Segunda-feira, 16/12/2024 | | | |  | Roberta Faria, CEO da Mol Impacto | Carol Siqueira/Divulgação |
| Por que doações estão ligadas a estratégias de negócios | |  | Mariana Sgarioni |
| É no final do ano que os corações (e carteiras) parecem estar mais abertos. O ato de doar ganha mais força - não apenas nas decisões individuais como também nas corporativas. Porém, as doações não deveriam ser vistas como caridade natalina, muito menos como esmolas. Elas são poderosas estratégias de negócios que podem (e devem) estar incorporadas ao guarda-chuva ESG do ano inteiro. "Doação é um ato de cidadania. Não é um gesto moral, não está atrelado a nenhuma religião para expiar a culpa ou terceirizar uma preocupação. Significa destinar recursos financeiros a causas que você acredita", define Roberta Faria, CEO da MOL Impacto. De acordo com relatório recente, a empresa, premiada por sua responsabilidade e compromisso com a inovação social, arrecadou, somente em 2023, mais de R$ 12 milhões em doações para 172 ONGs brasileiras que atuam em diversos setores como saúde, educação, meio ambiente e causa animal, por meio de produtos e serviços. "Nossa visão é que a doação tem que fazer parte da estratégia de negócios: se você é uma indústria, pense na precificação do produto para destinar uma porcentagem para doação. Além de criar recursos para causas importantes que serão associadas à sua marca, você cria um diferencial competitivo para seu produto", pontua Roberta. "É um ganha-ganha geral, uma resposta para todos os lados que cobram posicionamentos da empresa: colaboradores, mídia, reguladores, consumidores", completa. O que doar e quanto devemos doar? Roberta Faria responde: "Sua doação deve ser do tamanho da sua ambição de transformação social. Trata-se de uma jornada e isso deve começar de algum lugar. É uma estratégia de negócios que está longe de ser moral: traz lucro. Com as emergências climáticas, sociais e políticas, as empresas estão sendo cada vez mais cobradas. Esta é, então, uma maneira de se proteger das pressões que estão por vir". |
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| Publicidade |  | |  | Daniela Manique, presidente do Grupo Solvay/Rhodia na América Latina | Divulgação |
| Rhodia: tecnologia a serviço do combate à pobreza menstrual | | Um dos principais desafios enfrentados por jovens e adolescentes é conseguir atravessar o período menstrual de forma digna e segura. Em uma pesquisa recente, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) constatou que mais de 713 mil meninas brasileiras não têm acesso adequado a banheiros ou a chuveiros em casa e mais de 4 milhões não podem pagar por itens básicos de higiene, recorrendo a soluções improvisadas como miolo de pão, sacolas plásticas, jornais ou panos velhos. A Solvay, empresa belga do setor químico, representada no Brasil pela Rhodia, decidiu abraçar esta causa dentro de seu leque de estratégias ESG. Em parceria com a Pantys, primeira marca de produtos absorventes sustentáveis do país, a empresa estruturou um projeto de doação de calcinhas menstruais que beneficiou 250 meninas do Projeto Arrastão, uma organização sem fins lucrativos que acolhe famílias em situação de pobreza no bairro do Campo Limpo, em São Paulo. "Este é um projeto que contribui para o bem-estar destas meninas e, ao mesmo tempo, traz uma solução sustentável ao planeta", diz Daniela Manique, presidente do Grupo Solvay/Rhodia na América Latina. Leia a seguir a entrevista exclusiva de Daniela para esta coluna. *** Ecoa: Como foi a ideia de unir uma ação social e ambiental dentro de um mesmo projeto? Daniela Manique: O projeto de doação de calcinhas absorventes em parceria com a Pantys faz parte do programa global de cidadania corporativa do Grupo Solvay para melhorar a nossa qualidade de vida. As doações não apenas beneficiaram 250 meninas: mostramos a elas um material tecnológico, que se decompõe mais rápido, e não deixa os microplásticos se acumularem. Então elas saem da pobreza menstrual, que é um problema grave no mundo inteiro, com uma solução sustentável para o planeta. Este é um exemplo de material que mostra um foco importante em tecnologia, pesquisa e inovação. O grupo Solvy tem 160 anos. Somos centenários no Brasil. E entendemos que a química sustentável é a química do futuro. Quem não focar nisso, não estará por aqui muito tempo. A química está em tudo e ela precisa trabalhar de forma correta. Então o foco é em pesquisa e desenvolvimento na linha de materiais. Queremos produtos inteligentes, funcionais e sustentáveis - e atendemos a uma ampla gama de setores, desde o automotivo até o cosmético, da moda à construção civil. A fábrica da Rhodia, em Paulínia, é referência de um projeto que alia produção industrial à preservação da natureza. O complexo de Paulínia se tornou um benchmark internacional: temos uma floresta com milhares de árvores de espécies da Mata Atlântica plantadas e mantidas; dois rios cruzando a área; e mais de 27 fábricas de uma indústria química em plena operação, com capacidade de produção que chega a 1,2 milhão de toneladas de produtos químicos por ano. |
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|  | Colaborador da startup ÓiaFia! recolhe azeite de dendê que sobrou da produção de acarajé, em Salvador | Divulgação ÓiaFia! |
| Startup transforma dendê de acarajé em produtos de limpeza e higiene | | Do tabuleiro das baianas vem um dos alimentos que mais carregam a cultura do Brasil: o acarajé. Porém, aquelas panelas cheias de azeite de dendê borbulhando trazem, no final do preparo, o desafio do descarte do óleo que, em geral, costuma ser inadequado, contaminando águas e trazendo problemas sanitários. A questão vem aumentando de proporção com o tempo: somente em Salvador, existem hoje mais de 3.500 baianas de acarajé e o consumo é de mais 6 milhões de litros de azeite de dendê por ano - sendo que a taxa de reciclagem é inferior a 10%. Os dados são da startup ÓiaFia!, que compra o dendê residual diretamente com as baianas e utiliza o produto para a fabricação de sabões e sabonetes totalmente naturais. Atualmente 27 baianas de acarajé de Salvador fazem parte do projeto. "As baianas de acarajé e o azeite de dendê são ícones identitários da Bahia. Elas guardam a história e a cultura do país. Em geral, são mulheres mais velhas e que, raramente, participam de algum tipo de coleta seletiva", explica Flávio Augusto Cardozo, cofundador da startup, que procura incorporar estas trabalhadoras no processo produtivo, gerando oportunidades para renda e inclusão. O azeite coletado com elas segue para uma pequena fábrica artesanal onde é misturado a óleos essenciais locais e elementos da identidade do Estado. A linha "Aromas da Bahia" traz sabonetes com licuri, barbatimão, água do mar e alecrim. As vendas são feitas pelo site e a empresa planeja uma expansão da linha para condicionadores e xampus. |
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| | Conspiração Consumista - Direção: Nic Stacey - Onde assistir: Netflix - Documentário revela os truques de manipulação que as marcas mais poderosas do mundo utilizam para criar uma necessidade constante, levando todos a gastarem mais do que podem pagar, e fazendo com que consumidores fiquem presos em um ciclo interminável de compras. |
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