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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Fazer força para evacuar pode provocar AVC, mas é raro; entenda como

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para o VivaBem

11/03/2020 04h00

Fazer muita força para conseguir evacuar pode provocar um AVC, mas é raro e a pessoa precisaria ter alguns problemas prévios de saúde, como um aneurisma com grande possibilidade de se romper, um vaso sanguíneo fragilizado ou até mesmo um histórico de acidente vascular cerebral.

Somado a esses fatores de risco, o intestino teria que funcionar muito devagar, fosse por doenças, como diabetes e distúrbios na tireoide, que prejudicam músculos do sistema digestivo responsáveis pela movimentação do que ingerimos e excretamos ao final do processo, ou por uma alimentação pobre em líquidos, fibras, verduras, legumes e frutas, gerando fezes duras e ressecadas.

Ao combinar essas condições a um esforço muito grande para evacuar, comparado ao que se faz ao levantar ou carregar uma carga muito pesada, poderia então ocorrer um AVC hemorrágico, que é caracterizado por um sangramento em consequência do rompimento de alguma das estruturas presentes dentro do cérebro pelo aumento da pressão arterial e intracraniana e que aqui teria como gatilho a chegada brusca do sangue vindo do abdome contraído.

A pressão desse sangue também poderia deslocar algum coágulo com potencial de obstruir artérias e provocar outro tipo de AVC, o isquêmico, que representa cerca de 80% dos casos gerais de AVC, mas nesse específico, de evacuação por esforço, seria muito mais raro.

De volta ao AVC hemorrágico, por se tratar de uma situação de emergência comparada, em gravidade, com a de um infarto e com grande probabilidade de causar sequelas e levar a morte, o paciente precisaria ser levado às pressas para o hospital.

Pessoas saudáveis, que nunca sentiram nada de diferente na hora de evacuar, mesmo tendo prisão de ventre, não devem se preocupar. Ao contrário de quem tem os fatores de risco já mencionados, ou então é, ao mesmo tempo, obeso, hipertenso, sedentário e despreocupado em manter um controle rigoroso de glicemia e colesterol e evitar o consumo de gorduras, cigarros e bebidas alcoólicas.

Entre os sinais de alerta que podem indicar uma predisposição a ter um AVC hemorrágico estão sintomas que podem ocorrer de maneira súbita e mesmo durante o acidente, como dor de cabeça intensa associada com dificuldade para falar e raciocinar, fraqueza, alteração de sensibilidade, vômitos, perda visual e até mesmo da consciência e crises convulsivas.

Para quem está se recuperando de um AVC, ou tem um aneurisma controlado, é possível ter uma vida normal, desde que faça acompanhamento frequente com o neurologista, adote uma rotina de hábitos saudáveis e siga algumas recomendações, como evitar fazer treinos de academia muito intensos e levantar peso em excesso e, em casos de risco de ruptura, tratar o aneurisma antes de qualquer iniciativa para reverter a obstipação intestinal.

Fontes: Fabio Porto, neurologista comportamental do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Júlio Pereira, neurologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo, médica do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho, membro da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo) e da SBC (Sociedade Brasileira de Coloproctologia).