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Julio Gomes

Real Madrid é mais afoito do que genial com gastança nos jovens brasileiros

Reinier comemora gol do Flamengo contra o Fortaleza - Alexandre Vidal/Flamengo
Reinier comemora gol do Flamengo contra o Fortaleza Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

20/01/2020 15h23

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Resumo da notícia

  • Real Madrid busca mais uma peróla do futebol brasileiro, agora é Reinier
  • Será que o clube espanhol é visionário ou afoito?
  • Esperar um pouco seria um investimento melhor, já em um jogador amadurecido

Depois de Vinícius Jr e Rodrygo, chegou a vez de Reinier. Por 30 milhões de euros, o Real Madrid leva o garoto da base flamenguista, que acabou de subir para o profissional e recentemente completou 18 anos de idade.

Uma visão além do alcance? O sistema de scout mais eficiente do mundo? Ou talvez algo que esteja além do NOSSO alcance de visão? Ou simplesmente... decisões afoitas?

Uma coisa é um clube como o Real Madrid ter a certeza absoluta de que tal jogador vá vingar, vá se transformar em um super craque e apostar que o caro de hoje soará como pechincha amanhã. Agora, se isso começa a ser feito de forma corriqueira... convenhamos, ou tua certeza não é tão certa ou você tem dinheiro para "queimar", então tanto faz gastar ou não gastar.

Por mais que a busca por jovens latino-americanas seja uma constante neste século, isso nunca ocorreu como nessas atuações do Real Madrid vindo comprar os dois flamenguistas e o santista.

Já comentei no caso Vinícius Jr e repito no caso Reinier. Essas decisões são muito mais precipitadas do que geniais.

O Real gastou 120 milhões de euros para contratar os três. Talvez eles valham 120 milhões cada um daqui a um tempo - e, se valerem, não serão vendidos, não darão retorno financeiro, e sim esportivo. Talvez nenhum dos três valha nem 30. E se o clube espanhol esperasse um pouquinho e desse o tiro certo? Com 100 milhões de euros na mão, amigos, você leva qualquer jogador de qualquer clube brasileiro na hora que quiser.

E tem mais: considero um erro tirar de um jovem jogador a chance de viver a realidade de um grande clube brasileiro. Por aqui, a pressão de jogar com uma camisa pesada é ainda maior do que na Europa. O cara é observado, analisado, criticado, endeusado, caçado, venerado. No microcosmo brasileiro, ele vive intensamente e se prepara para o que viverá na Europa, anos adiante.

Será que chegar à Europa cedo é tão importante assim para ser "lapidado" taticamente. Será que um jovem de 20 ou 21 anos não é capaz de ser igualmente lapidado? Será que a vivência de ser protagonista em um Flamengo ou um Santos não seja mais valiosa?

O Real Madrid parece muito mais ser um clube traumatizado pelo caso Neymar, de anos atrás, do que um clube visionário em relação a jovens jogadores.