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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


'Minha testosterona pode cair antes dos 40?' Veja sinais do corpo e causas

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Adriano Ferreira

Colaboração para VivaBem

07/07/2022 04h00

Há, sim, probabilidade de queda da testosterona antes dos 40 anos em homens, porém não é algo comum. Em geral, acontece uma diminuição progressiva depois dos 80 anos. Em ambos os casos, as situações podem estar associadas a muitos fatores, como diabetes, traumas, distúrbios do sono, medicações, entre outros.

Um grande estudo (European Male Aging Study) demonstrou uma redução de 0,4% por ano após os 40 anos. Em condições normais de saúde, a diminuição ocorre na andropausa, entre 70 e 80 anos, correspondente à menopausa nas mulheres.

Caso você não saiba, a testosterona é um hormônio produzido pelo testículo que é importante em todas as etapas da vida, responsável pela diferenciação sexual, caracteres sexuais masculinos e manutenção deles, como barba, distribuição do pelo corporal, saúde muscular e óssea.

O que pode causar a queda da testosterona?

Obesidade, excesso de peso - iStock - iStock
A obesidade pode afetar a produção de testosterona
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De acordo com o professor Renan Montenegro Júnior, do programa de pós-graduação em ciências médicas da UFC (Universidade Federal do Ceará), atualmente, a obesidade e os respectivos distúrbios metabólicos, como o diabetes, fazem parte de importantes causas da deficiência de testosterona, ocorrendo por alterações na secreção dos hormônios na glândula hipófise e no hipotálamo, que leva a uma redução do estímulo à produção de testosterona.

Os distúrbios do sono, como a síndrome apneia-hipopneia, exercícios excessivos e desnutrição também acabam sendo razões para a queda.

As doenças na região do hipotálamo e da hipófise, que ficam no sistema nervoso central, podem ser as raízes dos níveis baixos. A hipófise é uma glândula no cérebro responsável pela secreção dos hormônios que estimulam os testículos na produção de testosterona e a espermatogênese (produção de esperma).

Existe uma conexão da hipófise com o hipotálamo também no sistema nervoso, e eles fazem outra conexão entre as demais áreas do cérebro e as respostas hormonais.

Dessa maneira, infecções, tumores, traumas, doenças inflamatórias, distúrbios hormonais, medicações, cirurgias, doenças genéticas, dentre outras, podem gerar perdas consideráveis.

Além disso, quem faz uso de "bombas" também está arriscando a saúde. "Infelizmente, para os usuários crônicos de anabolizantes com fins estéticos, o destino para muitos deles após a suspensão será a queda da testosterona", alerta Nara Nóbrega Crispim Carvalho, endocrinologista do HULW-UFPB (Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba).

Quais os sinais da queda no corpo e na saúde?

Disfunção erétil - SasinParaksa/iStock - SasinParaksa/iStock
Disfunção erétil pode ter a ver com a baixa produção de testosterona
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Os sinais mais claros são a redução de pelos corporais e dos genitais, diminuição de massa muscular, aumento de gordura, pele mais fina, menor incidência de barba e ginecomastia (aumento das mamas no homem).

Sintomas como redução da libido associada à disfunção erétil (falta de ereção), depressão, acúmulo de gordura na região abdominal e o desaparecimento da ereção matinal também são importantes indícios clínicos, embora não aconteçam apenas pela deficiência hormonal.

É importante ressaltar que a perda de massa muscular, indisposição e fraqueza, por exemplo, não indicam exatamente deficiência do hormônio porque existem inúmeras outras causas que devem ser consideradas e bem avaliadas por um profissional com dados laboratoriais complementares.

Existe algo a ser feito para prevenção?

Homem andando de bicicleta, exercício físico, atividade física - iStock - iStock
Fazer atividade física funciona como prevenção à baixa produção de testosterona
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Sim. Várias são as estratégias que se resumem em um estilo de vida saudável com boa alimentação, prevenção de obesidade, prevenção de transtornos psíquicos como ansiedade e depressão, prática regular de exercícios físicos, bons hábitos de sono com quantidade e qualidade adequadas, moderação na ingestão de álcool e não fumar.

Quem sofre de obesidade deve procurar ajuda especializada para perda de peso. Quando existe a sarcopenia (redução da massa muscular), é necessário um trabalho de reversão para o crescimento de massa magra.

A alimentação entra nos cuidados para controlar o diabetes e distúrbios dos lipídios (gorduras e colesterol). O ideal é fugir de vitaminas e suplementos desnecessários, como corticoides e outros esteroides, exceto quando bem indicados e prescritos por profissionais habilitados.

Na lista do que não fazer entram as automedicações desnecessárias que têm ação no sistema nervoso, principalmente se não houver certeza da segurança e dos benefícios.

Como é o diagnóstico e o tratamento da queda da testosterona?

A SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e outras sociedades internacionais, como a Endocrine Society, recomendam fazer o diagnóstico somente em homens com sintomas consistentes e repetidamente baixos.

De acordo com Maria Augusta Karas Zella, professora de endocrinologia e semiologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, alguns estudos demonstram que existe variabilidade, no mesmo indivíduo, na dosagem do hormônio de até 28% quando duas medições foram feitas em um mesmo paciente.

O uso do suplemento de testosterona só é recomendado se houver um diagnóstico médico - Thinkstock - Thinkstock
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Sendo que mais de 30% dos homens com testosterona baixa terão níveis normais quando testados novamente alguns meses depois. O que torna necessária a dosagem repetida para confirmar o diagnóstico.

Para melhor orientar o paciente e confirmar o nível do hormônio, o médico antes pode pedir exames com pacientes que têm histórico de anemia inexplicável, perda de densidade óssea, exposição à quimioterapia, uso crônico de narcóticos, infertilidade masculina, entre outros, em sinais associados à deficiência do hormônio.

Caso seja necessário, depois de uma análise laboratorial (2 dosagens repetidas), e não haver outras causas para o problema, pode ser prescrita uma terapia com testosterona, disponível em formulações injetáveis e transdérmicas (gel ou adesivo), por exemplo.

Fontes: Renan Montenegro Júnior, professor do Departamento de Saúde Comunitária e do programa de pós-graduação em ciências médicas da Faculdade de Medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará); Maria Augusta Karas Zella, endocrinologista, professora de endocrinologia e semiologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná e presidente da SBEM-PR (Sociedade Brasileira de Endocrinologia - seção Paraná); e Nara Nóbrega Crispim Carvalho, endocrinologista do HULW-UFPB (Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba), vinculado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).