Jovem come centenas de fios de cabelo; entenda o que é tricofagia
Uma jovem de 16 anos passou por uma cirurgia de emergência para retirar centenas de fios de cabelo do estômago. O caso aconteceu na Irlanda e foi publicado no periódico BMJ.
A adolescente teria chegado ao hospital se queixando de dores abdominais. Depois de alguns exames, os médicos constataram que havia um "bolo" de cabelo em seu sistema digestivo. Os médicos descobriram que a jovem arrancava e comia os próprios cabelos.
Conhecida como tricofagia popularmente de "Síndrome de Rapunzel", o transtorno está relacionado à tricotilomania, outro distúrbio que faz com que o indivíduo arranque pelos do corpo.
O problema é muito comum em crianças e adolescentes. "A idade média de início costuma ser aos 12 anos, mas já atendi uma criança de três anos e meio", diz Edson Luiz de Toledo, coordenador do Programa para Tricotilomania do PRO-AMITI (Programa do Ambulatório dos Transtornos do Impulso) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.*
Além disso, as mulheres são as que mais sofrem do transtorno: ele afeta 10 mulheres para cada homem com o problema.
Transtorno é grave
O especialista alerta que comer cabelo é algo grave. Como o problema ocorre na puberdade, muitas vezes os jovens não expõem o problema aos pais e responsáveis. Por isso é muito importante se atentar aos sintomas e, caso perceba algo diferente, o encaminhe para um especialista.
Normalmente os sintomas mais comuns são cólica, dor abdominal, constipação e chega até a ter lesão por esforço repetitivo.
"Comer cabelo é algo bem grave. Se existe essa suspeita, é preciso diagnosticar e encaminhar para um gastroenetrologista especialista em endoscopia para verificar se tem o bolo de cabelo no estômago e, se necessário, realizar cirurgia", explica Toledo.
No caso da adolescente, a cirurgia foi bem sucedida e ela passará por tratamento com psicólogos.
Psicoterpia é um dos tratamentos
Em crianças e adolescentes o tratamento se resume à psicoterapia. Em adultos, psicofármacos também podem ser prescritos.
O tempo para o tratamento fazer algum efeito é muito particular, mas Toledo diz que no PRO-AMITI, por exemplo, após 22 sessões, com uma por semana, a remissão dos sintomas passa de 70% dos casos. "É uma taxa bem alta, mas não falamos em cura. Assim como todos os transtornos mentais, como depressão e ansiedade, a tricofagia pode voltar".
*Fonte consultada em matéria do 22/08/2019.
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