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Disfunção erétil aos 40? É bom ficar de olho no coração

Problema sexual é um alerta para homens ficarem atentos a doenças cardiovasculares  - SasinParaksa/iStock
Problema sexual é um alerta para homens ficarem atentos a doenças cardiovasculares Imagem: SasinParaksa/iStock

Nicola Ferreira

Da Agência Einstein

18/06/2020 10h35

Problema que afeta 50% dos homens brasileiros acima dos 40 anos, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a disfunção erétil pode ser um primeiro sinal para um maior risco de doenças cardiovasculares e até de morte, independentemente dos níveis de testosterona, o hormônio masculino. É o que revela um estudo da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica.

Os pesquisadores recorreram a informações do Estudo Europeu de Envelhecimento Masculino, cujo objetivo foi investigar, entre outras coisas, as mudanças hormonais relacionadas à idade. Eles analisaram os dados de 1913 participantes de cinco centros médicos. Foi verificado a relação entre os níveis de hormônio e função sexual no começo da pesquisa, além de checar se os voluntários ainda estavam vivos 12 anos depois.

Nesse período, 483 homens, ou 25% do total, faleceram. Naqueles com taxas normais de testosterona, a presença de sintomas sexuais, sobretudo a disfunção erétil, aumentou o risco de morte em 51% comparado a quem não apresentava esse quadro. Já nos marmanjos com níveis baixos de testosterona e a sintomatologia, a probabilidade de óbito foi mais alta em relação aos que não tinham indícios de problema.

Os resultados ainda mostraram que homens impotentes, com frequência pobre de ereções matinais e baixa libido também tiveram um risco 1,8 vezes maior de falecer no comparativo com os que não apresentavam essas ocorrências. No grupo só com disfunção erétil, essa possibilidade foi 1,4 vezes mais alta.

Níveis de testosterona livre, aquela que é mais facilmente usada pelo corpo, estavam mais diminuídos nos participantes que morreram. Não à toa, os que tinham as taxas mais reduzidas do hormônio na sua forma livre apresentaram maior risco de morte. Segundo o líder do trabalho, Leen Antonio, como tanto a doença vascular quanto os níveis baixos de testosterona podem influenciar a disfunção erétil, os sintomas sexuais podem ser um sinal de risco para problemas como infarto e AVC e, consequentemente, de óbito. "Homens com disfunção erétil devem acender uma luz amarela de alerta sobre doenças cardiovasculares", diz o urologista Sidney Glina, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein. "Ela costuma aparecer de 4 a 5 anos antes de males do coração."

O que é disfunção erétil

É a incapacidade de o homem conseguir obter e manter uma ereção peniana que seja suficiente para uma atividade sexual satisfatória. O problema, que afeta homens principalmente após os 40 anos, ocorre devido ao desequilíbrio da contração e do relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso - par de estruturas do tecido erétil, o que se ergue durante a ereção. Elas se assemelham com esponjas e reservam a maior parte do sangue que vai para o pênis quando ele está duro.

Apesar da maior incidência nos mais velhos, ela não está restrita a eles. "Dois por cento dos homens com o problema são considerados jovens", afirma Glina. As causas podem ser resumidas em cinco: baixíssimo nível de testosterona, circulação comprometida nas artérias (daí o sangue não chega ao pênis), problema na transmissão de sinais neurológicos para o órgão masculino, remédios para pressão alta e, principalmente, ansiedade. Elas estão ligadas a alguns fatores de risco como distúrbios psicológicos e tabagismo - fumar afeta o sistema vascular e a musculatura das paredes das veias e artérias, atrapalhando o fluxo do sangue.

"Os principais tratamentos variam de acordo com a causa. Se for psicológica, é necessário ir ao terapeuta ou tomar remédios que estimulem a ereção. Já em casos hormonais, o recomendado é uma ingestão regular de testosterona", explica o urologista do Einstein. Há outros métodos mais incisivos, como injeções intracavernosas de uma substância que estimula a circulação sanguínea e, como última opção, existe a prótese peniana - uma haste metálica envolta em silicone é implantada cirurgicamente nos corpos cavernosos para simular uma ereção.

O diagnóstico da disfunção erétil ainda é carregado de muito preconceito, já que ela acomete a performance sexual masculina, algo impensável para muitos. Sem falar que pode afetar psicologicamente o homem e atrapalhar o relacionamento. Contudo, além de ser tratável, é uma alerta para cuidar da saúde como um todo.