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Melhora da imunidade e mais: 5 benefícios de cuidar da saúde intestinal

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Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

14/10/2022 04h00

Quando falamos em doenças, é comum lembrarmos das bactérias patogênicas, aquelas causadoras de infecções sérias em diversas partes do corpo. Mas as bactérias também podem ter um lado bom e ajudar a fortalecer a nossa saúde quando estão presentes em nosso intestino.

Pois é, esse órgão, que até algum tempo atrás era considerado "apenas" como responsável por uma etapa da digestão, revelou-se importantíssimo para a saúde global do nosso organismo.

"O intestino possui uma imensa variedade de microrganismos, a maioria deles, bactérias consideradas benéficas por contribuírem com diversos processos do nosso corpo", afirma o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

De fato, os cientistas estimam que sejam tantas bactérias que o número chegue à casa dos trilhões. A esse conjunto, que tem a composição diferente de pessoa para pessoa, damos o nome de microbiota intestinal.

Por que cuidar da microbiota é importante?

A microbiota intestinal é composta em sua maioria por bactérias consideradas benéficas. Mas existem também algumas potencialmente patogênicas, ou seja, que podem provocar algum problema de saúde se estiverem proliferando demais.

A esse desequilíbrio damos o nome de disbiose. "Esse desbalanço pode aumentar a produção de substâncias tóxicas que podem interferir em microbiotas presentes em outras partes do corpo, como a da pele", explica Filho.

Não à toa, alguns estudos já relacionam a disbiose em mulheres aos casos de candidíase de repetição —já que o Candida, fungo causador da doença, é um dos microrganismos que acaba se reproduzindo demais quando existe um desequilíbrio na microbiota.

A seguir, veja alguns benefícios que cuidar do intestino traz à sua saúde:

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1. Reforço na imunidade

Diversos estudos já demonstraram que existe uma conexão entre o sistema imunológico e o equilíbrio da microbiota intestinal. Um deles, publicado na revista Nature, por exemplo, aponta que o desequilíbrio de bactérias poderia provocar uma ativação errônea das células de defesa do corpo, gerando uma reação inflamatória que poderia predispor a doenças como obesidade, câncer e problemas cardiovasculares.

O intestino também funciona como uma barreira contra toxinas e outros microrganismos que entram no nosso corpo por meio dos alimentos, por exemplo, e podem fazer mal à saúde.

"Com o processo inflamatório, a resposta do sistema imunológico a essas ameaças fica comprometido, aumentando o risco de infecções causadas por patógenos", afirma o médico Bruno César Silva, coordenador da gastroenterologia do Hospital da Bahia, em Salvador.

Além disso, é no intestino que ocorre a absorção do zinco e da vitamina D, duas substâncias importantes por modularem e fortalecerem o sistema imunológico do corpo —e isso só ocorre quando a microbiota está equilibrada.

2. Melhora na absorção de nutrientes

Além da absorção de zinco e vitamina D, outros nutrientes importantes para o funcionamento do corpo também são absorvidos no intestino. É o caso das vitaminas A, C e do complexo B, além dos minerais ferro e cálcio.

Quando o órgão não está funcionando bem, portanto, esse trabalho é prejudicado e causa deficiência de nutrientes no organismo, prejudicando outras funções e processos vitais para o corpo.

3. Ajuda no emagrecimento

Em 2012, um estudo publicado na revista científica Nature revelou que indivíduos obesos teriam predominância de um tipo específico de bactéria na microbiota intestinal; já os indivíduos magros teriam essas mesmas bactérias em menor quantidade.

A obesidade é uma doença multifatorial e, claro, só esse estudo não a explica. Mas ele expõe uma importante relação entre o problema e a qualidade da microbiota de pessoas que têm obesidade.

"Além disso, quando o intestino está em equilíbrio, as bactérias 'do bem' auxiliam no aumento do gasto metabólico do corpo, além de reduzir o processo inflamatório que está presente no quadro de obesidade", acrescenta Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta, em São Paulo.

4. Previne doenças neurodegenerativas

A resposta imune inadequada gerada pela disbiose intestinal e o processo inflamatório crônico gerado no corpo têm consequências também para a saúde do cérebro. Alguns cientistas já estabelecem relações entre doenças neurológicas e neurodegenerativas a esse quadro causado pelo desequilíbrio das bactérias do intestino.

Um estudo realizado na Universidade de Genebra, na Suíça, por exemplo, revelou que a disbiose intestinal pode provocar o surgimento de placas amiloides no cérebro, um fator de risco para o Alzheimer.

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5. Melhora o humor e a saúde mental

Mais de 90% de toda a serotonina do nosso corpo é produzida no intestino. E não para por aí: é no órgão que são fabricados neurotransmissores como a noradrenalina e dopamina, um combo conhecido por seus efeitos de bem-estar e regulação de humor.

Por isso, não é exagero dizer que, quando o intestino vai mal, o quadro pode ser um gatilho importante para desencadear ansiedade, depressão e compulsão alimentar.

Durval Ribas Filho lembra ainda que esses neurotransmissores têm um papel importante na capacidade intelectual. "Ou seja, o equilíbrio da microbiota também aumenta nossa capacidade cognitiva, além de impactar positivamente na saúde mental", afirma.

Como cuidar do seu intestino?

Ok, você já deve ter se convencido da importância de manter a sua microbiota intestinal feliz e em equilíbrio. Mas como fazer isso?

Não tem segredo: mais uma vez, a combinação de alimentação saudável e prática de atividades físicas regulares se mostra importantíssima para o nosso corpo —em especial, para o intestino.

Nesse sentido, a recomendação é a boa e velha "desembrulhar menos, descascar mais", ou seja, privilegiar alimentos in natura e comida feita em casa ao invés de optar por industrializados com altas doses de sódio, açúcares e gorduras.

"Aumentar o consumo de fibras e a ingestão de água, bem como de gorduras boas como o ômega 3, ajudam no funcionamento do intestino e ainda promovem o crescimento de uma microbiota mais saudável", afirma Silva.

Outro ponto importante é manter bons hábitos de vida, como evitar fumar e ingerir bebida alcoólica em excesso. "Ter uma boa noite de sono e manejo do estresse também são importantes para regular a produção hormonal do corpo, o que influencia no funcionamento do intestino", explica Grecco.