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Com a hipnose é possível bloquear algum evento ruim da minha memória?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

05/05/2020 04h00

Não. A chamada hipnoterapia, ou seja, o uso da hipnose dentro da psicoterapia, pode sim impedir que memórias negativas sejam lembradas, mas por um curto período. Isso porque as lembranças irão ressurgir mais cedo ou mais tarde. Não há como usar hipnoterapia para bloquear memórias de eventos traumáticos.

Por outro lado, a técnica pode ser usada como terapia complementar, ou seja, vem acompanhada de outros tratamentos. Geralmente, é indicada para doenças psiquiátricas, psicológicas e neurofisiológicas, como alívio da dor, procedimentos médicos, distúrbios alimentares, insônia, ansiedade, medos, fobias, entre outros.

Mas é importante ressaltar que nem todas as pessoas irão se beneficiar da mesma forma com a hipnoterapia. Por isso, é preciso, em primeiro lugar, procurar um profissional da saúde especialista no assunto. Ele será o responsável por fazer uma avaliação clínica minuciosa para entender se, de fato, a técnica é a mais indicada para aquele indivíduo. Isso porque, pessoas com problemas psiquiátricos como esquizofrenia, distúrbios neurológicos graves e de perda da realidade, assim como aqueles com doenças neurológicas graves ou problemas para ouvir ou entender as sugestões, por exemplo, apresentam pouco ou nenhum resultado diante da hipnoterapia.

Como funciona a hipnose

A técnica utilizada na psicoterapia trabalha a alteração do estado de consciência do paciente. E para que isso de fato aconteça é necessário não só concentração de quem buscou o tratamento, mas também do profissional, que precisa estar atento às ações do paciente e sem nenhum tipo de estímulo externo que possa tirar a atenção de ambos.

O tratamento hipnótico, geralmente, começa com uma indução. Ou seja, serão fornecidas sugestões para que a pessoa se concentre em um único estímulo (por exemplo, um ponto na parede), e assim, o corpo vai relaxando de tal forma que permite ao paciente se sentir confortável em responder às próximas induções do profissional. Normalmente, as sugestões passam a abordar o problema central do indivíduo, na tentativa de haver mudanças no organismo como um todo que, claro, contribuam principalmente com a melhora desse distúrbio.

Fontes: Miriam Gorender, diretora secretária adjunta da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), Gerardo Beltran Serrano, neurocientista e professor titular da Universidade Católica de Cuenca, no Equador; e Wolnei Caumo, professor titular do departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e coordenador do laboratório de dor e neuromodulação do HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre).

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