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Atriz 'perdeu' parte do cérebro após aneurismas e não tem sequelas; entenda

Emilia Clarke, 35, teve dois aneurismas - AFP
Emilia Clarke, 35, teve dois aneurismas Imagem: AFP

Do VivaBem, em São Paulo

18/07/2022 15h30

A atriz Emilia Clarke, 35, famosa por interpretar Daenerys Targaryen em "Game of Thrones" (HBO), contou em entrevista que "parte do cérebro não funciona" após sofrer dois aneurismas, em 2011 e 2013.

"Tem uma quantidade do meu cérebro que não é mais utilizável, e é notável que eu seja capaz de falar, às vezes de forma articulada, e viver minha vida completamente normal, sem absolutamente nenhuma repercussão. Estou na minoria muito, muito, muito pequena de pessoas que podem sobreviver a isso", disse ao "Sunday Morning BBC", no domingo (17).

Um aneurisma é a dilatação anormal de uma artéria. Essa bolsa pode se romper e causar hemorragia cerebral e, consequentemente, uma série de complicações, como sequelas temporárias ou permanentes.

Segundo o neurocirurgião Feres Chaddad, com a ruptura, 50% dos pacientes morrem, 25% dos que sobrevivem ficam com sequelas permanentes e 25% ficam bem após sofrer a ruptura de um aneurisma. Na entrevista, Emilia Clarke compartilhou que sofreu com "dor de cabeça excruciante e vômitos enormes", característicos da ruptura, de acordo com especialista.

"O aneurisma causa alguma alteração quando rompe. No caso da atriz, é indicativo que isso aconteceu porque ela teve dor de cabeça súbita e intensa", explica Chaddad, que é chefe da disciplina de neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O que determina as sequelas?

Mas, afinal, por que algumas pessoas têm alterações após um aneurisma e outras, não? O professor Feres Chaddad explica que essas diferenças acontecem de acordo com a região afetada.

O cérebro tem áreas não eloquentes e eloquentes, diz Chaddad. Essas últimas controlam as funções e, caso sejam as afetadas, podem acarretar déficits.

"Elas controlam movimento, sensibilidade, a capacidade de compreensão e expressão da fala, visão, funções neurovegetativas que mantêm a pessoa desperta, por exemplo", diz o neurocirurgião. "Ou seja, ao lesar uma parte não eloquente, a pessoa pode não apresentar nenhum tipo de manifestação clínica."

Entre as principais sequelas, estão:

  • Perda da força de um lado do corpo;
  • Perda de sensibilidade;
  • Alterações cognitivas;
  • Diminuição da consciência;
  • Dificuldades na fala e nos demais sentidos.

Jovens têm aneurisma?

A incidência de aneurisma é maior em pessoas a partir dos 60 anos, sobretudo nas mulheres. Porém, não é incomum acontecer antes dessa idade, inclusive em jovens como a atriz Emilia Clarke.

Alguns fatores aumentam o risco de desenvolvê-lo, como o histórico familiar, tabagismo e uso de drogas. Já o rompimento pode ser facilitado por atividades que aumentam a pressão, entre elas, atividades físicas (incluindo relações sexuais) e o estresse elevado, causado por brigas, por exemplo.

"Para grande parte das pessoas diagnosticadas, a doença é benigna, mas a hemorragia subaracnóidea [entre o cérebro e o tecido que o cobre] provocada pelo aneurisma é maligna", alerta Feres Chaddad.

O tratamento envolve o controle via avaliação dos vasos, que ocorre por exames de angiorressonância magnética, angiotomografia e angiografia cerebral, explica o médico. E, para algumas pessoas, pode existir indicação de cirurgia.