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Por que carrões da Porsche não custam (apenas) o que você imagina

Em lojas especializadas em modelos seminovos de luxo, é comum ver automóveis da Porsche com preços bem mais altos do que o valor inicial do equivalente zero-km. E, quando a montadora divulga a tabela de um novo produto, sempre, em meu perfil no Instagram, alguém comenta: não custa só isso não.

Os Porsche realmente têm valorizado muito nos últimos anos, por causa de longos períodos de espera e filas para alguns de seus modelos - principalmente os esportivos, que podem levar mais de um ano para serem entregues. Quem tem um seminovo na mão tem ouro, e pode cobrar caro.

Porém, eles não são tão mais caros apenas por causa da valorização dos usados. É que esses modelos seminovos nunca são a configuração básica. Eles estão sempre recheados de itens opcionais de tecnologia, desempenho e personalização visual.

A verdade é que um Porsche zero-km nunca custa aquele preço inicial que você vê no configurador da montadora - e todo aficionado por automóvel gosta de brincar no sistema, né? Isso pode até ocorrer, eventualmente, quando falamos de algumas versões de SUVs.

Personalizar é o que todos querem

Mas, no universo dos esportivos? É praticamente impossível, de acordo com a Porsche. Quem compra um modelo como 911 quer dar sua cara ao produto. É mais do que se apegar apenas a opcionais de tecnologia. O cliente quer escolher a aparência de seu carro, optando por rodas e bancos específicos - e itens de performance, quando há essa possibilidade.

Por isso, o ticket médio dos modelos acaba ficando muito mais elevado que o preço inicial de tabela. A Porsche até citou um exemplo curioso: o 911 GT3 RS. Este é hoje o mais caro da montadora à venda no mercado nacional, por R$ 1.920.000.

Mas ele é um dos que tem, percentualmente, menos aumento no ticket médio. Isso porque já vem em um pacote bem fechado, com poucas opções de personalização. No lançamento, a marca estimou que a média do modelo fique em torno de R$ 2,1 milhões, cerca de 9.4% a mais.

Para comparação, há alguns meses testei um Taycan GTS de R$ 860 mil. Com os itens extras que ele trazia, deixando-o mais próximo das configurações escolhidas pelos clientes, ia a R$ 1,1 milhão - quase 28% a mais.

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Porém, de volta ao 911 GT3 RS, a estimativa de R$ 2,1 milhões é para aqueles clientes que não escolhem o kit Weissach. Isso porque apenas esse pacote já acrescenta R$ 250 mil ao valor final do carro.

Exemplo prático

Modelo de entrada da linha 911, o Carrera tem tabela inicial de R$ 835 mil. Os extras já começam na escolha da cor. Há as gratuitas, mas as cobradas partem de R$ 20.752 no caso das especiais, como azul Tubarão e um tom de rosa chamado de Rubi Estrela Neo.

Há ainda o processo Paint to Sample, em que o cliente pode inventar sua própria pintura, com combinações, em amostras de até 160 tons. Custa R$ 74.084. As rodas opcionais acrescentam pouco mais de R$ 9 mil, e R$ 10 mil extras se o consumidor quiser parafusos de titânio.

Bancos esportivos saem por cerca de R$ 10 mil. Se quiser aquecimento e refrigeração nos bancos? Mais R$ 11 mil. No visual, há adesivos que chegam a R$ 7 mil, e um pacote capaz de transformar a aparência do para-choque, por meio de equipamentos como spoilers. Valor? R$ 30 mil.

Que tal então colocar na cabine um pacote com couro personalizado por R$ 115 mil. O kit da divisão de customização Exclusive Manufaktur permite diversas combinações entre bancos, painéis e interior das portas.

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Dá para escolher ainda teto de carbono (R$ 27 mil) e vários outros itens de visual que não custam tanto, mas baratos não são. Na parte de tecnologia e desempenho, entre os destaques há o sistema de rebaixamento da dianteira (para facilitar a passagem em valetas e lombadas), por R$ 18,5 mil, e faróis de LEDs matriciais, por quase R$ 28 mil.

Recursos de apoio à direção como ACC, assistentes de manutenção em faixa e de visão noturna e câmeras 360 vão deixar o carro cerca de R$ 60 mil mais caro. E quem quiser o sistema de som da Burmester vai pagar mais R$ 25 mil.

Eu consegui montar uma configuração do 911 Carrera que o deixou nada menos do que R$ 511.368 mais caro - ou quase um Volvo XC90. O que começou com R$ 835 mil foi a R$ 1.346.368, alta de 61,2%.

Os clientes não vão escolher tudo o que está disponível. Afinal, a ideia é personalizar o seu esportivo. Mas muito vão querer boa parte dessas possibilidades, dependendo da versão do 911 escolhida.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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