Tatuapé chega forte para disputar bicampeonato em SP; Rosas está no páreo
Grandiosa, colorida, feliz e com acabamento impecável, foi assim que a Acadêmicos do Tatuapé chegou ao Anhembi nessa primeira noite do Carnaval de São Paulo, com todos os requisitos para disputar o bicampeonato.
Homenageando o Maranhão, a escola, campeã de 2017, fez paradinhas e paradonas, provando que os componentes estavam afinadíssimos com o samba. A agremiação da zona leste mostrou as belezas da fauna e da flora do Estado, mas também as mazelas da época da escravidão, as tradições religiosas e o folclore da região.
A Rosas de Ouro foi outro grande destaque da noite. A penúltima escola na madrugada deste sábado complicou o páreo levando para o sambódromo a vida dos heróis das estradas, os caminhoneiros. Na comissão de frente, a cena da mulher e do filho à espera do pai, que viaja pelas curvas do Brasil, refletiu a realidade de quem vive pelas estradas.
Um bordel --onde Rita Cadillac e Salete Campari eram os destaques-- mostrou outra faceta do país, também retratado em seu lado caipira, de plantações e milharais.
Mancha Verde, com Fundo de Quintal, e Unidos do Peruche, com Martinho da Vila, por sua vez, foram as escolas que mais levantaram o público e ganharam aplausos da plateia --especialmente a Mancha, que tem a vantagem de ser formada a partir da torcida organizada do Palmeiras.
Fato é que é aposta certeira colocar nomes importantes da música brasileira ali, no alto do carro, acenando, cantando… Mas só emoção não ganha Carnaval.
Já com o dia raiando, a Tom Maior não teve motivos para reclamar do horário. A última escola pode até sofrer com falta de público e a luz do sol que ofusca o brilho das alegorias e fantasias, mas quem ficou até o final recebeu a escola com empolgação.
Homenageando a imperatriz Leopoldina, mulher de Dom Pedro 1º, e a escola carioca Imperatriz Leopoldinense, a Tom, uma escola tradicionalmente mais modesta, surpreendeu com o luxo mostrado na avenida --especialmente no início do desfile, em que a realeza da época do Império foi exaltada com um baile cheio de luxo, poder e riqueza. O horário foi o de menos e quem ficou para assistir ao desfile não se arrependeu.
Começo de noite tenso
A Tricolor Independente, que fez a sua estreia no grupo especial, tinha tudo para voltar em grande estilo à elite do samba paulista, mas o filme de terror do enredo acabou virando pesadelo na vida real da escola.
O elemento da comissão de frente quebrou e teve de ser rebocado por uma empilhadeira. O uso de equipamento estranho ao desfile levou a escola a perder 1,2 ponto, e o incidente ainda pode comprometer as notas de harmonia, evolução e alegoria, apesar de a agremiação ter terminado o desfile dentro do tempo máximo de 65 minutos.
Já a Unidos do Peruche entrou com uma ala incompleta (com apenas 12 componentes), o que deixou algumas pessoas do apoio muito nervosas, houve discussão, mas a escola conseguiu apresentar um bonito desfile. Resta saber o quanto isso prejudicará a escola, que tinha um dos melhores sambas da noite.
Já a Acadêmicos do Tucuruvi, que desfilou sem entrar de fato na competição por conta do incêndio que sofreu em seu barracão, não fez feio no que diz respeito à força e determinação da comunidade. Entraram cantando e preocupados com a evolução da escola, que levou o público por um passeio em museus, com direito a comissão de frente inspirada no filme “Uma Noite no Museu”.
O show tem que continuar
Na segunda noite do grupo especial em São Paulo, novamente várias escolas vão apostar na popularidade de artistas homenageados para tentar ganhar público e jurados. Alcione será lembrada pela Mocidade Alegre, que também vai falar do Maranhão, Vai-Vai escolheu Gilberto Gil para homenagear e Dragões da Real escolheu falar da alegria do caipira, com Sérgio Reis e Roberta Miranda como destaques.
Na contramão da música, a X-9 Paulistana abrirá a noite brincando com a trajetória da escola e com ditados populares, enquanto a Gaviões da Fiel escolheu uma lenda indígena tupi para falar sobre o município de Guarulhos. A Império da Casa Verde fala das lutas dos povos contra a injustiça. E, para fechar o Carnaval do grupo especial, a Unidos de Vila Maria homenageia o México e um de seus artistas mais amados pelos brasileiros: Roberto Bolaños, o Chaves.
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