Quanto custa manter um carro novo? "Revisão fixa" define valor e vira moda
Estratégia vem sendo adotada cada vez mais pelas fabricantes
Comprar um carro é assumir uma série de despesas, que não estão restritas ao valor pago pelo veículo. Para se ter uma ideia, adquirir um compacto zero-quilômetro com preço na faixa dos R$ 40 mil requer um gasto mensal na faixa dos R$ 600 a cada 30 dias com seguro, manutenção de itens de desgaste natural, não cobertos na garantia, impostos, pneus e a revisão na concessionária.
Se o veículo for financiado com entrada de 30% e saldo em 36 meses, com juros de 0,99% ao mês, o gasto mensal chega a aproximadamente R$ 1,5 mil. Esse cálculo, da consultoria Jato Dynamics, considera também alguns valores gastos anualmente, como o do IPVA diluídos ao longo dos 12 meses. Isso posto, fica claro que é preciso planejar a compra para que ela não sobrecarregue o orçamento.
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Sabendo disso, há alguns anos a maioria das montadoras passou a oferecer planos de revisões com preço fixo, informando previamente os preços dos serviços básicos a serem realizados em cada visita à concessionária no período de garantia -- geralmente a cada um ano ou 10.000 km rodados, o que vencer primeiro.
Algumas vão além e disponibilizam também planos de extensão de garantia ou de manutenção pré-contratados, cujo valor pode ser incluído no financiamento. Um exemplo é a Volkswagen, que recentemente criou um pacote com as três primeiras revisões dos modelos up!, Fox, Gol, Voyage e Saveiro a R$ 999 (promoção já não mais válida).
Na Peugeot, que ainda é vista por parcela dos compradores como empresa com a fama de pós-venda complicado, há um movimento forte para deixar essa imagem no passado. O site oficial da marca traz os preços das revisões, tanto para valor "básico" quanto para o serviço "recomendado". No caso de um Peugeot 208 1.2, por exemplo, o valor para a revisão de 10 mil km é de duas parcelas de R$ 205 (básica) ou seis parcelas de R$ 146 (recomendada, com mais itens).
Além disso, segundo a comunicação da marca, existe um plano de compromissos para evitar dores de cabeça no momento do atendimento, o chamado "Total Care": "A Peugeot se compromete a realizar todas as programadas em até 24 horas ou o cliente não paga. Se o serviço demorar mais do que quatro dias para ser realizado, a montadora disponibiliza um veículo da sua frota reserva. Outro compromisso é o serviço gratuito de reboque 24 horas por dia no caso de pane ou colisão", explica representante da marca. O plano tem um total de dez itens e é oferecida por oito anos -- a garantia dos carros é de três anos.
Previsibilidade: a maior vantagem
Vale lembrar que as revisões são obrigatórias durante a vigência da garantia e abrangem itens como troca de óleo e filtros, mas não incluem as já citadas peças de desgaste natural, como velas, pastilhas e discos de freio e kit de embreagem, sem contar serviços adicionais que porventura possam aparecer.
“A revisão com preço fixo e os pacotes de revisões valem a pena pela questão da previsibilidade. Informar os valores que serão pagos com manutenção facilita a vida do comprador. Com isso, o consumidor pode se planejar financeiramente antes de fechar negócio, antevendo as despesas que terá com o veículo ao longo do tempo de uso. É uma compra mais consciente”, avalia Vitor Klizas, presidente da Jato Dynamics Brasil.
De parte das montadoras, os argumentos para estimular o cliente a fazer as revisões em concessionária são conhecidos, apesar do custo mais alto na comparação com oficinas generalistas: acesso a peças originais, mão de obra especializada, manutenção da garantia e maior valorização do veículo na hora da revenda.
Além disso, a compra antecipada protege o cliente contra eventuais reajustes, praticamente inevitáveis durante a vigência da garantia (geralmente três anos). “Revisões com preços definidos ajudam a manter o cliente mais próximo da marca, fidelizando-o e estimulando o consumo de peças originais. Se o atendimento for bom, o consumidor volta e ambos os lados têm benefício”, afirma o especialista.
Para o consultor Roberto Affonso Anciães, a garantia de cinco anos e a informação prévia sobre os valores das revisões foram fatores decisivos na hora de comprar um Hyundai HB20 1.0 em março de 2015. “Rodo cerca de 70 km por dia e precisava de um veículo que não fosse tão caro de manter. Fiz a compra já sabendo o quanto ia gastar com as revisões e faço todas dentro do prazo”, relata.
Anciães está perto de completar dois anos de convívio com seu HB20, que acabou de completar 42 mil km rodados (e de sair da revisão dos 40 mil km, na qual gastou R$ 500). “Pretendo ficar pelo menos mais dois anos com o carro, seguindo o plano de revisões à risca. Quando passá-lo adiante, ele ainda estará na garantia e isso deverá valorizá-lo”, analisa.
Nem tão fixo assim
Considerando os valores informados para as revisões de algumas marcas, nem sempre o preço é mesmo "fixo".
Marcas premium são as que mais apresentam variações. A Audi, por exemplo, informa os valores das revisões no seu site (a partir, mas deixa claro que eles são “preços públicos sugeridos”, que podem variar de estado para estado. No caso de um A3 Sedan 1.4 flex, por exemplo, a tabela até 50 mil km é de R$ 460, R$ 1.300, R$ 1.270, R$ 1.600 e R$ 1.070, respectivamente a cada 10 mil km.
A BMW estabelece valores só para as duas primeiras revisões, mas não informa quais são eles em seu site.
A Mercedes-Benz, por sua vez, vende revisões em pacotes, chamados de "contratos de manutenção", com planos que abrangem só as duas primeiras ou da primeira à quinta revisão. No site da marca também há um serviço chamado “revisão declarada”. Um Classe C 2017, por exemplo, vai pagar R$ 950, R$ 1.750 e R$ 950, consecutivamente a cada 10 mil km. Porém, há a ressalva de que "nem todas as concessionárias seguem os valores", com uma lista de representantes participantes do programa.
Já a Volvo informa que sua tabela de revisões até 60 mil km tem preço fixo, mas vale apenas a partir de modelos 2015, equipados com motor da família Drive-E.
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