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Débora Garofalo

A necessidade de valorizarmos os professores

14/10/2020 00h04

Quando iniciamos a pandemia, 83% dos professores afirmavam que não estavam preparados para o ensino mediado por tecnologia, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Península 2020, mas rapidamente vimos essa realidade se transformar e os professores se reinventarem da noite para o dia para não deixar os estudantes para trás.

Mais do que aplaudir os professores é necessário valorizá-los, afinal sempre falamos em ter altas expectativas para os nossos estudantes, mas é essencial ter altas expectativas a todos aos nossos professores.

Países que tiveram grandes avanços na Educação como a Finlândia, investiram e apostaram na valorização docente, investindo em salários, prestígio e apoio aos estudos.

Em troca com professores do Vietnã, os primeiros dias da carreira é dedicado a um trabalho personalizado sobre as metas pessoais que pretendem almejar em sua carreira, como identificar sua aptidão para trabalhar com crianças e ou adolescentes, de ser gestor, e ou desenvolver pesquisas na área de educação, em que o diretor atua em conjunto com este professor para auxiliar a alcançar suas metas em avaliações de 360 graus para que isso ocorra.

Ano passado, em um evento da Bahia, tive a oportunidade de conhecer a Ministra da Educação da Estônia, a Sra. Mailis Reps em que aposta na forte evolução salarial e a autonomia para aplicar métodos criativos em suas aulas que se tornam políticas públicas atraindo profissionais a carreira do professor. Além disso, o país fez um trabalho para que a educação fosse valorizada pela sociedade, com acesso universal e gratuito e com trabalho baseado na autonomia de professores e estudantes.

Olhar para outros países é importante para que possamos aprender que não há transformação de uma sociedade sem investimento pela Educação e sem valorizar os profissionais.

Como professora da rede pública de ensino de São Paulo ( e que me orgulho muito por isso), tive a oportunidade de poucos de ser reconhecida nacionalmente por diversas premiações e internacionalmente sendo reconhecida no ano de 2019 como uma das dez melhores Professoras do Mundo pelo Global Teacher Prize, considerado o nobel da Educação pelo trabalho desenvolvido de robótica com sucata que uniu um problema social trazido pelos estudantes, o lixo, em objeto de ensino ao ser transformado em solução através de protótipos com sucata, oportunizando o aprendizado de Programação e Robótica. O trabalho se tornou uma política pública no Estado de São Paulo para impactar mais de 2, 5 milhões de estudantes.

Minha história demonstra a importância de valorizarmos os professores e ofertar que cada vez mais possamos transformar o seu fazer pedagógico em soluções para a educação e temos no Brasil, muitos outros profissionais de referência, como o professor Jayse Ferreira em Pernambuco que através da Arte ensina etnias, a Professora Gina Vieira Ponte que através do projeto Mulheres Inspiradoras deu voz aos seus estudantes e hoje o projeto se tornou uma política pública em Brasília, o Professor Rubens Ferronato que através das dificuldades de seus alunos com deficiência, criou um novo método de matemática, o multiplano capaz de replicado em todas as escolas, O professor José Gilson Lopes Franco que através do Cordel no Ceará encanta os seus alunos a leitura, o Professor Elionaldo Bringel na Bahia que através da reciclagem ensina novas modalidades de esportes aos seus alunos e de muitos outros professores espalhados pelo nosso país!

São tantas histórias, em um Brasil tão diverso que nos ensina como a determinação e a resiliência dos professores estão no centro do processo de aprendizagem e mais do que nunca chegou o momento de valorizar e apoiar esses profissionais, para que possamos ver de fato uma transformação na qualidade da educação e isso perpassa por caminhos simples, como experiência prática como parte da formação docente, avaliações de 360 graus para apoiar e direcionar o trabalho pedagógico, continuidade nos estudos com especialização na área de ensino, plano de carreira e melhores salários, formação continuada e estágios entre escolas de boas práticas.

Um abraço e até a próxima semana.