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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Tenho transtorno de borderline. Além da terapia, existem mais tratamentos?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

17/03/2020 04h00

Sim. O uso de medicamentos que ajudam a controlar alguns sintomas, como impulsividade, oscilações de humor, insônia e irritabilidade tem eficácia comprovada. Tratar condições associadas ao problema também ajuda a melhorar as manifestações da doença, como por exemplo os quadros ansiosos, a depressão, o uso abusivo de drogas e álcool, e os transtornos alimentares. A terapia de grupo é outro tratamento bastante indicado, pois tem demonstrado melhora dos sintomas e da socialização dos pacientes.

O transtorno de personalidade borderline demanda diferentes cuidados, conforme cada crise, ou perfil do paciente. Em alguns momentos, essas pessoas podem precisar de medicamentos estabilizadores de humor, em outros, de antidepressivos, ansiolíticos ou até antipsicóticos. De acordo com os especialistas, essa doença não tem cura, mas com diagnóstico e tratamento corretos, boa adesão do paciente e colaboração da família, o transtorno pode ser controlado.

E a ajuda de amigos e parentes é muito importante, pois essa condição causa desgaste das relações, o que pode levar ao que o paciente mais teme: o abandono. Por isso, é de extrema importância que os familiares e amigos se informem sobre o transtorno e recebam orientação de como proceder em momentos de crise.

Transtorno de personalidade

As pessoas que apresentam essa doença já possuem uma predisposição genética para o seu desenvolvimento. Os sinais do borderline são bem típicos, como comportamentos impulsivos (compras excessivas, uso de drogas, direção perigosa, jogo, comer sem controle etc), descontrole emocional, baixa tolerância a frustração, medo do abandono e relações intensas e instáveis, e sensação crônica de vazio. Elas também podem apresentar reações exageradas de raiva e uma dificuldade de definir a sua identidade, ou seja, o indivíduo muda muitas vezes de gostos, crenças, ideais, sempre influenciado por querer pertencer a um grupo, mudando rapidamente de ideia.

E a dificuldade que os indivíduos com borderline têm de estarem sozinhos faz com que eles tomem qualquer atitude para evitar quadros que supõem serem de abandono. Por conta disso, eles se sentem muito dependentes dos relacionamentos, até mesmo daqueles abusivos. Na contramão, de um dia para o outro, essas pessoas também podem sentir um ódio intenso a ponto de não quererem mais ter qualquer tipo de contato com o parceiro.

Então, é importante seguir cuidadosamente a orientação médica e acompanhamento psicoterápico. Além disso, não acreditar que o momento de bem-estar e equilíbrio seja o período em que se possa parar o tratamento. Pelo contrário, esse é um momento de atenção e cuidado para a manutenção dessas boas sensações.

Fontes: Fernanda Martins Sassi, médica coordenadora do ambulatório integrado dos transtornos de personalidade e do impulso do IPQ HC FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e supervisora do programa PES (Pensamento, Emoção e Sentimento), voltado para a alfabetização emocional de pacientes borderline; Gilmar Tadeu de Azevedo Fidelis, professor de psicologia clínica da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); e Liliana Seger, doutora em psicologia e psicóloga do IPq HC FMUSP.

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