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Caso Shakira: o que a ciência diz sobre a traição? Dá para perdoar?

Shakira e Piqué na final da Copa Davies de tênis em 2019, em Madri - Europa Press Entertainment/Europa Press via Getty Images
Shakira e Piqué na final da Copa Davies de tênis em 2019, em Madri Imagem: Europa Press Entertainment/Europa Press via Getty Images

Do VivaBem*, em São Paulo

17/01/2023 11h43

A nova música da cantora Shakira foi interpretada por fãs como uma indireta para o ex-marido Gerard Piqué. "Music Sessions", que já bateu 100 milhões de visualizações no YouTube, fala sobre uma traição e tem versos provocativos, como "Desejo que você fique bem com minha suposta substituta".

A traição pode ocorrer em diversos relacionamentos, como entre pais e filhos, amigos e até no trabalho, mas é mais comum associarmos o comportamento a casos extraconjugais. O tema é estudado há anos pela ciência. Veja o que alguns estudos já descobriram:

  • Os mais jovens são mais propensos a trair a confiança de um parceiro, assim como os indivíduos que afirmam ter pouca satisfação geral com o relacionamento. A conclusão é de um estudo publicado no periódico Journal of Personality and Social Psychology em 2018, que analisou 233 casais e mapeou os principais contextos em que as "puladas de cerca" acontecem.
  • Homens que se envolveram em muitas relações de curto prazo antes de se casarem também eram os melhores candidatos à infidelidade nos anos seguintes.
  • Mas com as mulheres aconteceu o contrário: as monogâmicas em série eram mais propensas a buscar um envolvimento extraconjugal.
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Imagem: Getty Images/iStockphoto

Traição tem gênero?

  • Um estudo publicado em 2016 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com a Pfizer, ouviu três mil brasileiros e os resultados mostraram que 50,5% dos homens admitiram que já "pularam a cerca" ao longo dos relacionamentos.
  • Entre as mulheres, o número foi de 30,2%.
  • Já uma pesquisa publicada no periódico Archives of Sexual Behavior em 2011, feita com casais heterossexuais, mostrou que a infidelidade é comum tanto em homens quanto em mulheres.
  • Os cientistas pediram para que 506 homens e 412 mulheres que tinham um relacionamento monogâmico respondessem um questionário sobre diversos temas, incluindo infidelidades.
  • Os resultados mostraram que 23% dos homens e 19% das mulheres indicaram que já traíram o parceiro atual.

Tema deve ser discutido pelo casal?

Embora falar abertamente sobre traição ainda seja um tabu entre muitos casais, é fundamental discutir o assunto, segundo especialistas ouvidos por VivaBem.

A conversa pode ajudar a enxergar até que ponto vai o limite do outro.

É preciso alinhar as expectativas em relação ao namoro ou casamento. Às vezes para uma pessoa funciona a monogamia. Já para a outra, não. Vanessa Karam, psicóloga da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Dá para perdoar?

Danos emocionais causados pela infidelidade podem ser de difícil superação.

  • Estudo publicado no Sexual Addiction & Compulsivity revelou que as esposas dos homens que tinham um alto padrão de infidelidade, quando confrontadas aos eventos de deslealdade de seus parceiros, experimentaram sintomas de estresse semelhantes aos vividos pelos indivíduos com TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), transtorno que pode afetar pessoas que sofreram eventos traumáticos como sequestros ou guerras.

Se a pessoa se sentiu ou foi traída, perdoar ou não é uma decisão individual. O fundamental é reconhecer o que houve e organizar os sentimentos.

  • Se optar por seguir na relação, é recomendável não projetar, elaborar pensamentos fantasiosos e achar que o parceiro (a) está traindo novamente. Essas ações só pioram e desgastam a convivência.
  • Já se a decisão for pelo término, o melhor é seguir em frente e ver o quanto aquela traição o prejudicou e tentar não levar as frustrações para os próximos relacionamentos.
  • Tente se abrir com pessoas próximas a você e que, de preferência, não o julgue. Além disso, se os efeitos estiverem muito nocivos, o ideal é fazer um acompanhamento com um psicoterapeuta.
*Com informações de reportagens publicadas em 18/01/2021, 15/04/2018 e 28/02/2018.