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Renault demite 747 funcionários de fábricas no PR e sindicato decreta greve

Fábricas da Renault em São José dos Pinhais (PR) produzem modelos como o Kwid e antes das demissões tinham cerca de 5,1 mil trabalhadores ligados à produção - Divulgação
Fábricas da Renault em São José dos Pinhais (PR) produzem modelos como o Kwid e antes das demissões tinham cerca de 5,1 mil trabalhadores ligados à produção
Imagem: Divulgação

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

22/07/2020 15h57

Após a Renault anunciar a demissão de 747 colaboradores, os funcionários das quatro fábricas da Renault em São José dos Pinhais (PR) decidiram iniciar greve por tempo indeterminado, em assembleia realizada ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.

As demissões aconteceram depois de os trabalhadores reprovarem, na sexta passada, proposta de PDV (Plano de Demissões Voluntárias) apresentada pela Renault para o desligamento de 800 pessoas da unidade paranaense - responsável pela produção dos modelos Sandero, Stepway, Logan, Duster, Duster Oroch, Captur, Kwid e Master.

O complexo industrial, que até então tinha cerca de 5,1 mil colaboradores envolvidos diretamente com a produção, de acordo com a Renault, também fabrica motores.

Segundo o sindicato, a paralisação nas atividades será mantida "enquanto a empresa não voltar a negociar".

"Queremos deixar nosso repúdio pela forma que esta empresa está agindo mesmo recebendo incentivos fiscais do governo do estado para gerar e também manter empregos. Infelizmente não é o que a direção atual desta planta está pensando", afirma Sérgio Butka, presidente do sindicato.

UOL Carros entrou em contato com a Renault, que confirmou as demissões, as quais a empresa considera necessárias diante da queda de 47% nas vendas da marca no primeiro semestre de 2020, impactadas pela pandemia do coronavírus.

As fábricas do Paraná ficaram paradas durante 41 dias e a produção foi retomada em sistema de três turnos no dia 4 de maio, informa Carlos Henrique Ferreira, diretor de comunicação da montadora na região das américas.

"Após um longo período tentando negociar com o Sindicato, infelizmente não chegamos a um acordo. Tivemos de suspender o terceiro turno ontem, para ajustar a produção. Ficamos sem alternativa e tivemos de desligar 747 colaboradores de todos os turnos, seguindo o critério de performance individual", afirma o executivo - segundo o qual a Renault ainda não foi notificada pelo sindicato a respeito da greve.

Ferreira informa que a empresa concedeu desde março duas férias coletivas para os funcionários e pagou salários integrais nos meses de junho e julho, mesmo com redução de 25% na jornada.

"Em 15 de julho, dentre um conjunto de medidas de adequação de efetivo e competitividade, apresentamos o PDV nos mesmos moldes propostos pela Volvo e aprovados anteriormente pelo sindicato, acrescidos de outros benefícios, como 1,5 a quatro salários de indenização e pagamento da primeira parcela do PPR de 2020. Chamaram nossa proposta de 'indecente' e ela foi reprovada", diz o diretor.

A Renault informa que os funcionários demitidos terão direito, além das verbas rescisórias previstas pela Medida Provisória 936, a vale-mercado integral até outubro, plano de saúde até o fim do ano e orientação para recolocação no mercado de trabalho.