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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Equador sobra na abertura e atropela o "tiki-taka de canela" do Qatar

Enner Valencia, do Equador, comemora seu gol na partida de abertura da Copa do Mundo contra o Qatar - David Ramos/Getty
Enner Valencia, do Equador, comemora seu gol na partida de abertura da Copa do Mundo contra o Qatar Imagem: David Ramos/Getty

Colunista do UOL Esporte

20/11/2022 15h52

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É até difícil avaliar o nível do Equador para o enfrentamento com Holanda e Senegal no Grupo A da Copa do Mundo.

Porque o Qatar mostrou para o mundo em sua estreia como anfitrião o pior do "tipo exportação" do modelo espanhol de futebol, inspirado no estilo de Pep Guardiola e da seleção bicampeão da Euro e que venceu a Copa de 2010. Desta vez representado pelo treinador Félix Sánchez.

Valorização da posse de bola, mas com sérias limitações técnicas e pouquíssima criatividade e efetividade. Ou seja, uma troca de passes quase sempre inócua. Karim Boudiaf, o central do trio de meio-campo, é o símbolo da "proposta". Muita pose, toque até elegante, porém frágil fisicamente e competindo pouco.

Taticamente, um 5-3-2 que deveria proteger a própria área, mas na prática atua com linhas adiantadas, o que, em tese, seria uma postura corajosa, porém sem agressividade na reação pós-perda para pressionar o adversário. Ou seja, um time fraco e frouxo sem a bola, como se tivesse como impor superioridade técnica sobre o rival.

Resumindo, um dogmatismo sem análise de contexto. Um "tiki~taka de canela" que é um convite a qualquer adversário minimamente qualificado e com plano de jogo.

O Equador de Gustavo Alfaro organizou-se em duas linhas de quatro, ganhando a maioria dos duelos físicos e saindo para atacar esticando os laterais Preciado e Estupíñán, recuando o volante Méndez para auxiliar os zagueiros Torres e Hincapié na saída de bola, o ótimo Moisés Caicedo organizando o jogo e os meias Plata e Ibarra se juntando a Estrada e Enner Valencia para atacar a linha de cinco adversária.

Muitos espaços por dentro e por fora. Primeiro o gol bem anulado, em lance difícil para o VAR, e depois os dois marcados por Enner Valencia, de pênalti e de cabeça, definindo o jogo já no primeiro tempo. Depois controlou a segunda etapa, chegando a 53% de posse e seis finalizações a cinco, três a zero no alvo. Nível baixo porque a seleção mais preparada foi pouco desafiada.

A conclusão mais perigosa do Qatar foi no único ataque bem engendrado, pela direita, que Almoez Ali golpeou com o nariz para fora, livre dentro da área. Uma cena quase tão trágica quanto a escolha do país sede pela FIFA e tudo que aconteceu até aqui. Incluindo proibições e acusações de trabalho análogo à escravidão.

O Equador sobrou na abertura do Mundial e atropelou, mas não há como prever o que virá. Até porque a tendência é o anfitrião despedir-se sem pontuar. Pode até alegar que tentou jogar, mas sem competir de fato é reduzido a um mero saco de pancadas.

(Estatísticas: SofaScore)