Tentando perder peso e não consegue? Há 10 razões que podem explicar

Perder peso pode ser um desafio para muitas pessoas, mesmo com dieta e exercícios físicos. Mas contar calorias ou ganhar massa muscular pode não ser o suficiente para o ponteiro da balança descer.

Muitas vezes, a redução não acontece por diversos fatores, como desregulação hormonal, estresse crônico, falta de sono adequado, uso de certos medicamentos ou até mesmo pela não ingestão de água adequadamente.

Analisar a rotina é fundamental para entender onde está o problema e fazer o ajuste necessário. Conheça 10 razões que podem dificultar a perda de peso:

1) Desregulação hormonal

O desequilíbrio hormonal pode dificultar a perda de peso mesmo com uma alimentação bem equilibrada, adequada e com exercícios físicos regulares.

Um dos motivos pode ser o hipotireoidismo, uma diminuição dos hormônios da tireoide que deixa o metabolismo e o gasto de energia mais lentos.

Hormônios como testosterona e estradiol também podem modificar drasticamente o metabolismo e dificultar a perda de peso. Isso é percebido pelas mulheres durante o climatério e a chegada da menopausa ou pelos homens com o hipogonadismo (produção inadequada de hormônios sexuais) e baixos níveis de testosterona, favorecendo perda da massa muscular, acúmulo de gordura abdominal e aumento de riscos cardiovasculares.
Ciro Ventura, médico especialista em Obesidade e Emagrecimento pelo Hospital Albert Einstein (SP)

Desequilíbrios envolvendo a insulina, leptina, grelina e cortisol também podem dificultar a perda de peso. A boa notícia é que, para aqueles que necessitam e não possuem contraindicações, a reposição dos hormônios carentes pode devolver ao organismo a possibilidade de melhores resultados, aliado a um estilo de vida saudável.

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2) Estresse crônico

O estresse crônico é responsável por desajustes na microbiota intestinal, redução da produção de hormônios sexuais e elevação de hormônios como o cortisol, que apesar de extremamente importante para o bom funcionamento do organismo em níveis adequados, quando excessivo pode favorecer o ganho de peso e acúmulo de gordura.

Situações estressantes também podem ocasionar mudanças no padrão alimentar, como excesso de ingestão calórica e a opção por alimentos menos saudáveis, como doces. Pode afetar ainda a qualidade do sono e alterar hormônios relacionados ao ciclo circadiano.
Thiago Marocco, endocrinologista na Hospital Villa-Lobos, da Rede D'Or (SP)

3) Falta de sono adequado

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É durante o sono que nosso corpo se reorganiza para o dia seguinte. Noites mal dormidas trazem consequência não só para nossa concentração, mas interferem em outras partes do corpo.

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Dois famosos hormônios regulatórios do apetite, grelina (que confere fome) e leptina (que confere saciedade) são ajustados durante o sono. Mesmo uma única noite de sono de curta duração, fragmentado e/ou de má qualidade já promove maior secreção no dia seguinte de grelina e menor de leptina, aumentando o apetite e desejo alimentar.
Ciro Ventura, médico especialista em obesidade e emagrecimento pelo Hospital Albert Einstein (SP)

A falta de sono ou apneia do sono também mexem nos níveis de cortisol e melatonina, levando não só ao aumento do apetite e ao ganho de peso, mas outras alterações importantes como aumento de pressão arterial e dos níveis de glicemia.

4) Má alimentação para quem só se exercita

A atividade física não é um passe livre para o exagero alimentar. "Treinos de intensidade moderada a alta com duração de uma hora por dia costumam não promover gastos calóricos altos o suficiente para compensar grandes ingestões calóricas. Sem o devido controle das calorias ingeridas dificilmente haverá saldo negativo entre o que entra e se gasta", ressalta o nutrólogo Ciro Ventura.

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Para quem mantém exercícios regulares, o ideal é ter uma adequação calórica compatível com esse gasto, com uma quantidade de carboidratos e proteínas suficientes para produzir energia e ao mesmo recuperar a massa muscular.

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5) Sedentarismo para quem só faz dieta

Mesmo quem tem uma boa alimentação ou vive contando calorias pode se deparar com a dificuldade em perder peso. Embora comer bem seja muito importante, se seu objetivo é emagrecer, será preciso investir em exercícios físicos.

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O sedentarismo reduz a disposição, a massa muscular e piora o sono. Isso diminui o gasto calórico e, como já vimos, dormir mal altera hormônios que influenciam no acúmulo de gordura corporal.

Os exercícios melhoram o batimento cardíaco, respostas cardiovasculares, respiração, qualidade de sono, equilíbrio hormonal e imunidade. Tudo isso pode manter uma composição corporal adequada. Então, não fazer exercício, mesmo diante de uma dieta equilibrada, pode significar não perder peso.
Tânia Rodrigues dos Santos, nutricionista, especialista em fisiologia do exercício

6) Medicamentos

Diversas medicações psiquiátricas como mirtazapina, paroxetina, amitriptilina, haldol, quetiapina, risperidona, gapapentina e pregabalina podem modificar a percepção de saciedade pela piora da sensibilidade a leptina e favorecer o ganho de peso.

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Outros remédios também podem influenciar nessa questão, como antipsicóticos atípicos (exemplo, a olanzapina), alguns de controle da diabetes, anti-hipertensivos e até contraceptivos. Nestes casos, vale conferir com seu médico se há possibilidade de substituir esses medicamentos por outras opções que atendam o tratamento sem afetar a balança.

"Porém, muitos não possuem substitutos diretos, sendo interessante a manutenção do uso e acompanhamento conjunto com um médico nutrólogo para controle do ganho de peso promovido pelas medicações", aconselha Ventura.

7) Desequilíbrio nutricional

Nosso corpo necessita de nutrientes na medida certa para um comportamento equilibrado do organismo. A ingestão excessiva de carboidratos ou gorduras em relação a outros componentes da dieta pode levar ao excesso de calorias, dificultando a perda de peso. Já uma dieta pobre em proteínas, pode levar a perda de massa muscular, reduzindo o metabolismo. Isso torna mais difícil a queima de gordura.

Por outro lado, muito pouco carboidrato pode fazer com que o organismo reserve gordura como uma resposta de defesa para não ficar sem energia.

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Esse nutriente é importante para o funcionamento adequado do cérebro, fibras musculares, coração e outras partes do corpo. Ele tem relação com todo o funcionamento celular. Então esse consumo precisa ser equilibrado.
Tânia Rodrigues dos Santos, nutricionista e especialista em fisiologia do exercício

8) Não tomar água suficiente

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A água tem um papel importante na perda de peso. A ingestão adequada pode aumentar a saciedade, diminuir o apetite, além de auxiliar na digestão e na eliminação de toxinas.

"Organismos desidratados possuem lentificação do metabolismo como instinto protetor ancestral. É como se nosso organismo entendesse que, por não estarmos bem hidratados, estamos num cenário de deserto e, consequentemente, a sobrevivência torna-se prioridade. Para isso, o gasto energético pode ser reduzido, fazendo com que a ingestão habitual que possuímos de calorias supere o gasto e favoreça assim o ganho de peso ou dificulte o emagrecimento", explica Ventura.

Os famosos dois litros por dia são uma recomendação geral, mas a quantidade pode variar de acordo com diversos fatores individuais, climáticos e níveis de atividade física. A quantidade ideal gira em torno de 35-45 ml de água por quilo corporal. Por exemplo, para um indivíduo de 70 kg seria algo em torno de 2.450 ml a 3.150 ml.

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Um bom parâmetro para monitorar o nível de hidratação é a coloração da urina, se mais clara, está bem hidratado. Se mais escura, precisa melhorar a hibridação. Outro é a mucosa labial, se sentir ela mais seca, recomenda-se aumentar a ingestão de água.
Thiago Marocco, endocrinologista

9) Envelhecimento

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À medida que envelhecemos, perdemos massa muscular e com isso temos uma redução na taxa metabólica, o que leva nosso corpo a queimar menos calorias, tornando a perda de peso mais desafiadora. Isto pode ser potencializado ainda em casos de carências hormonais, como as enfrentadas pelas mulheres, especialmente após os 40 anos, e pelos homens com baixos níveis de testosterona.

Os exercícios físicos regulares podem atrasar essas alterações corporais, mas não impedi-las. Com o envelhecimento, passamos a ter referências diferentes de peso ideal de acordo com a faixa etária.

10) Falta de acompanhamento profissional

Não possuir um acompanhamento profissional de médico, nutricionista e/ou educador físico pode fazer com que boa parte dos esforços para a perda de peso sejam em vão, por um direcionamento incorreto ou genérico, como imitando o treino ou dieta de algum amigo ou conhecido.

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"Cada um de nós é muito individual e o trabalho personalizado sobre as necessidades pessoais faz com que os resultados sejam mais expressivos e duradouros. Além disso, emagrecer pode ser especialmente dificultoso para quem apresenta-se com sobrepeso ou obesidade, visto que ambos os quadros são marcados por modificações metabólicas desfavoráveis, que tornam o ganho de peso facilitado e a perda, dificultada", comenta o nutrólogo Ciro Ventura.

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