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Noah Scheffel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No ano da liderança acolhedora, que colega de trabalho você é?

Edwin Tan/iStock
Imagem: Edwin Tan/iStock

10/01/2022 06h00

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Neste ano útil que se inicia cheio de expectativas de mudanças para nossa sociedade no que se refere à sustentabilidade, política, direitos humanos e cidadania, para o mercado de trabalho não seria diferente. Enquanto as empresas buscam seu modelo de atuação em 2022, o conceito de acolhimento tem surgido como principal forma de entender os mecanismos de inclusão e de adaptabilidade a um novo cenário de trabalho.

A volta do trabalho presencial, a remodelação do trabalho híbrido e o olhar para como as pessoas estão se sentindo frente a essas mudanças - num país em que a ansiedade bate recordes - se tornaram pautas de preocupação constante para as pessoas que são hoje responsáveis pelos ambientes organizacionais. Por conta disso, esse conceito de entender cada realidade das pessoas que fazem parte da empresa, para que sejam feitos ajustes a fim de que elas se sintam bem, tem se destacado principalmente no aspecto da liderança.

Pessoas líderes não são necessariamente aquelas que ocupam já uma cadeira de liderança, mas aquelas que demonstram liderança em ações e em competências que as destacam como exemplos a serem seguidos, não apenas "na frente das câmeras", mas quando ninguém está olhando também. Essas são as pessoas que são tidas como referências, e que logo passam a ocupar cargos com de gestão dentro de organizações que valorizam a cultura inclusiva, pois conseguem alterar as dinâmicas de relações interpessoais de forma positiva e inspiradora.

E para que todas as pessoas possam se sentir acolhidas em um ambiente organizacional, neste cenário de inconstância onde as transformações ocorrem tão rapidamente, é fundamental que existam tais lideranças inspiradoras. Pessoas que olham para todas com a ótica da empatia e do acolhimento, que têm inteligência emocional para lidar com seu trabalho, seus próprios limites e para se comunicar de forma propositiva e nunca egoísta. Pessoas com coragem de entender que somos todos diferentes, mas que de forma colaborativa, através dessas diferentes "entregas" de quem somos, conseguimos mais facilmente nos adaptar para tocar de forma madura quaisquer desafios que surjam no dia a dia.

Por isso, o ambiente organizacional não é apenas responsabilidade de uma área da empresa, e sim de todas as pessoas que fazem parte dela. Afinal, a cultura organizacional está ligada a nós, que compomos com nossos comportamentos, valores e crenças os lugares que ocupamos, da forma que os ocupamos.

Trago hoje aqui alguns comportamentos que muitos ainda têm, e que não refletem um ambiente de acolhimento, tão vital para a existência não apenas da empresa, mas para a saúde mental e a felicidade no ambiente organizacional para todas as pessoas.

Afinal, você está sendo acolhedor? Faça uma auto análise para entender em suas ações o quanto você está sendo de fato propositivo e resolutivo em busca de espaços saudáveis, inclusive para você.
A dica é: procure entender se você tem algum destes comportamentos, em qualquer esfera de sua atuação - no mercado de trabalho ou em algum aspecto da sua vida - e encontre formas de progredir enquanto indivíduo, pois você pode estar causando mal a alguém sem nem perceber.

Os vilões da uma cultura de acolhimento:

- Fazer comparações: você se coloca em um local de injustiçado, criticando por exemplo a promoção que seu par recebeu, achando motivos irreais para tal, ignorando tudo que você não notou ele fazendo.

- Não compreender as diferentes realidades: fala mal da colega que precisa sair mais cedo para levar o filho ao médico. Aliás, reclama que ela tem esse compromisso e não acha justo, afinal você não tem filhos.

- Reter conhecimento e informações: não partilha de conhecimentos adquiridos, pois age em um ambiente de competitividade, vendo colaboração como uma fraqueza para sua posição dentro da equipe.

- Não poder ser contrariado: não está aberto para diálogos com diferentes opiniões ou pensamentos, pois já possui uma opinião "cravada em pedra", e invalida qualquer pensamento diferente, recorrendo a vieses confirmatórios que justifiquem sua opinião.

Tais comportamentos já não eram "bem aceitos" em um cenário pré-pandemia, porém, ainda eram tolerados. No cenário em que vivemos atualmente, em que se entende que a cultura e o clima organizacional são primordiais para a empresa e para as pessoas que a compõem, o encontro de comportamentos como os que listei esbarra nesse novo contexto de inclusão, empatia e acolhimento que tem feito com que as empresas prosperem.

Chegamos a um momento em que a colaboração, a maturidade, a inteligência emocional e tudo aquilo que a gente leu em livros há alguns anos, mas não achou que valiam de alguma aplicabilidade, se tornaram as competências buscadas em profissionais e empreendedores para os próximos anos.

Então enquanto a gente cobra que as empresas se adequem a este novo cenário, nós paramos para pensar se estamos nos adequando também? Nós estamos acolhendo e inspirando, ou estamos, mesmo que involuntariamente, machucando alguém?