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TSE busca parceria privada para bancar vinda de estrangeiros nas eleições

17.mai - O ministro Edson Fachin, presidente do TSE, durante palestra no tribunal - Abdias Pinheiro/Secom/TSE
17.mai - O ministro Edson Fachin, presidente do TSE, durante palestra no tribunal Imagem: Abdias Pinheiro/Secom/TSE

Paulo Roberto Netto

do UOL, em Brasília

24/05/2022 20h05Atualizada em 24/05/2022 20h10

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está em busca de parcerias com instituições e empresas privadas para financiar a vinda de representantes internacionais que vão acompanhar as eleições no Brasil.

A ideia tem sido discutida na Corte como forma de garantir a presença de dezenas de convidados estrangeiros no pleito, como autoridades eleitorais de outros países. Internamente, há a avaliação de que a maior participação de representantes estrangeiros pode reduzir o ímpeto de tentativas de contestação do resultado das urnas.

Na semana passada, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, afirmou que a Corte trabalha para ter mais de 100 representantes internacionais acompanhando as eleições de outubro, entre autoridades convidadas e missões oficiais de observação.

Acordamos que realizar-se-á uma rede de observações internacionais para garantir a vinda ao Brasil antes e durante as eleições --não apenas dos organismos que já mencionamos --, mas de diversas autoridades europeias e de outros continentes que tenham interesse e condições em acompanhar de perto o processo eleitoral de outubro próximo"
Edson Fachin, presidente do TSE

As parcerias a serem firmadas pelo TSE visam quitar os gastos com passagens e hospedagem dos convidados. Diferente das missões de observações, que se financiam sozinhas, há uma praxe que o país anfitrião banque as despesas de autoridades convidadas para acompanhar as eleições.

A lista de convidados e o valor necessário ainda estão sendo fechados pela Corte. Há a intenção de convidar autoridades de países europeus, como Portugal e França, e principalmente integrantes de nações vizinhas, como Argentina, Chile e Colômbia.

Caso não obtenha o valor necessário, o TSE deverá enviar o convite mesmo assim, mas fazendo uma ressalva sobre a impossibilidade de liquidar os gastos.

Parcerias entre o TSE e a iniciativa privada já foram fechadas no passado recente do tribunal.

Em 2020, a Corte fechou acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Ambev para garantir a oferta de dispensers de álcool em gel e máscara para mesários e eleitores.

Bolsonaro ataca urnas eletrônicas

Defensor do voto impresso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem reforçado as acusações infundadas contra as urnas eletrônicas e promete apresentar provas de fraude há mais de um ano.

Na semana passada, por exemplo, durante discurso a empresários do setor de supermercados em São Paulo, ele afirmou que as eleições deste ano podem ser "conturbadas".

"Podemos ter outra crise, podemos ter umas eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar para um lado ou para o outro a suspeição de que elas não foram limpas? Não queremos isso", afirmou Bolsonaro, que chamou o TSE de "inexpugnável".

Candidato à reeleição, Bolsonaro aparece atualmente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo as sondagens, o presidente seria derrotado pelo petista em um eventual segundo turno.

Brasileiro confia no sistema eleitoral

Pesquisa do instituto Quaest, patrocinada pela Genial Investimentos, mostrou que 8 em cada 10 eleitores brasileiros entendem que Bolsonaro (PL) deve aceitar o resultado das urnas caso seja derrotado em outubro. O mesmo levantamento, porém, indica que o questionamento da integridade das urnas segue presente nos eleitores do presidente.

De acordo com a pesquisa, 4 em cada 10 eleitores que consideram o governo Bolsonaro "ótimo" entendem que o presidente não deve aceitar o resultado da eleição caso o resultado seja desfavorável a ele.