Açúcar mascavo, demerara, light: veja diferenças e melhor opção para adoçar

Basta uma breve passada na gôndola dos açúcares no supermercado para nos depararmos com uma grande variedade: mascavo, demerara, orgânico, refinado e até light. O que todos eles têm em comum é a origem na cana-de-açúcar, e as diferenças ficam por conta do processo de fabricação de cada um, adquirindo características nutricionais distintas.

O açúcar mascavo, por exemplo, contém mais minerais e é menos processado, enquanto o cristal passa por etapas que resulta na perda de nutrientes.

Seja qual for o tipo, os especialistas consultados por VivaBem são categóricos em dizer que o consumo deve ser evitado ou feito em pequenas quantidades, pois o excesso pode contribuir para problemas de saúde, como obesidade, diabetes e até mesmo Alzheimer, devido ao aumento nos níveis de glicose no sangue e alta ingestão de energia.

Segundo a OMS, o consumo máximo de açúcar para uma dieta de 2.000 calorias deve ser de 50 gramas por dia, ou seja, cerca de dez colheres de chá. Isso inclui aquele presente nos sucos de caixinha, refrigerantes, bolos, biscoitos e sobremesas.

"Os açúcares, de um modo geral, têm um alto índice glicêmico, o que significa que elevam rapidamente a taxa de glicose no sangue e dificultam a produção de insulina, podendo causar diabetes do tipo 2", alerta Cristina Lopes, nutricionista pela UFPE e especialista em nutrição clínica e esportiva e segurança alimentar.

Embora todos os tipos tenham um efeito negativo para a saúde a longo prazo, devido à composição, alguns são piores que outros. Se você não abre mão do açúcar no dia a dia, optar pelas versões com mais nutrientes pode ser uma boa ideia.

Mas se você estiver disposto a buscar alternativas, seja pela dieta, preocupação com a saúde ou controle do diabetes, o mercado dispõe de uma grande variedade de possibilidades, como adoçantes artificiais, naturais, mel e agave. Mais para frente falaremos sobre eles e qual a opção mais saudável, segundo especialistas consultados pela reportagem.

Antes, confira a lista do melhor para o pior açúcar de cana e o que compõe cada tipo.

Imagem
Imagem: iStock
Continua após a publicidade

Mascavo

Apesar de todo açúcar de cana ser um carboidrato simples rico em calorias, essa é sem dúvida a melhor opção entre as alternativas feitas a partir dessa matéria-prima. "Mascavo é o açúcar em sua forma bruta. A forma mais natural. Não sofre refinamento e, portanto, são preservados o cálcio, o ferro e os minerais que fazem parte da composição da cana-de-açúcar", comenta Lopes.

Entre esses minerais estão zinco e magnésio, importantes para a imunidade, pele e depressão.

Os grãos maiores do mascavo não diluem tão facilmente quanto as outras opções, além de adicionar um sabor característico próximo a rapadura.

Demerara

Levemente refinado, ele perde alguns poucos nutrientes no processo de purificação e refinamento, preservando alguns minerais presentes na cana-de-açúcar por não levar aditivos químicos. Diferente do mascavo, consegue diluir com mais facilidade e tem um sabor mais suave.

Continua após a publicidade

Orgânico

O processo de refino deste tipo de açúcar não recebe aditivos químicos, o que mantém os nutrientes, assim como uma coloração mais amarelada. Além disso, durante a produção não são usados adubos nem fertilizantes químicos, bem como agrotóxicos.

Cristal

Composto por cristais grandes e irregulares, este tipo de açúcar passa por um processo de purificação durante a fabricação, onde recebe alguns aditivos químicos como enxofre para dar a coloração branca, o que leva à perda de 90% dos sais minerais e vitaminas presentes naturalmente na cana-de-açúcar.

Refinado

Este é o açúcar mais consumido pelo brasileiro. É o mesmo que o açúcar cristal, só que seus grãos são ainda mais triturados e branqueados. Durante o processo de refinamento, ele perde ainda mais nutrientes, restando apenas a sacarose (glicose + frutose).

Continua após a publicidade

Light

"O termo açúcar light geralmente se refere a uma versão que contém uma mistura de açúcar refinado (sacarose) e adoçantes de baixas calorias, como aspartame ou sucralose. Essa combinação visa reduzir o teor calórico em comparação com o açúcar tradicional", explica Isolda Prado, médica nutróloga, docente e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) e professora de nutrologia da UEA (Universidade do Estado do Amazonas).

Prado salienta que embora esses produtos possam ser menos calóricos, o uso de adoçantes artificiais também deve ser moderado. Além disso, pessoas com diabetes devem evitar o consumo ou fazê-lo apenas após indicação médica. Esta também é uma opção pobre em vitaminas e minerais.

Açúcar de confeiteiro

O açúcar de confeiteiro também é produzido a partir do açúcar cristal. Ele passa por um processo de moagem ou trituração ainda maior que o refinado, com objetivo de reduzir os grãos de açúcar. O resultado é um pó extremamente fino, geralmente usado para preparo de sobremesas como chantili e glacês. Não é tão comum para adoçar, e sim para dar acabamento e textura às preparações.

Assim como o cristal e o refinado, é pobre em nutrientes e durante a sua fabricação recebe amido na fórmula, para que os grãos superpequenos não voltem a se unir novamente.

Continua após a publicidade

Açúcar de coco, xilitol, stevia e agave são alternativas

Apesar do que o nome sugere, o açúcar de coco é produzido a partir da seiva do coqueiro. Sua formulação não contém conservantes, nem passa por processos de refinamento, o que mantém seus nutrientes, como zinco, potássio, magnésio, ferro e vitaminas do complexo B, além de inulina, uma fibra prebiótica que retarda a absorção de açúcar no sangue e evita prisão de ventre.

Apesar de ser calórico, o açúcar de coco tem um índice glicêmico mais baixo que o açúcar refinado, mas ainda assim deve ser evitado por diabéticos.

Já o xilitol é um adoçante natural, advindo das fibras de frutas e vegetais como ameixa, framboesa e couve-flor. Tem 40% menos calorias e pode ser consumido por diabéticos, já que não eleva a glicemia como o açúcar de cana e de coco. A desvantagem do xilitol é a sua digestão, contraindicado para quem tem síndrome do intestino irritável.

"O xilitol tem propriedades que podem causar diarreia, então seu efeito pode ser desagradável quando consumido em quantidades maiores. Porém, qualquer adoçante é preferível ao uso de açúcar quanto ao manejo do diabetes", salienta Ronaldo Pineda Wieselberg, endocrinologista do Hospital Santa Isabel (SP) e diretor-presidente da Associação de Diabetes Juvenil - Diabetes Brasil.

Uma outra forma de adoçar é com xarope de agave. Extraído de um tipo de cacto, é composto basicamente de frutose, com calorias semelhantes às do açúcar, mas com baixo índice glicêmico. Por ser muito doce, exige uma menor quantidade para adoçar. Além disso, é rico em nutrientes como vitaminas A, C, riboflavina, niacina, diversos minerais e inulina.

Continua após a publicidade

Existem dois tipos de xarope de agave, a seiva de agave, extraída naturalmente da planta, e o néctar de agave. Este último, depois de aquecido, recebe enzimas que diminuem os nutrientes e seus benefícios.

Uma alternativa também é a stevia, um adoçante natural obtido da planta Stevia rebaudiana. Tem poucas calorias e pode ajudar na regulação do apetite e no controle dos níveis de açúcar no sangue. Também aumenta o colesterol HDL (o bom), reduzindo o risco de problemas cardiovasculares. Pode ir ainda em receitas cozidas ou assadas, já que mantém suas propriedades em temperatura de até 200°C.

Qual a melhor opção pra adoçar: açúcar, adoçante, mel ou agave?

Podemos dividir os adoçantes entre artificiais e os naturais. Os artificiais são desenvolvidos em laboratório e muitos são derivados do petróleo. Alguns exemplos são aspartame, sacarina e ciclamato.

Já os naturais são derivados de plantas, frutas e vegetais ou subprodutos de animais, como o mel, obtido pelas abelhas a partir do néctar das flores. Este último, apesar de ser um alimento bastante nutritivo, com poder antioxidante e anti-inflamatório, tem um valor calórico semelhante ao açúcar, embora tenha um índice glicêmico menor.

Levando em consideração diversos fatores, como calorias, glicose, nutrientes e reações adversas, a melhor alternativa para adoçar fica com a stevia, embora seu sabor residual acabe incomodando alguns paladares. "O açúcar de cana é a pior opção", afirma a nutricionista Cristina Lopes.

Continua após a publicidade

No fim das contas, todos tem prós e contras, dependendo dos objetivos, preferências pessoais e estado de saúde. O importante é sempre consumir com moderação.

"A melhor opção é comer sem qualquer adoçante, se acostumando com o sabor do alimento. Quaisquer açúcares provocarão aumento de glicose e ganho de peso, o mesmo se aplica ao mel. Estudos mais recentes indicam que o consumo de adoçantes altera as bactérias do trato intestinal, e isso pode levar a problemas não muito bem esclarecidos ainda", diz Wieselberg.

Caso tenha dúvidas ou questões específicas de saúde, consulte um profissional de saúde especializado na área.

Deixe seu comentário

Só para assinantes