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Allan Simon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Galvão Bueno vai da corneta ao alívio em 50ª narração do Brasil em Copas

Galvão Bueno, ao lado de Júnior e Ana Thais Matos, durante transmissão de Brasil x Suíça na Copa de 2022 - Reprodução/TV Globo
Galvão Bueno, ao lado de Júnior e Ana Thais Matos, durante transmissão de Brasil x Suíça na Copa de 2022 Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

28/11/2022 15h23

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A 50ª narração de Galvão Bueno em partidas da seleção brasileira em Copas do Mundo masculinas foi um "suco" da história do narrador. Rolou corneta, teve preocupação, reclamação do que os jogadores faziam em campo, emoção e alívio com a vitória, que só veio na reta final do segundo tempo após golaço de Casemiro.

A transmissão começou com a exibição de um clipe especial montado pela Globo comemorando a marca de 50 jogos que Galvão completaria assim que o jogo começasse. Foram relembrados os momentos mais marcantes dessa jornada, como a estreia em 1986, diante da Argélia, o tetra em 1994, o penta em 2002 e também o 7 a 1 de 2014. O narrador se emocionou e fez até um rápido discurso de agradecimento.

Quando a bola rolou, a seleção brasileira sentiu as dificuldades de enfrentar o time da Suíça e encontrar espaços no campo de ataque. A equipe comandada por Tite entrou desfalcada, sem Neymar e Danilo, machucados na estreia contra a Sérvia. O jogo difícil de hoje começou a despertar o "Galvão corneta" que tantas vezes vimos ao longo desses 50 jogos.

Aos 26 minutos do primeiro tempo, sem grandes jogadas de perigo, Galvão já estava impaciente com o ritmo do time do Brasil. "Tem que ser rápido o time brasileiro", dizia o narrador. "Vamos jogar essa bola rápido, gente, tá muito lento", insistia.

Aos 34, sobrou a primeira corneta para Lucas Paquetá. "O Paquetá tem que lembrar que está jogando no lugar do Neymar, não no lugar dele". Quando o jogador avançou um pouco mais, Galvão seguiu a linha. "Isso, Paquetá, você é mais um atacante".

Na saída para o intervalo, o narrador pediu mudanças na seleção brasileira. "Que volte com tudo no segundo tempo, porque esse primeiro tempo não funcionou. Jogou melhor, criou chances, mas não foi a seleção que se esperava ver", disse.

No segundo tempo, o Brasil chegou a sofrer até com jogadas de perigo da Suíça. "Não precisa passar esse sufoco contra a Suíça. Tá lento o time brasileiro" veio acompanhado logo depois de um clássico de Galvão nessas mais de quatro décadas de narração na Globo: "Estão deixando a Suíça gostar do jogo".

Os comentaristas Júnior e Roque Jr. concordavam com a lentidão apontada por Galvão Bueno. Ana Thais Matos reclamava da quantidade de erros do time de Tite. "O Brasil erra muito passe, diferentemente do jogo da estreia, o Brasil comete erros excessivos nesse segundo jogo principalmente no penúltimo passe", disse a jornalista.

O primeiro momento de empolgação foi breve. Quando Vinicius Jr. fez o gol que acabaria anulado por impedimento, Galvão percebeu rapidamente a posição irregular de Richarlison na origem do lance e aproveitou para relembrar os tempos de parceria com Arnaldo Cezar Coelho, que se aposentou das transmissões em 2018. "Ele sempre dizia que retornou da figura A para a figura B".

Com o jogo ainda difícil e parado no empate sem gols, Galvão lembrava o histórico de resultados contra a seleção adversária em Copas e já se questionava. "Será que a gente não consegue ganhar da Suíça?".

Mas aí veio o golaço de Casemiro aos 38 minutos do segundo tempo, mudando o clima da transmissão também. "É isso, tem que chutar!", comemorou Galvão. "Já se animou de novo o time", disse o narrador na jogada de ataque seguinte.

Após o fim de jogo, Galvão exaltou a vitória. "É a primeira vez que o Brasil ganha da Suíça em uma Copa do Mundo. A Suíça já saiu de uma Copa sem tomar nenhum gol (2006), já foi defesa menos vazada das eliminatórias europeias. Brasil fez uma grande e gigantesca partida? Não. Mas mereceu a vitória, está bom demais, estamos nas oitavas de final".

"Valeu o esforço, valeu a luta. Em certos momentos, me parecia que o time tinha dado uma parada. Com as alterações, veio aquilo que a gente precisava. Falta velocidade, faltava surgir espaço vazio, faltava determinação", disse o narrador, aliviado com o resultado.

Já na reta final da transmissão, o narrador protagonizou outra lembrança clássica de parte dessas 50 narrações quando entrou a imagem ao vivo do Olodum. "Depois dessa Copa, quando eu parar, a cada jogo do Brasil eu vou sonhar com o Olodum", afirmou Galvão.