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Probióticos x prebióticos: entenda diferença e como eles ajudam o intestino

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

28/10/2022 04h00

Considerado o nosso "segundo cérebro", o intestino recebeu os holofotes da ciência nas últimas décadas, tamanha sua importância para processos metabólicos do corpo que vão além da simples digestão.

Sistema imunológico, saúde mental e até nosso humor podem ser influenciados por este órgão, que é composto por trilhares de bactérias —de acordo com um estudo publicado por cientistas israelenses e canadenses, esse número é de 39 trilhões, em média— que compõem a nossa microbiota intestinal.

No intestino, o microbioma é composto em sua maioria por bactérias consideradas benéficas para o corpo e que ajudam o bom funcionamento do órgão. No entanto, elas não são as únicas: estresse, má alimentação e até alimentos contaminados podem bagunçar esse equilíbrio e abrir espaço para a proliferação de bactérias consideradas "do mal" ou patogênicas, causadoras de doenças.

Esses microrganismos aumentam o risco para inflamações crônicas que acabam prejudicando nosso sistema imune e impactando de forma negativa os processos do organismo que dependem do intestino.

É aí que entram dois aliados da boa saúde intestinal: os probióticos e os prebióticos. Ambos são importantes para manter a microbiota em equilíbrio e contribuem para a nossa saúde como um todo. Mas qual a diferença entre eles? E como podemos consumi-los de forma segura?

Probióticos x prebióticos: qual a diferença?

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), probióticos são "micro-organismos vivos que, quando ingeridos em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro."

"São bactérias que, quando consumidas com a orientação correta, são capazes de equilibrar a microbiota intestinal, evitando o desenvolvimento de bactérias que causam doenças", explica Virginia Maria Figueiredo, gastroenterologista e assessora médica da Diagnoson a+, na Bahia.

As cepas de bactérias mais comuns usadas em probióticos são as Lactobacillus e as Bifidobacteria. As Bacillus, Streptococcus e Escherichia também são conhecidas como probióticos importantes.

Há duas formas de ingerir probióticos: por suplementação (em sachês ou cápsulas) e consumindo alimentos que têm boas quantidades deles. Alguns exemplos são: produtos lácteos (iogurte, coalhada, kefir) e bebidas e vegetais fermentados (como repolho e o kombucha).

Já os prebióticos são carboidratos não digeríveis que estão presente em alguns alimentos, e basicamente servem de alimento para as bactérias benéficas —os probióticos—, estimulando sua reprodução no intestino.

Bons exemplos de prebióticos são as fibras (como a pectina) e o amido encontrado em alimentos como tomate, trigo, banana, cebola, casca de maçã e oleaginosas.

As cascas de frutas e vegetais, aliás, são uma importante fonte de prebióticos por conter uma boa quantidade de fibra alimentar.

Qual o papel deles na saúde do intestino?

Como falamos, os prebióticos são o alimento das bactérias "do bem". Quando elas estão bem alimentadas, a chance de se multiplicarem de forma saudável e equilibrada aumenta, mantendo o intestino saudável.

Além disso, os prebióticos também têm um papel importante na formação do bolo fecal, facilitando a eliminação das fezes e ainda reduzindo o risco de prisão de ventre.

Já os probióticos, ou as bactérias benéficas, são importantes para o bom funcionamento do intestino —o que tem impacto direto na nossa saúde como um todo.

"O principal papel dos probióticos é impedir a proliferação das bactérias patogênicas causadoras de doenças", afirma Figueiredo.

De acordo com Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta, os probióticos também ajudam a reduzir a inflamação crônica do corpo, modulando e fortalecendo o funcionamento do sistema imunológico e ainda contribuindo para a melhor absorção de vitaminas e minerais.

Essa capacidade de reduzir a inflamação crônica, aliás, é o que está por trás de diversos estudos que apontam que os probióticos auxiliam nos tratamentos à obesidade, ao diabetes e à hipertensão —doenças que têm um componente inflamatório importante.

Quando é preciso suplementar?

Quando existe uma disbiose no intestino. "Dessa forma, será possível repovoar a microbiota intestinal com as bactérias benéficas, reequilibrando a saúde intestinal", explica Rogério Alves, gastro-hepatologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Quem tem uma intoxicação alimentar ou uma virose, por exemplo, com sintomas como náuseas e diarreia, certamente vai se beneficiar da ingestão de probióticos para se recuperar mais rapidamente.

O mesmo vale para quem precisa tomar antibióticos com frequência, já que a medicação, que combate bactérias, acaba também afetando os microrganismos que fazem bem à saúde.

Por fim, pacientes com doenças crônicas intestinais como síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal e retocolite ulcerativa também têm os sintomas amenizados com o uso de probióticos.

Embora existam suplementos de prebióticos no mercado, uma alimentação saudável e equilibrada é capaz de suprir essa necessidade do corpo sem nenhum problema —a menos, claro, que a suplementação seja recomendada por um profissional da saúde com alguma finalidade específica.

Posso suplementar por conta própria?

Não. Assim como qualquer suplementação (seja de vitaminas, minerais e até de probióticos), ela deve ser feita apenas com orientação de um profissional da saúde. "O fato de os probióticos trazerem benefícios à saúde não significa que podem ser consumidos indiscriminadamente", alerta Figueiredo.

Além disso, de acordo com Gustavo Patury, cirurgião do aparelho digestivo dos hospitais São Luiz Itaim e Vila Nova Star, cada microbiota intestinal é única. Por isso, é fundamental avaliação médica para saber se, de fato, a pessoa precisa dessa suplementação e, se sim, quais seriam as cepas mais indicadas para ela.

Já as pessoas saudáveis não têm benefício com a suplementação. "Isolados, prebióticos e probióticos não tornam ninguém mais saudável", avisa Figueiredo.

Ela acrescenta que, para ter uma microbiota saudável, é fundamental manter uma dieta saudável, com alimentos naturais e poucos ultraprocessados, realizar atividade física e cuidar da saúde mental, contribuindo assim para o equilíbrio desses microrganismos no intestino.

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