Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Remédio para afta: o que é bom tomar e o que piora a dor?

Saiba qual remédio para afta é bom tomar e como aliviar a dor - iStock
Saiba qual remédio para afta é bom tomar e como aliviar a dor Imagem: iStock

Diana Cortez

Colaboração para VivaBem

13/04/2023 04h00

Poucas coisas incomodam mais do que uma afta na boca. A dor e a irritação na região levam as pessoas a imediatamente procurarem remédios para aftas, que ajudem a aliviar o sintoma.

Na grande maioria dos casos, as aftas se curam sozinhas no período entre uma semana e 15 dias sem a necessidade de medicamentos. No entanto, alguns pacientes que são menos tolerantes à dor ou têm sua qualidade de vida impactada pelas lesões —seja para se alimentar ou se comunicar—, preferem fazer uso de medicamentos para aliviar o incômodo.

É importante procurar a orientação de um estomatologista especialista da área de odontologia que estuda essa condição —para o diagnóstico correto, já que algumas lesões que lembram aftas podem se confundir com outras condições.

Assim, também se evita a automedicação, que pode acarretar muitos efeitos colaterais e até mesmo atrasar o diagnóstico do quadro.

Remédio para afta: veja o que é indicado

Analgésicos e anestésicos

Para aliviar a dor gerada pelas lesões, podem ser prescritos analgésicos convencionais, como a dipirona (Novalgina®, Anador®) e o paracetamol (Tylenol®), para serem consumidos via oral.

Ou produtos para serem aplicados no local da lesão (gel, pomada ou spray de uso tópico), que promovam alívio temporário por conterem substâncias anestésicas, como a lidocaína (Malvatricin®), a benzocaína (Malvona®) e a procaína (Aftine®, Bismu-Jet®), possibilitando que o paciente possa diminuir o desconforto para se alimentar.

Nitrato de prata

Trata-se de uma substância cáustica vendida em bastão (Multinature®) ou em solução a 0,1% produzida por farmácias de manipulação, que promove a queimadura química (cauterização) da lesão. Dessa maneira, destrói as terminações nervosas do tecido, eliminando a dor local durante o processo de cicatrização.

Por outro lado, sua aplicação é dolorida e ainda há o risco de causar queimadura na mucosa saudável, por isso é aconselhado que este tratamento seja feito em consultório, por um dentista.

Suplementos vitamínicos

A aftas podem ter diversas causas e uma delas parece estar relacionada à insuficiência de ferro, ácido fólico, vitaminas do complexo B e zinco. Portanto, se esse for o caso, que deve ser confirmado com os exames de sangue, o consumo de suplementos que fazem a reposição desses nutrientes beneficiarão esses pacientes.

Portanto, a orientação deve ser feita em conjunto com um nutricionista ou médico nutrólogo.

Anti-inflamatórios

Também podem ser indicados os medicamentos de uso tópico para controlar o processo inflamatório e acelerar a cicatrização, como as pastilhas e os produtos para bochecho (colutórios) formulados com cloridrato de benzidamin (Flogoral®, Ciflogex® e Angino-Rub®), que também atuam aliviando a dor. E, em geral, evitam-se os anti-inflamatórios orais por conta do risco de causar danos nos rins e no fígado.

Há ainda produtos com poderosas substâncias naturais, como o extrato fluído de camomila (Ad-Muc®) e rosas rubras (Desaftan® e Aft Rub®), que também apresentam ação anti-inflamatória, cicatrizante e calmante.

Corticoides

Essa categoria de medicamentos também promove uma ação anti-inflamatória sobre a lesão, acelerando a sua cicatrização. Nos quadros leves, podem ser indicados as substâncias menos potentes, como a triancinolona acetonida e o acetato de hidrocortisona, que estão em fórmulas de cremes (Oncicrem-A®), sprays ou soluções para bochecho (Colujet®) com efeito local.

Já os pacientes que apresentam quadros intensos, com aftas dolorosas em maior quantidade e mais frequentes, podem ter a prescrição de corticoides potentes (dexametasona e prednisona), para um tratamento sistêmico, via oral, com o objetivo de espaçar a recorrência das lesões e acelerar a cicatrização das feridas.

Nas lesões grandes e muito incômodas, ainda existe a possibilidade de infiltração de corticoide no local da afta para acelerar a cicatrização, mas não é um tratamento comum.

Medicamentos imunomoduladores

Eles podem ser uma opção de tratamento para os pacientes que apresentam aftas intensas quando as opções anteriores não funcionam. Essas drogas devem ser diluídas em água para a realização de dois a quatro bochechos por dia.

É o caso do vasodilatador pentoxifilina, do anti-inflamatório colchicina, e dos antibióticos tetraciclina e minociclina, que, segundo estudos, diminuem a atividade de enzimas produzidas por células inflamatórias, reduzindo a recorrência e o número das lesões.

A fotobiomodulação ou a aplicação de laser sobre a lesão também vem sendo bastante usada nos consultórios odontológicos, uma vez que diminui a inflamação local e acelera o processo de cicatrização da lesão.

Talidomida

Esse medicamento de uso restrito também oferece efeito anti-inflamatório nos quadros muito intensos que não demonstraram melhora com as opções citadas anteriormente. Isso porque não é um medicamento normalmente indicado para mulheres em idade reprodutiva, uma vez que causa malformação fetal.

Imunobiológicos

Indicados para tratar doenças reumatológicas (artrite reumatoide) e doenças intestinais inflamatórias (colite ulcerativa e doença de Chron, por exemplo), esses medicamentos injetáveis —adalimumabe (Humira®) ou anfliximabe (Remicade®)— surgem como uma opção para controlar quadros de aftas muito graves (bastante intensos e recorrentes).

Eles possuem ação antifator de necrose tumoral (ou anti-TNF), proteína que medeia alguns processos inflamatórios no corpo e que costuma apresentar níveis aumentados em pacientes que sofrem com os quadros graves de afta. Portanto, ao bloquear a ação dessa substância, controlaria a formação das lesões orais.

Remédios caseiros para as aftas

Existem poucas evidências científicas em relação a medidas e remédios caseiros que possam ser efetivos no tratamento das aftas, mas algumas apostas são:

  • Aplicar gelo para aliviar a dor da lesão.
  • Bochechos com chá frio de aroeira ou de camomila, já que essas plantas possuem ação antimicrobiana e anti-inflamatória.
  • Aplicação de mel sobre a lesão devido às suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias.
  • Uso de própolis sem álcool diluída para bochecho, já que a substância tem propriedades antimicrobianas e cicatrizantes que ajudam a acelerar o processo de cura.

O que não funciona para tratar aftas

Bochecho com leite de magnésia, oxigenada, chá de gengibre, hortelã, alecrim... Apesar de existirem diversas receitas caseiras com a "intenção" de tratar as aftas, não existe comprovação científica de que elas funcionam. Por isso o melhor a se fazer é buscar um profissional que oriente o paciente se o quadro estiver incomodando.

Também deve-se evitar produtos abrasivos ou irritativos como os enxaguantes bucais com álcool, o bicarbonato de sódio em pó e o sal.

Neste caso, prefira usar produtos vendidos em farmácia que tenham fórmulas naturais, com indicação para tratar a afta ou ainda antissépticos bucais com clorexina (PerioGard®, Perioxidin® e Periotrat®), para evitar que as lesões infeccionem por conta das bactérias presentes na boca.

Fontes: Luiz Alcino Gueiros, professor de estomatologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Isabel Schausltz, cirurgiã-dentista, estomatologista e pesquisadora de pós-doutorado na Faculdade de Odontologia de Piracicaba; e Celso Augusto Lemos Júnior, professor livre-docente do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da USP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral.