Noah Scheffel

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Opinião

E o Oscar vai para: a falta de diversidade

Já não é novidade a falta de diversidade nas indicações e premiações do Oscar. Esse tem sido um tema de crítica recorrente. Ainda assim, pouca coisa parece mudar. Enquanto a indústria do cinema avança lentamente em direção à representação e inclusão, a premiação mais prestigiada do mundo do cinema continua falhando em refletir diversidade em suas seleções.

Vale mencionar este ano entrou em vigor uma normal segundo a qual a Academia devia se comprometer com critérios de diversidade para as produções concorrentes às estatuetas, desde a diversidade de pessoas atuantes frente às câmeras, quanto em toda a cadeia de produção do audiovisual. Para que a produção possa concorrer ao Oscar de Melhor Filme, os candidatos precisam atender ao menos duas das quatro principais regras: diversidade no elenco, diversidade na liderança criativa, diversidade no marketing e diversidade em programas de treinamento. Sendo apenas duas categorias obrigatórias, pode ser que os números de representatividade em frente às telas tenham continuado iguais ao que estamos acostumados a ver.

Diante desse cenário, é crucial questionar: Por que continuamos a testemunhar uma falta tão flagrante de reconhecimento para talentos e histórias que refletem a riqueza da experiência humana em toda a sua diversidade?

Primeiro, comecemos a perceber que a falta de diversidade nas indicações e premiações do Oscar não é apenas algo do mercado audiovisual, mas principalmente um reflexo do mundo que habitamos. O cinema, e a arte como um todo, acaba caindo no viés, talvez nem tão inconsciente assim, de reforçar as hierarquias sociais existentes. Assim dito, essa ausência que vemos onde deveríamos ver o reflexo da humanidade, é apenas um sintoma de um problema muito maior: a exclusão que existe na sociedade.

Além disso, a falta de diversidade no Oscar tem consequências significativas não apenas para os artistas e cineastas que são colocados à margem, mas também para o público em geral. O Oscar falha ao não reconhecer e celebrar uma ampla gama de perspectivas e experiências. Isso não apenas priva o público de acesso a histórias valiosas e reais, mesmo que em ficção, mas também perpetua estereótipos prejudiciais e limitados sobre quem merece estar no centro das narrativas cinematográficas.

Temos ainda o impacto econômico e cultural das indicações e premiações do Oscar. O reconhecimento da Academia pode ter um efeito significativo na visibilidade e no sucesso de um filme ou artista, influenciando não apenas as oportunidades futuras de trabalho, mas também a forma como as histórias são contadas e percebidas pelo público em geral. Portanto, a exclusão de talentos e narrativas diversas do Oscar não apenas perpetua a marginalização da diversidade, mas também limita o potencial criativo e artístico da indústria cinematográfica como um todo, onde todas as pessoas saem perdendo.

É imperativo que a Academia e a indústria cinematográfica como um todo adotem medidas concretas para promover a diversidade e a inclusão nas indicações e premiações do Oscar. Isso inclui não apenas a ampliação do escopo de filmes e talentos considerados para indicação, mas também a implementação de políticas e práticas que garantam equidade de oportunidades para todas as pessoas envolvidas no meio audiovisual, considerando raça, gênero, orientação sexual, identidade de gênero, origem étnica e tantos outros marcadores sociais.

Em última análise, a falta de diversidade nas indicações e premiações do Oscar não é apenas uma questão de justiça, mas também de representação. De cada pessoa, com seus marcadores sociais, poder se ver e se identificar nas telas em histórias com as mais diferentes narrativas, trazendo a humanidade toda para a pauta cinematográfica. Enquanto continuarmos a excluir talentos e histórias diversas do reconhecimento e celebração que merecem, estaremos limitando nosso próprio potencial como indivíduos e como sociedade.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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