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Varíola dos macacos: há risco de um novo lockdown por causa da doença?

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Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

05/08/2022 09h01

Os casos de varíola dos macacos não param de aumentar. A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a doença configura emergência de saúde pública de interesse internacional. Até o momento, cerca de 25 mil casos da doença já foram registrados em 83 países no mundo, de acordo com o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA).

No Brasil, já são mais de mil casos confirmados e uma morte. A avaliação dos especialistas consultados por VivaBem, no entanto, é de que o impacto da varíola dos macacos na rotina das pessoas não será tão grande quanto foi a covid-19, que fez com que boa parte do mundo adotasse medidas de lockdown ou isolamento.

"A doença tem outra história natural", afirma Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). A varíola dos macacos tem uma mortalidade bem menor do que a doença causada pelo coronavírus e a maioria dos casos são leves e não precisam de internação. "Em algumas pessoas imunossuprimidas, idosos ou crianças a doença pode levar a um caso grave ou óbito, mas não vai haver medidas restritivas", diz o médico.

Até agora, não foram registrados casos prolongados de varíola dos macacos, como da covid prolongada que afetou muitos pacientes, nem sequelas graves, mas é possível que alguns pacientes desenvolvam um quadro grave da doença e possam precisar de internação. Os grupos mais vulneráveis são de pessoas imunossuprimidas, idosos, crianças e gestantes.

As lesões de pele podem ser mais profundas e deixar cicatrizes. Em alguns casos mais graves, pode haver alterações do sistema nervoso central ou o desenvolvimento de uma pneumonia, o que talvez exija uma internação do paciente, mas os especialistas reforçam que são exceções. "A maior parte das pessoas não precisa ser internada", afirma Viviane de Macedo, infectologista no Hospital Santa Casa de Curitiba (PR) e professora da Universidade Positivo.

A pressão sobre o sistema de saúde pode acontecer por conta do aumento da busca por diagnóstico, o que pode sobrecarregar os ambulatórios e pronto-socorros, mas não as UTIs em busca de leitos. "Os países fizeram lockdown porque havia pressão por leitos em hospitais, enfermarias e UTIs, não tinha leito para todo mundo, mas a varíola dos macacos tem uma evolução benigna na maioria dos casos. Pode haver pressão por atendimento, porque o número de casos vai aumentar, mas não é uma doença que precisa de hospitalização", explica a infectologista. Na maioria dos casos, o tratamento requer isolamento domiciliar e não internação.

Para Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), dificilmente vai haver sobrecarga do sistema de saúde, como aconteceu com a covid-19, que fez com que toda a rede do SUS (Sistema Único de Saúde) e de hospitais particulares ficasse voltada para tratamento de uma só doença.

"Uma doença nova gera uma demanda, é preciso treinar mais profissionais, comunicar a população e educar melhor as pessoas, mas já existe um entendimento de que o monkeypox não tem a velocidade nem capacidade de contaminação igual à do coronavírus e outras doenças respiratórias", afirma a médica. "É uma doença mais lenta e com menor capacidade de transmissão, com contágio por contato pela pele, uma disseminação tão rápida e intensa não é esperada", explica.

Para Naime, neste momento, é importante informar a população sobre como se proteger da doença. "Não vai haver medidas restritivas, mas deve haver orientação para diminuir os riscos de contrair o vírus, porque todas as pessoas estão suscetíveis à doença."