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Minha filha foi diagnosticada com borderline; como posso ajudá-la?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

30/11/2021 04h00

Resumo da notícia

  • De início, ajude a pessoa a manter o tratamento psiquiátrico e psicológico
  • Mantenha sempre um contato com o médico para receber orientações sobre como agir em momentos de crise
  • Mas é importante deixar que a pessoa também tenha autonomia nas decisões que envolvem a vida dela

Minha filha de 16 anos foi diagnosticada com transtorno de personalidade borderline e está em tratamento. Como posso ajudá-la?

Para começar, ajude sua filha a manter o tratamento psiquiátrico e psicológico. Apoie-a sempre a continuar em contato com os profissionais da saúde e incentive-a a seguir a terapia de forma correta. Mantenha um contato próximo com o médico para receber orientações sobre como proceder em momentos de crise. Além disso, outro ponto bastante importante é deixar que sua filha tenha autonomia nas decisões que envolvem a vida dela.

Claro que é preciso ficar atenta para não ser manipulada em eventuais situações de barganha, como, por exemplo, uma promessa de que tudo mudará caso você faça o que a paciente está pedindo. Esteja sempre alerta e evite que ela tenha acesso a materiais cortantes, o que pode pôr em risco a vida dela —transtornos de personalidade, muitas vezes, podem desencadear impulsos suicidas ou comportamento automutilante.

O transtorno de personalidade borderline é um quadro que se inicia entre o final da adolescência e o início da idade adulta e a pessoa apresenta algumas características. Entre elas estão:

  • Esforços desesperados para evitar um abandono real ou imaginado;
  • Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização do companheiro;
  • Instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo;
  • Impulsividade em, pelo menos, duas áreas potencialmente autodestrutivas, como gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar, entre outros;
  • Gestos, ameaças suicidas ou de comportamento automutilante;
  • Irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas. Em situações mais raras, estes sintomas permanecem por mais de um dia;
  • Sentimentos crônicos de vazio;
  • Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la.

É importante saber, também, que a forma como a pessoa com borderline encara a vida é uma característica dela. Por isso, não existe cura para os transtornos de personalidade, mas sim a redução de alguns sintomas ao longo do tempo. E a necessidade de seguir constantemente com o tratamento, que envolve o uso de medicamentos e psicoterapia.

Portanto, a família é um laço fundamental para o tratamento de qualquer transtorno mental. É importante que parentes e amigos apoiem a paciente, mas sem esquecer que ela também tem que desenvolver habilidades para poder lidar com as instabilidades afetivas e, assim, agir de forma que não gere mais desconforto e sofrimento a ela e a quem está ao seu redor.

Fontes: Fernanda Sassi, médica coordenadora do ambulatório integrado dos transtornos de personalidade e do impulso do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e supervisora do programa PES (Pensamento, Emoção e Sentimento) no IPq-HCFMUSP, voltado para a alfabetização emocional de pacientes borderline; José Brasileiro Dourado Junior, médico psiquiatra forense e médico assistente do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Raquel Heep, médica psiquiatra, mestre em ensino das ciências da saúde e professora de saúde mental do curso de Medicina da UP (Universidade Positivo), em Curitiba.

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