de favoritismo para o time da Red Bull e 55 a 45 para o Grêmio.

SE DERAM MAL...

O que não quer dizer que não vão passar, mas a sorte não sorriu. O Atlético-MG vai enfrentar o Boca Juniors na Libertadores, enquanto o Santos pega o Independiente na Sul-Americana.

Boca e Independiente, podem ter certeza, também detestaram o sorteio. Estamos falando dos dois maiores papões de taças continentais da história contra duas camisas pesadíssimas do futebol brasileiro.

O Boca ganhou 17 de 21 confrontos contra times brasileiros, mas perdeu o último, contra o Santos (de Cuca, hoje técnico do Galo). E está longe de ser o melhor Boca dos últimos anos. O Independiente acaba de perder a semifinal do Argentino para o pequenino Colón. No ano passado, caiu da Sul-Americana diante de outro pequeno, o Lanús. O Rojo tem um time jovem, nada confiável. Assim como o Santos, que não sabemos como estará em julho, após dois meses de Fernando Diniz.

Galo e Santos pegam dois rivais que não vivem o melhor momento, mas que têm camisa, tradição, são grandes. Vejo 50-50 nos dois confrontos.