Da periferia pro samba, estilista sem formação vira o queridinho das musas

O telefone toca. Do outro lado da linha, é a produtora de Wanessa Camargo perguntando se ele tem agenda para personalizar um sapato que a cantora vai usar num ensaio técnico da Mocidade Independente de Padre Miguel. Nem nos sonhos mais distantes, o estilista Kelvin Mendes, de 24 anos - mais conhecido como Kell -, imaginaria que o carnaval de 2017 seria de pouca folia e muito trabalho, mas aconteceu.
Nascido e criado na periferia de uma cidade da grande São Paulo, o sonho do rapaz era virar veterinário, mas há três anos descobriu que tinha o dom de desenhar e produzir modelos de roupas para festa, como o carnaval, e desde então não parou mais de trabalhar.
Após seis meses de trabalho no ateliê, Kell tinha outros planos para a vida, mas a carreira como estilista bateu de novo em sua porta.
"Meus amigos começaram a me cobrar, comecei a divulgar para eles e divulgar no Instagram. A Babi Muniz, que era Panicat na época, viu meu trabalho na internet e me pediu uma roupa, depois disso não parei mais".
No ano seguinte, Kell vestiu a modelo Renata Banhara em todos os ensaios técnicos do carnaval daquele ano. Tânia Oliveira, rainha da União da Ilha no Rio de Janeiro e Musa da Dragões da Real em São Paulo, também deixou o ateliê em que Kell começou a carreira e buscou o trabalho exclusivo do rapaz para as suas produções.
O estilista também produziu looks para um show de Wanessa recentemente. "Sou fã da Wanessa e poder trabalhar com ela foi incrível, foi muito legal quando ela me pediu outras produções além do carnaval".
Com um acervo de mais de 50 peças de pouco mais de três anos de trabalho, Kell aluga os looks ou produz peças exclusivas - mas quem quiser um trabalho do moço precisa tirar o escorpião do bolso. “Para alugar alguns dos meus vestidos a pessoa precisa desembolsar a partir de R$ 300. Agora, para uma peça exclusiva, um vestidinho mais básico para festa vai de R$ 500 a R$ 2000, depende do gosto da cliente. Crio peças com referências que elas mandam e também com a minha imaginação, nunca estudei moda, mas esse é o próximo passo das minhas prioridades, quero melhorar cada vez mais”.
Trabalho de mãe e filho
Quem vê toda o luxo e glamour das roupas produzidas por Kell na avenida não imagina que por trás dos brilhos e pedrarias tem um trabalho duro de mãe e filho. Dona Rosângela, de 48 anos, é deficiente física, mas ajuda o filho na hora do trabalho.
"Minha mãe coloca a mão na massa, me ajuda a bordar, a colocar a pedraria toda. Não foi uma vida fácil, sempre vivemos com pouco, mas nunca faltou nada, quero poder dar uma vida melhor para ela e hoje ela está muito feliz e orgulhosa do que está acontecendo, vendo nosso trabalho aparecendo". Com o boom deste carnaval, Kell também pretende melhorar a infraestrutura para receber as musas e todas as clientes.
"Ainda este ano pretendo abrir minha loja no centro, hoje atendo em casa, em um bairro de periferia, me preocupo com as meninas que vêm até aqui sem segurança, então quero montar meu negócio no centro para dar mais conforto a elas e todos os clientes que gostam do meu trabalho. Meu foco é continuar com humildade e dando um passo de cada vez para fazer meu nome no mercado".
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