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Julio Gomes

Pandemia não pode disfarçar a vergonhosa temporada do Corinthians

Andres Sanchez, presidente do Corinthians - GettyImages
Andres Sanchez, presidente do Corinthians Imagem: GettyImages

22/07/2020 08h07

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Hoje tem Corinthians x Palmeiras. E a notícia não é um time ou outro time, não é a tática, não é o campeonato. A notícia é a volta do futebol após quatro meses de paralisação pela pandemia do coronavírus, que dilacera nosso país de Norte a Sul, Leste a Oeste.

Muito já se falou sobre a volta do futebol, capitaneada por um Flamengo alinhado com um governo federal que nunca tratou da saúde da população. Não gastarei muitas linhas aqui para dizer o óbvio (que é cada vez mais óbvio, já que os exemplos foram e são dados por inúmeros países mundo afora): a abordagem correta era o fechamento total das cidades, a contenção do vírus, vidas poupadas e, após alguns meses, a retomada pouco a pouco, com lógica. Não houve nada disso. No contexto geral do hospício em que o Brasil se transformou, é realmente estranho voltar tudo, menos o futebol.

Protocolos? Não há, nunca houve, esse é um engana bobo - e bobo eu não sou. Se jogadores são testados com Covid de manhã e o time entra em campo à tarde, que raio de protocolo é esse? Para que servem?

Tudo isso está sendo debatido, falado, ainda seguirá assim por um tempo. Sorte do Corinthians. É capaz que o coronavírus faça muita gente se esquecer da campanha vergonhosa do clube no Campeonato Paulista - o vexame ppode ser consumado hoje à noite. E também dos problemas financeiros graves e, falando o português claro, inaceitáveis.

Porque não é a pandemia que quebrou o Corinthians. É a má gestão. O futebol brasileiro foi desenhado ao longo da década rumo à elitização. Três ou quatro clubes já enormes ficando ainda mais ricos e abrindo um abismo para o resto que nunca houve. O Flamengo fez o papel dele, o Palmeiras fez o papel dele, o São Paulo irá acabar se encontrando quando eliminar o jejum de títulos. E o Corinthians? O Corinthians ganhou um estádio que virou um estorvo financeiro brutal.

Que a pandemia disfarce os problemas financeiros e esportivos é tudo o que a cartolagem quer. Aliás, e essa história de Jô não ter sido "inscrito a tempo" para o clássico contra o Palmeiras? Há quanto tempo já sabemos que Jô voltou ao clube?

Se o Corinthians não vencer o dérbi, estará eliminado do Paulistão - e com uma rodada de antecipação. Mesmo que vença, ainda terá de ficar torcendo contra o Guarani. E isso que passam dois de um grupo de cinco! São seis jogos sem vitórias, sem contar a eliminação também na Pré-Libertadores.

Um time que não jogava nada e um técnico pendurado na corda bamba. Este era o retrato do Corinthians e isso nada tinha a ver com o corona. Não há muitos motivos que nos levem a crer que isso mudará rapidamente.