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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


É possível pegar infecção urinária pela privada, como disse o peão Rico?

Reprodução/PlayPlus
Imagem: Reprodução/PlayPlus

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo*

23/11/2021 18h55

Durante uma conversa com os colegas de confinamento de "A Fazenda 13", Rico Melquiades disse que está com infecção urinária. O peão chegou a alertá-los sobre o errôneo perigo de transmissão. "A Sthefane falou que infecção urinária pega também por transmissão. Eu sempre levanto a tampa do vaso para fazer xixi, mas para se prevenir é bom vocês passarem álcool em gel sempre".

A peoa Solange Gomes, por sua vez, disse que a transmissão pode ocorrer se a urina do vaso sanitário pingar na água e depois na região genital. Contudo, tanto ela quanto Rico estão errados.

"A infecção urinária não é transmitida porque pinga no vaso, você pega de você mesmo", explica Alex Meller, professor de urologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

O especialista diz que a infecção também não é uma questão de higiene. "Ela é associada a tomar pouco líquido, segurar muito a urina e ficar com a imunidade muito baixa", relata o urologista. Ter relação anal também aumenta os riscos.

Outro ponto levantado entre os peões foi que quando a urina espuma pode ser um sinal de infecção. Meller rebate. "Quando a urina espuma pode ser sinal que você ingeriu excesso de proteína, como após um churrasco, ou que o seu rim realmente está com algum problema de funcionamento, mas normalmente isso tem muito mais a ver com a composição urinária", esclarece o professor.

O que é infecção urinária?

A infecção do trato urinário (ITU), mais conhecida como "infecção urinária", é um dos tipos de infecção bacteriana mais comuns no ser humano. Quase sempre, é causada por micro-organismos que ficam nas fezes sem provocar doença, mas que, por alguma razão, entram no canal urinário, ou seja, onde não podiam entrar.

Quando limitado ao trato urinário baixo, ou seja, a bexiga, a condição recebe o nome de cistite. Mas se a infecção "subir" para o trato urinário alto, passando pelo ureter até os rins, a condição passa a ser chamada de pielonefrite e pode ser muito perigosa, pois há risco de as bactérias caírem na circulação sanguínea, causando febre e até uma infecção generalizada.

Quais são os sintomas

  • Ardor ou dor ao fazer xixi;
  • Pressão ou dor no baixo ventre (abaixo da barriga);
  • Vontade de fazer xixi o tempo todo, mas ao ir ao banheiro quase não há o que urinar;
  • Xixi escuro, com sangue ou odor diferente;
  • Cansaço ou mal-estar.

Atenção: febre, dor nas costas, náusea, vômitos, perda de apetite e calafrios podem indicar que a infecção alcançou os rins. Nesses casos é preciso procurar o serviço médico com urgência.

A infecção urinária é tratada com antibióticos e analgésicos para aliviar a dor nas vias urinárias. O paciente deve descansar e ingerir bastante líquido.

Outras causas menos frequentes de infecção, como vírus ou fungos, podem exigir terapias específicas. É recomendável que, terminado o tratamento, o fim da infecção seja confirmado por um novo exame. Nos casos em que a infecção se repete, é fundamental que o urologista seja consultado para investigar as causas por trás do problema.

Mulheres são mais vulneráveis

Ricardo Ferro, médico urologista do Hospital Brasília, explica que as mulheres são bem mais vulneráveis ao problema por uma questão anatômica: a uretra delas é mais curta, reta e sua entrada fica mais próxima à vagina e ao ânus, o que pode vir a contaminar a região por consequência.

"As mulheres têm entre 10 a 20 vezes mais infecções urinárias do que os homens", diz. "E durante a vida, aproximadamente, 20% das mulheres adultas apresentarão algum episódio de cistite", completa Ferro.

É importante ressaltar que infecções urinárias não são DST (doenças sexualmente transmissíveis), já que, na maioria das vezes, as bactérias que causam a cistite são da própria pessoa.

Mas muitas DST —que atualmente são chamadas de IST (infecções sexualmente transmissíveis) — podem causar sintomas urinários e, além disso, aumentar a predisposição à infecção.

Como prevenir infecções urinárias

  • Tome água com frequência. A quantidade ideal varia para cada pessoa, por isso uma dica simples é observar se a urina está sempre clara. Se estiver concentrada, é sinal de que é preciso tomar mais líquido;
  • Não espere a vontade apertar. A bexiga deve ser esvaziada no mínimo a cada quatro horas; para quem é muito ocupado ou esquece de ir ao banheiro, o alarme do celular pode ser útil;
  • Relaxe na hora de fazer xixi. Se houver a sensação de que sobrou urina na bexiga, faça uma forcinha;
  • Faça xixi logo após as relações sexuais. O jato de urina ajuda a "lavar" as vias urinárias;
  • Evite passar muito tempo com roupas íntimas molhadas e prefira peças feitas com tecidos que absorvem o suor, como algodão;
  • Use camisinha e faça exames de rotina para afastar o risco de DST. E depois do sexo anal, troque o preservativo caso volte à penetração vaginal;
  • Troque fraldas e absorventes com frequência. Isso evita a exposição da uretra a bactérias.;
  • Ensine as meninas a fazer a higiene íntima sempre de frente para trás;
  • Cremes vaginais com estrogênio podem evitar o risco de infecções urinárias nas mulheres durante a menopausa;
  • Considere o tratamento da próstata, caso essa seja a causa de infecções recorrentes.
*Também com informações da reportagem publicada em 26/02/2019.